O general Adamas havia acabado de chegar na sala de operações da torre de comando. Subira correndo, mas não estava ofegante. Apesar da idade um pouco avançada seu porte físico superava com facilidade coisas muito piores que uma dúzia de lances de escadas. Alcançara o cargo após uma longa carreira militar de sucesso. Havia vivenciado todo o tipo de combates durante a vida, mas nada que sequer se assemelhasse aos eventos daquela noite.
Era um homem em seus cinquenta anos de idade, de pela negra, e postura imponente. Taciturno, era um homem de poucos amigos, e raras aparições sociais. Vivia sua carreira com retidão, dedicando sua vida quase que única e exclusivamente a ela, e a sua família.
Passara a ordem para o rádio operador por telefone, por volta das dez da noite, quando ainda estava em sua casa: -Prepare dois aviões de combate imediatamente, quero os melhores pilotos! Completamente armados! Mande-os partirem para Serra Braúna imediatamente!
- Nada de mísseis.
Disse o rádio operador da torre para os dois caças que estavam voando rumo a cidade. A base da força aérea em que ele estava ficava em Corona, extremo noroeste do país, era a mais próxima de Serra Braúna, e mesmo assim estava a quase quatrocentos quilômetros de distância em linha reta.
- Está cheio de civis lá, o general deu ordens explícitas de que não quer baixas, ou o mínimo possível delas, atirem com as giratórias. Só usem material explosivo sob última instância!
- Positivo torre. Aqui é o líder do esquadrão Auriga. Dois minutos para o alvo.
Respondia o piloto do caça que liderava a operação.
A esta altura o espaço aéreo da cidade estava completamente fechado, não havia autorização para nenhuma aeronave pousar ou decolar. Os caças avançavam velozmente, acima da velocidade do som. Voavam sobre uma altura segura, bem acima da cidade. O líder do diminuto esquadrão comunicava-se com a outra aeronave.
- Você tá vendo aquilo cara? Que tipo de coisa é aquela?
- Não sei, mas em trinta segundos vamos deixar ele que nem uma peneira.
Respondia o outro piloto, exacerbadamente confiante.
A criatura permanecia como antes, de guarda sobre o prédio, agachada e com as mãos entre as pernas flexionadas, segurando no parapeito. Estava imersa em um turbilhão de informações que passavam rapidamente por ela, em parte, alheia as coisas ao seu redor. O grande disco negro continuava pairando sobre o centro da cidade, e exceto pelos pináculos de alguns prédios, tudo abaixo estava completamente oculto.
Atrás da criatura, erigia-se uma grande antena de televisão. O tamanho do disco progredia continuamente, alastrando-se sobre a cidade e, quanto maior ficava mais lentamente ele crescia. Até então ele dedicava sua atenção quase que exclusivamente a busca de informações, de supetão emergira de seu estado parcial de transe.
- Você viu? Quase arrancamos um braço dele.
Dizia o piloto que havia feito a maior parte dos disparos, antecipadamente, considerando que seria um tanto quanto fácil lidar com aquele monstro.
- Eu vi, hoje vamos nos tornar heróis cara!
Os caças deram meia volta após passarem ambos atirando contra as costas da criatura, fazendo uma grande curva oblíqua sobre a cidade. Quando direcionaram-se para o alvo novamente, foram surpreendidos ao vê-lo de frente, encarando a linha de ataque, como se os aguardasse.
- Malditos vermes, nada pode me parar.
Pensava o monstro enquanto drenava seu manto com uma velocidade espantosa. Segurava o braço ferido, enquanto pequenos fios de energia escura dimanavam de seus ferimentos, regenerando o braço que jazia pendurado no corpo.
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Devaneio - (Degustação)
FantasíaNão se sabe como ou em que circunstâncias aquele homem havia chegado até a praia, as roupas molhadas sugeriam que ele poderia ter vindo do mar. Atordoado ele despertou confuso. Não sabia quem era, de onde vinha, nem porque estava ali, só tinha uma c...