Romântico Anônimo · myg + kth

Capítulo Único.

YoonGi levantou com seu típico mau humor matinal já imaginando o quão chato seria ver todas aquelas pessoas na escola. Ele as detestava. Detestava o jeito falso e manipulado do jeito que a sociedade criou, todos marionetes, sem uma verdadeira identidade. Sem personalidade. E ele odiava pessoas assim, vazias. Ele odeia o que não tem sentido, o que não é bonito de ser ver como a arte. O garoto sempre amou a arte, principalmente a arte que ele encontrava em suas partituras de música. Aquilo sim era o que ele apreciava, algo que realmente amava, algo que valia a pena amar.

E foi com a sua carranca diária que ele ia para a escola, com seus fones de ouvidos no último volume sem se importar com qualquer um além de sí mesmo e das melodias em seus ouvidos. Ele prefere desse jeito, sem poder ouvir o que os outros falam, que sempre é sobre a vida de uma outra pessoa que não tem nada a ver com a sua própria. Hipócritas.

Ele esperava o professor adentrar a sala de aula para enfim retirar seus fones e prestar a devida atenção na matéria que seria lecionada. Mas ao invés de ver o professor entrar pela porta, ele viu um garoto que chegou com os cabelos cortados perfeitamente em um tom loiro, e um sorriso estranhamente - e lindamente -, em uma forma retangular. Ele era belo. Belo como a música mais bonita que ele já ouviu, ele podia ver notas musicais saindo da áurea do garoto, ele podia sentir sua personalidade forte só naquele sorriso que não era forçado para mostrar algo que não é. Ele viu a sinceridade e ingênuidade naquele ser, um maravilhoso espetáculo ao vivo.

E quando sua voz foi ouvida no momento que ele se apresentou para a turma, YoonGi sentiu algo diferente. Algo muito estranho em seu íntimo, e talvez, ele soubesse, mas não quisesse admitir. Até porquê seria difícil para qualquer um em seu lugar acreditar em algo como aquilo.

E assim se passou todo o misto de confusão que YoonGi travava em sua própria cabeça, quando notou que o motivo de suas confusões, se sentara bem ali. Do seu lado. E tudo que o mais velho conseguiu fazer foi retribuir o sorriso que o loiro o mostrou, de uma forma tão verdadeira quanto a do outro. Os dois primeiros sorrisos de algo que poderia ser maior do que eles jamais puderam imaginar.

Quando o sinal que alertava o início do intervalo soou e todos saíram apressados da sala quase se esmagando e atropelando os que estavam em sua frente afim de irem conversar qualquer coisa sem importância, os dois garotos arrumavam seus materiais calmamente aonde o maior iniciou um assunto qualquer sobre os alunos parecerem um bando de animais selvagens e o menor riu alto. O loiro gostou do som da risada do mais baixo, ele achou o mesmo adorável.

E os dois seguiram em direção ao refeitório onde sentaram em uma mesa mais afastada das outras e o maior percebeu ter esquecido seu lanche em casa. O mais velho ao perceber isso ofereceu seu segundo sanduíche para TaeHyung, um sanduíche amassado no qual ele levava e nunca comia. E agora ele via com alegria que o loiro apreciou a ação dele, o direcionando mais um dos sorrisos que faziam YoonGi ver notas musicais e se sentir leve. Como uma sinfônia, uma linda sinfônia.

Semanas se passaram e a amizade deles surgiu de uma forma tão natural, como se eles tivessem convivido toda a vida juntos. Algo realmente admirável, adorável. O laço que eles construíram já era tão forte que tinham seus segredos sendo contados um ao outro dois meses depois, e foi um desses segredos que fez a sintonia de notas musicais de TaeHyung ficarem mais fracas para YoonGi, quando o loiro confessou ter uma pequena paixão por um colega da escola de uma outra sala que a deles. Naquele dia tudo parecia sem cor para o pequeno YoonGi, até as notas que ele apreciava já não tinham mais tanto sentido como antes. Afinal, ele era o rapaz que TaeHyung nem dava bola. Mas ele não desistiria assim,sabia que uma composição digna de sentimentos não nascia de uma forma tão simples, tão rápida. E para o garoto que sempre foi intenso, isso foi apenas um estimulo para que aquela sensação em seu peito voltasse, cada vez mais forte. Mais bonito.

