Never Let Go ~ E foi assim (COMPLETA)

5 ~ Jantando com ela

Chegamos ao hotel e fomos cada um para seus quartos. Tomamos um banho demorado, desses de enrugar os dedos. É ótimo para aliviar o peso do cansaço. Mesmo já sendo tarde, o clima continua quente. Tulsa tem temperaturas amenas, mas nunca fazia tanto calor assim.
Então liguei para o Ike:
- Ike, em que quarto vamos ficar? O meu está uma zona! Não arrumei as malas ainda!
- Idem.
- Como será que está o do Zac?
- Não acho que esteja melhor que o nosso...
- Putz... vamos ter que tirar no pedra, papel e tesoura.
- Vou ligar para o Zac e ver o que ele fala, já te retorno.
- Ok...
E desligamos.
Alguns minutos depois, Ike me retornou:
- O quarto do Zac não está arrumado, mas ele consegue dar uma disfarçada. Então podemos ficar lá... ele só pediu uns minutos.
- Ok... vc já vai pra lá?
- Vou. Qualquer coisa eu ajudo ele e ligo de lá mesmo pra ela.
- Ok, tb já vou...
E desligamos.
Quando chegamos, Zac já tinha arrumado quase tudo e terminava de enfiar alguma coisa no armário embaixo da TV e então Ike ligou pra ela:
- Lola?
(...)
- Desculpe a demora, estávamos decidindo em que quarto ficaríamos.
(...)
- Não, tudo bem. Vamos ficar no quarto do Zac hoje.
(...)
- 515.
(...)
- Claro. Já estamos aqui.
(...)
- Tchau.
E desligou.
- O que ela disse? - perguntei.
- Que já vem... - Ike respondeu.
E foi então que me dei conta: Ike e Zac estavam de calça e camiseta e eu estava de bermudas e chinelo. Eu não vou ficar assim se eles também não vão!
- Já volto! - disse me levantando.
- Onde vc vai?! Acabei de dizer que ela já está subindo! - retrucou Ike.
- Eu ouvi... - respondi saindo sem me explicar.
Fui para o meu quarto e me troquei o mais rápido que consegui. Quando eu saí no corredor, quase atropelei a garota e ela deu um grito tão alto que várias portas se abriram para ver quem tinha morrido no corredor. Foi constrangedor.
Todas as portas se fecharam quando nos viram com cara de vergonha. Bem, todas menos a do quarto do Zac, claro. Ele olhava pra nós claramente se divertindo com a situação.
Olhei pra ela e não conseguia segurar o riso, então perguntei, segurando os ombros dela:
- Tá tudo bem?
No que ela ergueu os olhos nos meus e disse:
- OMG! Desculpe! Tá tudo bem! Eu só não esperava trombar com ninguém no corredor uma hora dessas! O Ike disse que vcs já estavam todos no quarto do Zac e...
Ike ainda rindo, interrompeu:
- Hey, e estávamos! Mas o Taylor aparentemente tinha esquecido algo no quarto... o que era mesmo, Tay?
*Filho da mãe, vc me paga* Ele  percebeu minha troca de roupa. Então eu ri e respondi:
- Não é da sua conta!
Agora Zac estava no meio do corredor, com aquela sobrancelha erguida e fazendo caretas enquanto me media de cima à baixo:
- Há certas coisas nessa vida que não precisamos saber...
Ike apontou para a porta e disse:
- Bem, vamos entrar antes que algum funcionário do hotel também queira saber o que o Taylor está fazendo no corredor uma hora dessas...
Entramos e eu não conseguia desviar os olhos dela. Ela é uma garota comum, sem nenhum atrativo: baixa, loira, sem o corpo padrão brasileiro (sem bundão e nem peitões), mas mesmo assim eu não consigo parar de olhar... talvez pq ela está visivelmente feliz e olhava cada centímetro do quarto, como se estivesse decorando ou calculando o espaço. Ela prendia a minha atenção de uma maneira ridícula, pq não é nada carnal, é outra coisa que eu ainda não sei dizer o que é.
