• Cap. 1 •

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Eu sempre gostei de observar o modo que as pessoas viviam. Acho que por isso eu deixei muitas coisas boas se passarem, enquanto eu notava o menos importante. Sim, eu estava deixando de aproveitar o que as pessoas tinham a me oferecer, para prestar atenção somente no lado ruim delas.

Durante muito tempo, eu fiquei observando um garoto no ônibus. Eu não sei porque, mas ele sempre me chamou atenção. Eu não tinha uma segunda intenção com ele, e eu nunca planejei estar com ele. Era apenas uma coisa que eu fazia sem perceber. E todos os dias que ele estava por perto, eu notava. E quando ele não estava, eu notava também.
Por diversas vezes, nós ficamos lado à lado, sem dizer nada. Confesso que eu o observava pelo reflexo da janela do ônibus. E sempre que eu o sentia se contorcer, eu disparava o olhar para fora, como se eu estivesse admirando o horizonte. Achei que tivesse enganado-o, mas depois de uns meses, descobri que ele também fazia isso.
Descobri que ele me observava e me notava bem mais do que eu podia perceber.
Em um dia chuvoso, eu esbarrei nele sem querer. Senti uma ponta de vergonha. Tinha acabado de enfrentar muita chuva, e estava molhada. Provavelmente ele nem percebeu isso, por sorte.
Neste mesmo dia, enquanto eu voltava para casa, eu observei as gotas de chuva na janela. Todos esses mínimos detalhes me encantavam. Nem passava pela minha cabeça que eu podia está sendo observada, não nesses momentos em que eu estava totalmente distraída.
Várias vezes eu jurei que ele me evitava, mas eu estava completamente errada por pensar isso.

Dia 23 de nov.

Querido diário, hoje eu pretendo estudar para o meu teste. Eu sei, é a milésima vez que eu digo isso. Bom, eu gostaria de ter tentado mais das outras vezes, então hoje é um dia de fazer diferente.

Viro a caneca na boca e tomo mais um gole de café, enquanto rabiscava meu diário.
Eu fazia muitas promessas, como qualquer outra pessoa que ver o ano se acabando e sente que não fez nenhuma mudança de vida. Mas eu sinto que sou a pior delas.
O despertador alerta, é hora de correr para a aula.

O que eu mais esperava era não encontrar Daniel, não hoje.
Daniel é meu namorado, ou quase. Na verdade é bem complicado. Nós não nos entendemos. Ele ficou chateado comigo por eu ter dito que não o amava. Mas é muito cedo pra "amar" alguém.
Ele me deixa desesperada, e a cada dia que se passa eu só tenho vontade de deixá-lo. Da última vez que eu toquei no assunto "término", ele prometeu que se jogaria na frente de um carro. Isso é drama, mas eu preferi tentar outra vez. Nosso namoro anda pior do que tudo, na verdade nem anda.

Os corredores estavam vazios. Provavelmente eu tenha chegado cedo demais, ignorei e segui para a sala.
Não era só eu quem estava ali. Eu mal entrei na sala e Daniel já me perguntou como nós dois ficaríamos, como nos resolveriamos, e se tudo acabaria assim.
"De verdade, mas de verdade mesmo, eu quero acabar com tudo agora e já!"
Se eu fui muito dura com ele, eu realmente não ligo. A minha vida anda tão difícil com ele, e só vai complicar mais.
"Não precisa fazer isso, por favor, é sério, não precisamos terminar"
Ignoro, eu sei que tudo isso é drama.
"Ok" penso. Eu não sinto vontade de estar com ele, ou de voltar pra ele. Não importa o porque, eu só não quero.
"Não vamos voltar, eu não vou voltar"
Saio da sala e deixo ele lá.

Vou para o refeitório e me sento. Logo ouço uma voz me chamando. Meu coração logo dispara, por um momento penso que Daniel teria vindo choramingar atrás de mim. Percebo que é Daya, minha amiga.
"Hey Emily! Eu estava te procurando. Estudou para o teste de Literatura?"
Putz! O teste!
Sim, eu havia esquecido.
Abro o meu livro na página 65. Era tarde demais. O sinal tocou e eu precisava correr para a aula.

Passei o dia ignorando Daniel. Apaguei seu telefone, e bloqueei em minhas redes sociais. Preferi cortar qualquer tipo de contato que ele pudesse ter comigo.

No dia seguinte, percebi que ele havia faltado. Nos outros dias isso se repetiu. Então perguntei para seus amigos o que havia acontecido. Me disseram que ele preferiu mudar de escola. Isso me deixou bem aliviada.

Dia 8 de dez.

Querido Diário, eu me sinto feliz. Nesta quinta feira eu me sinto completamente livre de escola, livre de aulas, livre dos professores, livre de tudo que se remete a estudo. Porém, não livre do trabalho. As férias finalmente chegaram, e eu vou aproveitar o meu tempo livre com coisas interessantes, tipo dormir.

Hoje seria um dia produtivo. Eu precisava ir trabalhar. Mas, a minha disposição não existia. Eu costumava voltar do trabalho com a minha mãe. Mas ela estava de férias. Então hoje eu estaria sozinha.
Passo um pouco de batom vermelho e em seguida espalho com o dedo. Eu não gostava de maquiagens fortes, me deixava sufocada e com cara de mais velha.

Pego meu uniforme, e coloco-o dentro da bolsa.

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⏰ Última atualização: Feb 05, 2017 ⏰

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