O que é feminismo?
Feminismo é um movimento social e político que tem como objetivo conquistar o acesso a direitos iguais entre homens e mulheres e que existe desde o século XIX.Feminismo não é o contrário de machismo?
Não. Enquanto o feminismo busca construir condições de igualdade entre os gêneros, o machismo é o comportamento que coloca o homem em posição de superioridade com relação à mulher.E por que, em vez de feminismo ou machismo, não falamos de humanismo?
Porque humanismo é um sistema filosófico de pensamento, não um movimento social ou político. O humanismo se refere à valorização do pensamento e da produção humana, em oposição à ideia de um ser sobrenatural que comanda o mundo.Mas se as mulheres já podem votar, já podem ir para o mercado de trabalho, os direitos já não são iguais? O que mais as feministas querem?
As feministas querem por exemplo o fim da violência de gênero – no Brasil, a cada 12 segundos uma mulher é violentada, de acordo com uma pesquisa da Secretaria de Políticas para Mulheres do Governo Federal, a cada 10 minutos, uma mulher é estuprada, de acordo com o Mapa da Violência, e a cada 90 minutos uma mulher é assassinada, de acordo com o IPEA. Todas essas violências estão relacionadas à questão de gênero – são casos que durante muito tempo foram chamados de "passionais", são casos que acontecem dentro de casa, no seio familiar, e que se diferem da violência que atingem os homens, que morrem por diversos motivos, mas nunca por serem homens.Feministas são contra a família, o casamento, e se recusam a ter filhos?
Isto não é verdade. É apenas um mito criado em torno da luta dessas mulheres. Feministas são a favor da escolha da mulher, isto é – que a mulher case apenas quando e se quiser casar, que tenha filhos apenas quando e se quiser tê-los e que seja livre para fazer essas escolhas, não sendo julgada se não quiser fazê-las.Feministas são a favor do aborto?
Como dito acima, feministas são a favor da escolha da mulher. Elas não querem que o Estado crie leis para determinar como elas devem agir com relação ao próprio corpo. Isso quer dizer que elas rejeitam a ideia de que o Estado deva proibir o aborto por lei, mas permitir que, em caso de gravidez indesejada, a mulher possa escolher livremente se deseja ou não interromper a gravidez, oferecendo a ela a assistência de saúde necessária para que possa fazer isto em segurança, sem comprometer a própria saúde.Mas e se todo mundo começar a fazer aborto? Onde vamos parar?
Bom, feministas não querem que todo mundo comece a fazer aborto. Elas querem que ele seja regulamentado e tratado como uma questão de saúde, não criminal, para que mulheres que se sentem em situação de vulnerabilidade e desejam recorrer ao aborto recebam atendimento psicológico, médico, remédios e acompanhamento de saúde. Países como EUA e França preveem a possibilidade de interrupção da gravidez, e, no Uruguai, depois da legalização, o número de abortos caiu, talvez exatamente porque ao receber apoio, a mulher se sente encorajada a levar a gravidez até o fim, porque sabe que há uma rede de assistência com a qual poderá contar. Depois da legalização, o Uruguai também não registrou mais casos de morte de mulheres durante o aborto – porque essas mulheres deixaram de recorrer a clínicas clandestinas e passaram a contar com atendimento médico. Enquanto isso, a cada dois dias uma brasileira, em geral das classes mais baixas, morre vítima de um aborto mal realizado.