Cap 41 | O Baile no Palácio

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Jill permaneceu calada por alguns instantes. Estava confusa. Ela nunca tinha feito nada que ofendesse a Edmundo, para ele estar tratando-a com tamanha sequidão. Não que ela lembrasse. Desde a primeira noite que o grupo passou no Grande Deserto de Fogo e Gelo, no outro dia Edmundo já estava diferente com ela. O que será que deu nele?

- Eu vim tomar água, Edmundo. - ela respondeu, sem jeito.

Ele deu de ombros e já ia se retirar.

- Espere. - ela o chamou e ele parou, de costas.

- Sim? - ele perguntou.

- Soube por Lúcia que seu aniversário será no dia do baile. - ela disse, tentando puxar assunto.

- O meu e o de Pedro. Fazemos aniversário na mesma data. - ele ainda permanecia de costas.

- Eu sei. - a voz dela estava baixa - Quantos anos cada um irá completar?

- Pedro completará vinte e dois anos, e eu dezenove. - só então ele virou-se para encará-la, seus olhos a analisaram da cabeça aos pés.

Ela possuia um rosto tão angelical, isso o irritava. A boca pequena e rosada, lábios que nunca haviam sido beijados, ele sabia disso, exalavam inexperiência e timidez. Ele odiava mulheres tímidas. Sempre preferiu as mais velhas, maduras, experientes e que sabiam o que fazer na hora certa. Saber que Jill gostava dele era uma piada para ele, que a olhava e via uma criança, uma menininha de quinze anos de idade, que não sabia nada dos desejos carnais. Ele sabia que nunca sentiria nada por ela, nem uma gota de atração. Ela andava sempre com o corpo coberto em demasia, não com roupas de velha, com roupas de moça mesmo. Roupas de moça virgem, donzela. Ela não tinha nada que o atraísse, nunca havia visto sequer os ombros ou os joelhos dela. Ela sempre andava coberta, suas roupas eram bonitas, claro que eram, mas guardavam demais o seu corpo, para que nenhum olhar atrevido o visse.

- Ah sim. - ela falou, e Edmundo pareceu ser tirado de seus pensamentos - Daqui um mês é o aniversário de Lúcia, não é mesmo?

- É sim. Lúcia fará dezoito anos.

- Vocês são todos na escadinha. - ela sorriu.

Ele permaneceu sério, olhando para ela. Pensou se o corpo dela era bonito, sentiu curiosidade. Mas balançou a cabeça, para espantar os pensamentos impróprios.

- Você viu Margarida por aí? - ele perguntou, mudando de assunto.

O sorriso de Jill morreu. Ela baixou os olhos e olhou para o lado. Ela percebeu o interesse de Margarida em Edmundo, e notou o sorriso que ele lhe dera na sala do trono.

- Não. - respondeu, com um nó na garganta.

- Tudo bem. Com licença.

Ele virou as costas e saiu. Ela o olhou até que ele virasse no corredor de armários e sumisse de vista. Encostou-se em uma parede e tentou conter as lágrimas e a dor que sentia no peito. Tomou um pouco de água, para acalmar-se, e saiu da cozinha. Em uma das salas topou com Camélia.

- Olá, fadinha. - falou Camélia, um tanto que irônica.

- Lady Camélia. - Jill a cumprimentou.

- E então? Já usou seus poderes alguma vez aqui? - Camélia tinha zombaria na voz.

Jill não deixou isso passar despercebido. Ela já tinha notado que as gêmeas não foram com a cara dela, e ela muito menos com a delas.

- Eu havia encantado uma cascavel, e estava brincando com ela. Porém, ela sumiu. Perdeu-se pelo palácio. Você a viu por aí? Ela mede, acredito que um metro e setenta e é muito venenosa. - Jill falou, percebendo o pânico nos olhos de Camélia.

Livro 1 As Crônicas De Nárnia - Aslam Os UniuOnde histórias criam vida. Descubra agora