e fui embora dali

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pra daegu twin [♡ yoongixz] que merece todo o carinho do mundo. te amo, bolinho de mel 

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É só mais um dia, não é? É só mais um dia – a juntar aos outros nove – que estou aqui, sentado, no cadeirão azul, ao lado da tua cama, no meio destas quatro paredes brancas e monótonas, sem vida alguma. E podia jurar que daria em maluco se as voltasse em encarar no meio de todos os meus pensamentos confusos e irritados, mas não estou aqui por obrigação.

Estou aqui por ti, Taehyung. Estou aqui porque eu quero.

E talvez não merecesses toda a minha paciência para contigo; e não merecias porque te avisei muitas vezes. Vezes que nem dão para contar mais. Proferi inúmeras palavras, inúmeros conselhos. Odiaste-me por dias mas nunca me importei; eu só te queria abrir os olhos.

Infelizmente, foi tarde demais.

Ou então, tinha que ser assim mesmo. Tinhas que passar pela merda para entenderes que, quando te avisam, é porque querem o teu bem. Ah, Taehyung, e tu sabias tão bem que não havia ninguém que gostasse tanto de ti como eu.

Eu sabia que não querias desistir do Esquadrão; o teu trabalho era das coisas que mais amavas. Era o que fazias em homenagem ao teu pai. Podias estar a dar as últimas, podias estar doente, constipado e sem condições fisiológicas; mas tu nunca desistias. E admito que te admirava por isso – ainda o faço.

Mas lembraste daquelas vezes que eu estava doente e tu me obrigavas a ficar em casa? Sempre, sempre o fazias. Metias-me no teu carro branco sujo e levavas-me para casa, junto da minha mãe e do meu pai. Exigias que não me deixassem sair até tu confirmares que eu estava ótimo para voltar ao trabalho.

E quando estavas mal, não me ouviste. E é isso que me irrita em ti; a tua enorme teimosia que, no fim de tudo, te levou a um estado lastimável, quase sem salvação. E livrei-te de várias suspensões; suspensões essas que tu merecias e só não as levaste porque te amo demais.

E agora estás aqui.

Podia até pensar «bem feita», estás a pagar pela porcaria que fizeste, pelos teus atos errados. Mas é impossível. Não consigo odiar-te nem desejar-te mal, nunca o faria. És a pessoa que mais amo.

E o meu coração está tão apertado que julgo que quase desapareceu.

E o facto de estares aqui deitado, impossibilitado, talvez, seja até culpa minha; porque eu nunca insistia contigo para ficares em casa tal como tu fazias comigo; nunca agarrava em ti e te metia no meu carro, nunca exigia à tua mãe para que não te deixasse sair de casa. E agora penso: se eu o tivesse feito, provavelmente não estavas aqui.

Que merda, Taehyung. Tu próprio és uma merda e fazes-me sentir uma também.

Volto a suspirar. São duas da tarde. Ainda nem almocei, mas também não tenho vontade de tal. O teu estado tira-me a essência toda. Não apareço no quartel desde que aqui estás. O chefe também não me liga; e ainda bem, porque eu não tenho paciência alguma para ir salvar pessoas quando nem a que eu amo consigo salvar.

Sou uma treta, não é?

E só queria que tu abrisses os olhos, ou apenas gemesses algo que eu não pudesse decifrar. Ou até mexeres um dos teus longos dedos. É pedir muito, Taehyung? Por favor.

A tua mãe mandou-me uma mensagem a perguntar como tu estavas. Igual, foi a minha resposta. Quando é que vou poder dizer a toda a gente que te mexeste e que finalmente me olhaste nos olhos? Não me faças dar razão aos médicos; todos eles afirmam que só o voltas a fazer em meses.

Ah, meses esses que eu te devia abandonar. E sabes porquê? Porque estás aqui por culpa única e exclusivamente tua. Quem é que te mandou tomar todos aqueles comprimidos diariamente em doses loucas? Tomar um por acaso, OK, Taehyung, super aceitável.

Mas tu abusaste tanto que eu preferia que tivesses sofrido com tal.

É pena eu ter sido tão burro e ter-te ajudado em todas as análises feitas no quartel. Deixa-me pensar; bebi tantos litros de água para que pudesse fazer-me passar por ti naquelas análises à urina. Quantas foram, Taehyung, lembraste? Quase tantas como a quantidade da porra dos comprimidos que tomaste.

Eu quero tanto odiar-te, culpar-te por tudo o que te está a acontecer, por todo o sofrimento que me estás a causar a mim e aos teus pais, e a todos os que gostam de ti. Eu quero mesmo. Mas eu não consigo; porque, em parte, também é minha. Nunca te protegi o suficiente. Sou incompetente.

Suspiro novamente. Vou dar em louco.

É engraçado pensar que a vida dá voltar enormes. Não é racional pensar que as coisas não acontecem por acaso? Acho que tudo tem uma razão de ser.

E nós nunca falamos disso. Nós na verdade éramos bem aleatórios na vida, e acho que é por isso que combinamos tão bem – falo no presente porque continuo a acreditar que ainda somos reais; que ainda és real.

«Adrenalina» era o nosso nome do meio. Entravamos em todas as atividades, fosse para fazer o que fosse. E eu amava isso em nós; era lindo de se ver o quanto nos divertíamos a fazer a coisa mais aleatório de sempre. Nós éramos lindos, Taehyung. Não o vou negar.

Pedi também à tua mãe que fosse adiar a nossa viagem ao Brasil; seria em um mês. E, mesmo que acordes até lá, não me parece a melhor altura para irmos. Não te vou abandonar, mas não estou disposto a que tudo fique normal como antes.

E posso soar estúpido e idiota ao dizê-lo, mas admito que te quero odiar por nunca ouvires o que as pessoas à tua volta te dizem. Mas, ao mesmo tempo, quero culpar-me pelas tuas merdas. Eu devia ter posto o nosso amor de lado quando me pedias que fizesse análises por ti.

O problema era, simplesmente, o facto de eu te amar; porque, se isso não acontecesse, tinhas sido expulso do quartel à primeira.

Isso iria deixar-me triste? Claro que sim, mas naquele momento. Porque agora, a única coisa que sinto, é arrependimento.

E se ainda descobrir quem é que te fornecia cada comprimido que te corroía por dentro, ainda sou capaz de a fazer tomar o dobro daqueles te tu tomaste, Taehyung.

Estou tão irritado e cansado. Quero ir embora.

Porque tu não vais acordar, não é mesmo?

A porta fechou-se atrás de mim e o meu coração apertou. A enfermeira baixinha que passava encarou-se com um olhar de pena. Seria pena por mim, porque estar ali há dez dias; ou seria pena por ti, que só fazias merda?

Eu não se, mas encolhi-lhe os ombros.

E fui embora dali.

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e parabéns mais uma vez, amorzinho. agora vou te alimentar, vem aqui rs

incompetent ⁂ tae.minWhere stories live. Discover now