IRMÃOS CRAVING- POR JAQUELINE FREITAS

CAPITULO 1

A sala estava escura, mais escura do que o comum, afinal, já estava neste estado há anos, tempo demais e não o suficiente. Ao lado da poltrona havia um copo meio vazio, com whiskey amargo, um cowboy, para relembrar e piorar a dor que já corroia a minha mente, até poderia dizer meu coração, mas eu já não tinha um, á muito tempo.

Hoje, especialmente não era um dia feliz, para simplificar, era o nosso aniversario, neste dia faríamos 156 anos juntos, claro, se tivéssemos ficado juntos. Mas ela se foi, e, eu fiquei com as lembranças, a sede de vingança e os drinks que me acompanhavam durante anos.

Elise era meu sol. E por ela eu abri mão do próprio sol, vivendo em uma escuridão eterna, por causa de uma bruxa, e um juramento. Um dia ela vai voltar. Eu só não sei quando.

Enquanto o gosto amargo fica na minha boca eu revejo, como em um filme em 3D, o dia em que minha vida foi arrancada de mim, junto de Elise.

""...

-- Eu juro que vou estar lá- Elise promete, na calada da noite, e meu coração salta como um cavalo selvagem. Vamos fugir, já não podíamos negar que fomos feitos um para o outro, mas, infelizmente seu pai já havia lhe dado a outro, um casamento arranjado não iria me deter. Eu a queria, ela seria minha, tudo seria mais fácil se este noivo maldito não fosse meu irmão.

Dymitre era o primogênito, e por direito, se casaria com sua escolhida, era quase impossível não querer minha Elise, ela era um anjo, inocente e sedutora, o inesperado era eu também querê-la, mesmo sabendo que nunca seria possível.

Fiquei bem, e me escondi atrás de viagens para não vê-los juntos, até o dia em que ela veio até mim, na noite fria, de vestido marfim, em um cavalo negro, ela fugiu de casa , subiu minha janela e se declarou , disse tudo o que sempre quis ouvir– eu te amo, e nunca vou me casar com Dymitre, não enquanto você viver. - foi uma sentença de morte, para os três.

O tempo passou e nossos passeios noturnos eram mais freqüentes, eu tinha ajuda de meu lacaio Ruddy e ela da Ama, sua baba desde que sua mãe faleceu no parto. Já se passava um mês, e toda vez que há via com Dymitre queria gritar para ele e para todos, que Elise era minha e de mais ninguém, mas eu agüentei, segurei o Maximo que pude. Um dia não deu mais.

Elise estava cada vez mais doente, sentia tonturas e vivia vomitando , Ama não sabia o que era esta doença estranha, mas tanto Elise quanto eu sabiamos. Ela estava grávida.

Uma semana depois marcamos o que seria nosso ultimo encontro as escondidas, estávamos nos preparando para a fuga que seria em uma segunda-feira, seu pai iria para Nashville e somente Ama estaria com ela, uma fuga seria nossa única chance, uma vida juntos e com os anos voltaríamos, já casados, e com nossos filhos. Tanto meu pai como o dela iriam nos perdoar, iriam ver como éramos felizes e entenderiam que não podíamos viver sem o outro. Já não podia dizer o mesmo de Dymi, ele me odiaria para sempre.

Meu pai também tinha seus planos neste dia, o povoado estava um caos, ele reuniu uma frota e partiu logo cedo, queria conter os arruaceiros. Sempre teve espírito de herói, meu pai Elliot Craving, e meu irmão sempre se deram bem por isso, eles eram guerreiros, eu sempre fui o recluso, o estudioso. Nunca seria seu predileto.

Na noite da fuga houve um traidor, meu lacaio de confiança foi pago por Dymitre, por já estar desconfiado de que Elise não estava interessada nele, descobriu nossos planos, e fez uma tocaia, ele iria me matar!

Eu esperei por ela, e como sempre estava lá no exato horário marcado, às onze da noite. Daria tempo de chegarmos ao povoado, e pegar um trem para o mais longe possível. Esta noite estava com seu vestido negro, com sua pele branca era um contraste inacreditável, como um fantasma disfarçado de anjo, seus olhos brilhavam e eu sentia sua excitação. Cavalgamos por, mas duas horas, até que eu vi, os cavalos vinham em nossa direção, cavalgando como o vento, levantando poeira e com um propósito já em mente, meu irmão no centro da frota com a arma na mão, não esperou nem um segundo, não esperou tentar me explicar, dizer que a amava e que ela iria ter um filho, nosso filho. Simplesmente atirou, mas foi em mim, não nela, ele também há amava disso tinha certeza.