A Piece Of Me

Please, dry my eyes.

Aprendi a amar, sim, foi fácil. Mas ainda não aprendi a perder. Viver está sendo uma tarefa difícil em minha opinião, mas a corajem de morrer não existe. Sou apenas um andarilho entre os de alma viva, um pobre miserável, quando foi que me tornei assim? É impossível saber se foi o passado ou o presente que fez isso comigo. Meus cães são apenas o que me restam dessa vida vazia e sem sentido, pelo menos sinto que posso amar algo e isso não me machuque depois.

Minha fortaleza é impenetrável e minha riqueza é incalculável, e de que Vale tudo isso? Pobres e miseráveis humanos, correm todo o tempo de suas vidas atrás de dinheiro e fama. Mas quem lembra de você depois que você passa daqui para outra? Quem chora por você depois que seu coração para de bater e suas esperanças se evaporam pelos seus poros? Sua fortuna?

Eu perdi tudo. Aliás, eu nunca tive nada. Família, carinho, presença. Nada.

Já enterrei 16 cães. E eu levo flores para eles todos os dias, quero me lembrar deles. Porque eu sei como dói ser totalmente apagado, esquecido. Estar solitário, não é simplismente o vazio de gente ao meu lado e sim não ter a mim mesmo, me sinto perdido nesse labirinto da vida, me sinto perdido nessa casa maldita, me sinto perdido, preso em meu passado insano, isso me sufoca.

Não queiram ser igual a mim quando crescerem crianças. Desejem ser amados e desejem saber amar, não da maneira que eu sei, mas mil vezes mais intenso. Não queiram se igualar a esse podre e lamentável ser humano. Não queiram se igualar a Jeon Jungkook.

- Puppi garota, venha aqui. - Chamei-a docemente e ela prontamente veio ao meu encontro. A confortei em meu colo e a ninei, enquanto ela me olha com aquele misto de amor, carinho, agradecimento. Mas, mesmo assim, não esconde a feição doentia e melancólica de seu focinho, Puppi é velha e partirá logo. Sinto isso. Quero me despedir dela. E fiquei ali, mostrando que me importo com ela, mostrando que eu estou presente, mostrando que ela será lembrada. Então ela fecha os olhinhos caídos e sem mais nem menos, sua respiração some, e eu sinto seu pequeno coraçãozinho parar de bater. Meus olhos marejam, minha respiração falha, minha garganta dói por conta do soluço reprimido, eu conheço esse sentimento. Já passei por isso 16 vezes antes. É ridículo não é? Chorar por cães? Sim. Mas já perceberam que eles são os únicos que ficam do seu lado? Eles acompanharam a minha vida. Todo o meu sofrimento...

[...]

Flashback on

- Pode fazer o que quiser com ele Sehun. - Disse aquela que deu a luz a Jeon .

- F-fazer ...? - disse o menino loiro trêmulo e aparentando estar com medo.

- Vá e faça de uma vez! Você sabe o que está em jogo, não sabe? Quer que eu quebre o acordo? - disse a Sra. Jeon debochada

- Sim senhora, farei oque for necessário. - os olhos do garoto adotaram uma coloração escura e triste, mas seu semblante era frio e impiedoso. A víbora se retirou do local, mas antes de ir, sorriu diabólicamente para o pequeno JungKook , que por sua vez deixava lágrimas doloridas escorrerem por suas bochechas fartas e rosadas, enquanto cobria a boca com as pequenas mãozinhas tentando não emitir nenhum som. Ele estava com medo, com fome, com frio, sozinho. Pobre garoto. O que ele fez para merecer? Qual foi o erro dessa pequena criança? Esses eram apenas algumas das perguntas que Sehun tentava responder internamente, porém seu semblante continuou impassível.

Sehun se aproxima de Jungkook cautelosamente.

- N-Não ...

Flashback Off

Por mais que eu tente lembrar, essa parte da história é como um buraco negro em minha mente, uma folha em branco. Isso é frustrante e perturbador.