Corda

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Depois do almoço a aula de natação foi ótima, concentrei-me no treinamento e o professor me propôs fazer parte da turma avançada pelo meu bom desempenho. Enquanto conversávamos todos iam para o vestiário tomar banho e se aprontar para a casa, eu seria a ultima, como sempre, pois eu odiava que todas aquelas meninas particionas ficassem olhando para mim, me examinando naqueles malditos boxes sem porta onde temos que tomar banho.

Quando a ultima menina saiu do vestiário feminino, já faziam quinze minutos que minha conversa com o professor acabara e eu estava aguardando do lado de fora, da primeira vez que fiz isso elas me questionaram o motivo, mas agora já estavam acostumadas, não se importavam mais, passavam por mim dando sorrisos de até logo, algumas até parava para dizer tchau, afinal elas não podiam se comportar mal diante da namorada de Fera.

Caminhei distraidamente para baixo do chuveiro, tirei meu maiô molhado e o abri, abrindo também o ralo que fomos ensinadas a fechar assim que saissemos do banho para que nenhuma surpresa nojenta pudesse sair dele, então, sempre que a ultima pessoa tomava banho fechava o bendito ralo.

A água caiu suavemente sobre minha cabeça e meus ombros, escorrendo por todo meu corpo, uma sensação de tranqüilidade me dominou. Coloquei o shampoo na mão e esfreguei o cabelo, repetindo isso duas vezes, e então a luz apagou.

- Olá?! Tem alguém aí? - Olhei para fora do box e não vi ninguém, sem sair debaixo da água quente para acender a luz continuei a enxaguar o cabelo, virei de costas para a porta, caso houvesse alguém ali eu não morreria de vergonha.

Foi então que eu senti alguma coisa se amarrar em meu pescoço e estava cada vez mais forte. Comecei a sentir um formigamento mas pontas de meus dedos dos pés e das mãos como se estivessem queimando, eu não conseguia respirar, tentei soltar o aperto de ferro em meu pescoço mas minhas mãos ali eram como garras de passarinho, inúteis.

Eu não conseguia ver mais um palmo sequer diante de mim, meus olhos foram tomados por um preto profundo, agora tudo queimava, minha cabeça doía e parecia pegar fogo, eu já estava completamente sem ar.

Consegui ainda sentir um liquido quente escorrendo de meu nariz, sangue, que senti o gosto em minha boca que buscava por ar. Perdi completamente minhas forças e o aperto em meu pescoço ficou cada vez mais forte até que não suportei mais e cai no chão, o aperto se demorou por mais tempo e então tudo desapareceu.

- Socorro! - Ouvi alguém gritar ao longe, como se estivesse em um sonho distante. - A água está inundando o lugar, ela caiu sobre o ralo. - Quem caiu sobre o ralo? Quis perguntar a ela, mas eu não conseguia falar, ou me mexer, ou abrir os olhos, eu nem conseguia respirar. Mas eu podia sentir a água em minha pele em meu nariz, minha boca e no fundo da minha garganta. - Ela parece morta, deve ter se afogado, tem uma corda ali, venha logo. - Os passos estavam longe mas pareciam se aproximar enquanto um par de mãos tentava me puxar, eu queria ajudar mas não conseguia, tudo o que consegui fazer foi engasgar com toda aquela água. - Ai meu Deus! - Surpreendeu-se ela - Está gelada querida, fique calma, vamos tirar você daqui. - Mãos me içaram de lá, pude sentir-me sendo carregada, e então mãos apertando meu peito, a água saindo de minha boca, e então novamente o escuro.

Acordei no banco em frente ao vestiário feminino, a primeira coisa que vi foram suas lindas safiras azuis olhando para mim, tão tristes quanto se é possível.

Estiquei meu braço tremendo, quase sem forças, e toquei seu rosto, onde um leve sorriso brotou, logo eu me perdi na escuridão silenciosa mais uma vez.

                                                         Por: Brendali Sorgon Bego

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⏰ Última atualização: Oct 14, 2014 ⏰

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Rosa Vermelha - Capitulo 20Onde histórias criam vida. Descubra agora