Começou com uma simples ação, um "eu te amo" escrito na parede em que a carteira de seu amigo era encostada com um pequeno "R.A." como assinatura. Talvez o loiro não notasse, talvez achasse que não era para ele e sim para outra pessoa, mas ele viu. E mesmo sem ter certeza se aquilo era para ele, ele sorriu. Admirou aquela atitude, ele se encanta com pequenos gestos que demonstram os sentimentos. E foi com um sorriso no rosto de TaeHyung que o dia se iniciou o que levou YoonGi a sorrir também pelo outro estar sorrindo e saber que ele, mesmo que indiretamente, era a causa de seu sorriso.

No fim da aula quando os dois já seguiam para as suas devidas casas em um diálogo sobre bandas uma tempestade começou, inesperadamente. E o Min sempre tinha consigo um guarda-chuvas em sua mochila e cobriu os dois protegendo o maior da chuva e se oferecendo a levar o outro até a porta de sua casa para que ele não ficasse resfriado.

E, então, veio uma das tempestades mais severas, aquelas em que os sentimentos estavam bagunçados. Um caos. O loiro que antes era sorridente e alegre com todos, agora se sentia como em um dia chuvoso. Frio. Cinza. Ele não queria se sentir assim, mas foi inevitável quando o seu namorado, antiga paixão que era de outra sala, o traiu, e o relacionamento, que até então, ele pensava ser perfeito, acabou. YoonGi não gostava de ver o garoto triste, ele odiava isso. TaeHyung era o seu sol e ele iria fazer o mais novo voltar a brilhar.

E foi ai que as flores começaram a surgir no portão do loiro com um cartão assinado "Romântico Anônimo", um clichê. Um lindo clichê. E foi este clichê que fez o nosso raio de sol voltar a sorrir como antes a cada vez que ele via mais flores em seu portão e outros "eu te amo" com aquela sigla que já era associada ao seu romântico anônimo em paredes estratégicas que ele sempre via e estava.

YoonGi se sentia feliz, mas intrigado. Muito intrigado, ele observava o garoto sorrir, mas ficar curioso em relação a quem seria a tal pessoa. Muito curioso. Por muito tempo ele esperou a frase certa para o dizer quem era, mas quando finalmente conseguiu foi algo realmente esplêndido.

O loiro estava entretido assistindo um de seus doramas quando ouviu sua campainha tocar e ele saiu correndo para ver se era as flores do seu adorado anônimo e se surpreendeu ao ver o mais velho em frente a sua porta. E ele quase se sentira desanimado, quase, se a sensação de surpresa e alegria extrema não o tivesse invadido de uma forma tão avassaladora ao notar que o menor segurava um buquê com as flores que seu anônimo sempre o mandava e com um cartão nas mãos. E ele acharia até que é muita coincidência se ele não tivesse certeza que seu amigo não sabia de nada porque o mais alto nunca contou, nunca. E ainda receoso ele se aproximou de seu amigo, em passos lentos que contrastavam com as batidas aceleradas de seu coração. E antes que TaeHyung pudesse se pronunciar o mais velho foi mais rápido e finalmente dizendo o que aquela sensação que ele sentia significava:

-Eu te amo.

E foi inevitável quando o mais alto sentiu as lágrimas molharem seu rosto ao perceber que este tempo todo, o garoto que o amava no anonimato, era o mesmo garoto que o fazia sorrir e ficar feliz em todos os momentos. E como em um piscar de olhos ele soube que o sentimento era recíproco, sem forçar, sem que tivesse pena ou a dor da rejeição. O sentimento estava ali, quase que palpável e ele não exitou em se jogar nos braços do garoto de cabelos acinzentados que o tomou em um beijo e começou uma das mais lindas histórias.

Mas então, Taehyung. Lembra daquele garoto? Que sentou do seu lado? Te ofereceu no recreio, um sanduíche amassado. Lembra daquele rapaz, que você nem dava bola. Que escrevia eu te amo, nas paredes da escola. Aquele cara que te deu um guarda-chuva, quando a tempestade te pegou na rua. Aquelas flores que deixavam no portão e sempre vinha assinado em um cartão: romântico anônimo.
Ouviu você falar de outros amores, ele viu seu mundo então perder as cores. Quantas vezes ele esperou a frase certa, para te mostrar quem era. E agora, agora no casamento de vocês, eu os desejo toda a felicidade porque ele é, e sempre será, o seu romântico anônimo.