In My Life

3º Capítulo

- Ciúmes? Eu? – Soltei uma risada irônica. – Você anda muito confiante. Até demais.

- Foi só uma pergunta, não precisa ficar tão irritada.  – Ele deu uma leve recuada. – Tudo bem se não quer ir.

- Ótimo. – Eu disse com desdém.

- Ótimo. – Ele me encarou mais uma vez, colocou um cigarro na boca e saiu.

No fundo eu até queria ir. Ok, nem precisava se aprofundar tanto assim para encontrar um desejo de ir nessa festa. Mas eu estava visivelmente enciumada e devida às circunstancias, essa foi a melhor reação que eu poderia tomar. Ou não.

- Lucy! – Andressa se aproximou. – Benny saiu logo depois que você veio pra cá, vocês se falaram?

- Sim, ele veio atrás de mim.

- HMMMMMM. – Ela semicerrou os olhos e deu um sorrisinho. Típico.

- Veio me convidar pra tal festinha.

- Você aceitou, né? Ele me convidou também, vamos?

- Eu não vou.

- POR QUÊ?! – O tom de voz acabou saindo mais alto do que ela realmente pretendia.

- Não quero e não sou obrigada.

- Nossa, Lucy, acalma.

- Desculpa, eu só...

- Está com raiva por causa do beijo. – Ela me cortou.

- Está tão evidente assim?

- Um pouquinho. – Ela riu e eu acabei rindo também. – Mas Lucy, vai deixar ele livre, leve e solto pra Ashley nessa festa?

- Foi ele quem a beijou, se quiser, vai fazer isso de novo independente de eu estar ou não lá.

- Ele está dando em cima de você descaradamente, tem certeza disso?

- Sim. – Eu desviei o olhar. –E além do mais, eu já disse que não vou.

- Ele não vai te barrar na portaria.

- Mas eu fui bem grosseira.

- Ele te perdoa.

- Você não vai mesmo desistir de tentar me convencer, não é?

- Acertou.

- Bem, então vamos.

- Finalmente. – Ela soltou uma gargalhada.

Novamente pegamos um táxi, dessa vez direcionado até o endereço da tal festinha. Em poucos minutos chegamos, os amigos de Benedict estavam bem na frente da entrada. Senti um frio na barriga, algo como um pressentimento de que aqueles rapazes fossem me barrar. Andressa com certeza não teria esse problema, porque, apesar de estar também no primeiro ano da Universidade, não teve dificuldade em se socializar com os veterenos e hoje já era conhecido por quase todo mundo que era interessante conhecer.

- Oi, meninas. – Eles disseram com sorrisos maliciosos. – Ands, quem é essa sua amiga?

- Lucy Smith, entrou a pouco na Faculdade, na minha sala. – Ela respondeu.

- E será mesmo que o Benedict te convidou pra essa festa? – Eles questionaram.

- É claro que sim. – Benedict surgiu no meio deles. – Pensei que não viesse.

- Ainda há tempo de eu me arrepender? – Perguntei e ele sorriu.

- Vem. – Ele pegou minha mão e me levou lá pra dentro.

Era impressionante como que um cara do teatro poderia ter tantos amigos, conhecidos e gente que o admirava. Eu estava acostumada com rapazes que eram zombados por escolher esse rumo na vida, mas aqui era diferente, era como se ele fosse popular exatamente pelo seu trabalho. A festa estava lotada.

- E então? – Ele disse lutando pra que sua voz fosse mais alta que o som.

- Então o quê?!

- O que achou da festa?

- Ah, bem legal...

- Não faz o seu tipo, não é? – Ele deu uma risada.

- Não muito. – Eu sorri tímida.

- O que acha de ir lá pra fora? Tem um quintal legal e a gente não precisa gritar pra se comunicar.

- Excelente ideia.

Mais uma vez ele pegou minha mão e me conduziu até o quintal, onde rapidamente ele localizou um banquinho. Nos sentamos ali.

- E então, o que achou da peça?

- Ótima. – Disse, tentando ignorar o ato final.

- Jura?

- Sim, claro, Ben, você é excelente.

- Ben. – Ele enfatizou com um sorriso.

- Desculpa, eu...

- Não, tudo bem, gostei de ver você me chamando com mais intimidade. – Ele me cortou. – Bom, voltando, é realmente ótimo ouvir esses elogios vindos de você.

- O que? Não, não tem nada de especial comigo.

- Tem sim, você ama teatro e não vau dizer isso só pra encher minha bola. – Ele sorriu. – Você não faz esse tipo.

- É, isso é verdade. – Eu soltei uma risada.

- E bem, aquele final, que eu beijei a Ashley...

- Surpreendente. – Cortei. – Ninguém esperava por aquilo. – Disse, infelizmente,  no sentido literal.

- Essa era mesmo a intenção. Gosto disso, às vezes o improviso é a alma da peça.

- Eu concordo, mas eu prefiro que não abusem disso. – Minhas palavras acabaram soando como uma indireta.

Ele abaixou a cabeça em uma risada, e depois retomou.

- Mas sabe, eu iria amar se fosse você que tivesse contracenando comigo.

- Ah... bom, eu acho que a Ashley se encaixa melhor nesse papel. Além do mais, ela trabalhou duro por isso.

- É, mas se fosse com você eu teria tirado proveito de cada segundo daquele improviso.

"Droga! Por que ele tinha que ser tão lindo e tão fofo, tudo isso ao mesmo tempo?!" foi a única coisa que veio à minha cabeça.

Ele sorriu de canto de boca e seus olhos se prenderam aos meus. Ele veio se aproximando e pousou sua mão direita na minha cintura, eu fechei meus olhos e já podia sentir a respiração dele.

- Benedict?! – Uma voz feminina surgiu, ele se afastou imediatamente e prendeu a atenção na moça que nos observava. Eu olhei na mesma direção que ele, era Ashley, que faltava pouco cuspir fogo pela própria boca. – O que está fazendo? Quem é essa garota?