Zac percebeu que eu olhava pra ela e começou a olhar também. Então me juntei ao Ike para olhar o cardápio antes que ele me perguntasse pq dos olhares. Confesso que eu não saberia responder.
Ouvi quando Zac perguntou pra ela:
- Tá tudo bem?
- Ah, sim, claro! - respondeu ela.
- É que vc parecia meio perdida...
Ouvi risos e eu queria me virar e prestar atenção à conversa, mas não sabia se um deles estava olhando na nossa direção.
Um repentino silêncio encheu o quarto e então Ike abaixou o cardápio e chamou:
- Hey, vcs dois! Estamos com fome aqui!
- Já vamos! Já vamos! - Respondeu Zac.
E eles se juntaram à nós.
Não conseguíamos decidir o que comer. Cada um gosta de uma coisa diferente. Somos muito parecidos em vários aspectos, mas às vezes divergimos feio e hoje é um dia desses.
Então eu cansei, e propus:
- Então ela decide!
E nós três olhamos esperando uma escolha e ela nos devolveu um olhar perdido e perguntou:
- Excuse Me ?
- O que vc gostaria de comer? - perguntei.
- Eu? - Ela ainda tentando voltar do mundo da lua.
- Claaaaaaaro... - Zac zombando novamente.
E tamborilando o queixo com os dedos, respondeu:
- Não sei... eu como o que vcs pedirem, sem problemas.
- Não sabemos o que pedir... esse é o problema. Você ajuda com o cardápio? - Ike.
- Ok... vejamos... - disse ela pegando o cardápio.
Ela explicou como seriam alguns pratos e disse se eram mesmo bons ou se eram pqnos... no fim, optamos por algo que todos queriam e tinham certeza que seria bom: frango frito, batata frita e salada. Teoricamente não deveríamos comer essas coisas, mas nosso pai só estará aqui amanhã, então tudo bem.
- Você pede? - perguntei pra ela.
- Não fica chato? - ela perguntou com os olhos ainda mais abertos.
- Estamos cansados... quebra esse galho... vc fala português... - insisti.
- Ok... - ela respondeu, resignada e foi até o telefone.
Zac ficou sentado na cama e Ike e eu continuamos na mesa.
Quando ela desligou o telefone, começou a andar pelo quarto ao invés de voltar para a mesa. Estava quase chegando na sacada quando Zac disse:
- Hey, vc não vai fazer isso...
- Meu Deus! Desculpa! Não era minha intensão bisbilhotar... - disse ela sem graça.
E a conversa continuou, mas eu não conseguia ouvir. Zac parecia meio alterado apesar da voz não ter perdido o tom formal. Mesmo assim, achei melhor interferir:
- Zac? Tudo bem ai?
- Sim, tudo certo. Só estamos conversando enquanto o rango não chega. - respondeu ele - Hmmm, posso ficar aqui tb? - disse já sentando na cama.
- Sobre o que é a reunião? - Ike tb sentando.
- Fama e paz, duas coisas contraditórias... - Zac.
- Isso é realmente complicado... - Ike coçou a cabeça - mas não devemos falar sobre isso, não é mesmo?
- Acho que podemos confiar nela, não podemos? - E droga, não conseguia tirar os olhos dela...
- Eu estou aqui ainda, sabiam? - protestou ela.
- Viu só? Ela tem senso de humor e não se importa. - disse sem desviar os olhos.
- Que seja. - disse o Zac dando de ombros.
- Alguma coisa me faz gostar de vc... só não sei o que é... - Ike.
- Vou encarar isso como um elogio, ok? - respondeu ela com um leve sorriso.
*ela tem senso de humor*
Alguém bateu à porta: "serviço de quarto!"
- Eu vou - anunciou o Ike.
Mesa posta. Comemos como se não houvesse amanhã... a comida estava muito bem feita.
Ninguém falou mais nada sobre o assunto anterior e apenas rimos de besteiras e nos lambuzamos com toda aquela gordura.
Já era mais de 00:30 quando ela anunciou que estava cansada e iria para o quarto dela. Eu não me importaria em continuar conversando.