Um demônio chamado Depressão

Capítulo 6

                             Violet

   Depois de um grave acontecimento com meu vizinho, ele se sentiu envergonhado com tudo aquilo e mandou o seu filho, Luke, que trabalha com meu pai falar comigo.
   Nós éramos muito amigos quando criança, ele foi minha primeira paixão de infância.  Mas depois que meus pais começaram a trabalhar mais do que o normal, Luke, começou a trabalhar com meu pai e nunca mais tivemos contato.
   Eu nunca mais tinha o visto, a única imagem dele que eu tinha em minha cabeça era do último dia que o vi.  Ele estava com uma blusa verde, listrada, um shorts meio retrô,sabe? E uma meia branca que ia até o joelho.
    Luke era um dos meus melhores amigos, meu confidente... Quando eu tinha mais ou menos uns 11 anos, eu me apaixonei por ele.  Ele também era apaixonado por mim, enfim, ele foi meu primeiro namoradinho (e último também).
   Nós passavamos tardes e tardes conversando, brincando e falando dos nossos sentimentos.  Ele ligava para mim no telefone enquanto meus pais estavam trabalhando. Quando ele fez 13 anos, nós demos o primeiro beijo...
   Aí você pensa que 13 anos foi a
"melhor idade",  errou feio...
   Luke estava começando a querer trabalhar, ganhar seu próprio dinheiro, então ele resolveu começar a trabalhar. Eu, querendo ajudar ele, falei com meus pais para arrumar um emprego para ele.  Meus pais concordaram na hora, eles ficaram "orgulhosos" de mim por eu achar um administrador aprendiz para eles.
   Ele já não tinha mais tempo de falar comigo, nunca mais consegui olhar para a cara dele.
   Eu ligava para o Luke, mas ele não atendia, perguntava sobre ele ao meu pai e meu pai não me respondia. 
    Meses tentando falar com ele e não conseguindo. Até que um dia consigo falar com ele:
-Oii Luke, que saudades. Tudo bem com vc???
-Oi
-Que Saudades, nunca mais consegui falar com você. O que aconteceu com seu telefone???
-Eu mudei de telefone para você não ficar mais me enchendo o saco.
-Luke, o que está acontecendo com você?
-Olha Violet, não quero mais saber de você, você é passado... Eu já até tenho namorada. Eu só namorei com você para poder arrumar um emprego. Mas fique sabendo que eu não gosto de você e nunca gostei...

   Foi um choque, depois de tudo o que vivemos, ele tem coragem de dizer isto?

    Eu não sabia se eu tava com raiva do Luke ou dos meus pais... Contei tudo o que aconteceu aos meus pais, eles riram de mim, falaram que o Luke merecia uma menina melhor do que eu.  Mas no fundo, eles tinham razão, eu era a pior pessoa para ser amiga, namorada, filha etc.
  

   A partir daquele momento eu comecei a me cortar. Eu pegava as lâminas na cozinha, ia para o banheiro, encostava na pia e começava a me cortar.  Isso acontecia quase todos os dias...
   
   Luke foi falar comigo, depois de 3 anos...
  
   Eu estava em casa, ouvindo a música 505 (Arctic monkeys), eu estava fazendo a lição de casa. E digo que se o diabo existe, com certeza foi ele que inventou física, porque nossa como é difícil.  Mas ao mesmo tempo, eu estava pensando no Tate. Sei lá, ele me pareceu uma pessoa tão sombria mas ao mesmo tempo tão interessante.  Sua aparência era tão peculiar para a sociedade, mas tão interessante para mim. Aqueles cachos dourados combinavam perfeitamente com sua pele pálida, as veias de sua pele apareciam levemente em seu rosto.  Suas vestes eram tão "brega" em meio a moda, mas tão estilosa perante a mim.  Seu suéter verde listrado eram maiores q seu braço, as mangas cobriam completamente suas mãos, confesso que todo aquele seu jeito sombrio, interessante e "fofo" me deixou pensativa.
     Será que eu estaria apaixonada por ele?... Ah, eu não sabia o que estava se passando pela minha mente. Eram tantas preocupações que eu tinha, tantos mistérios que eu queria resolver ou dar um fim, ficava complicado.

      Enquanto eu estava pensando no Tate, alguém estava batendo em minha porta. Não estava ouvindo nada, eu estava completamente surda pela música.  Mas consegui ouvir alguns ruídos e batidas. Então,logo fui abrir.
Peguei naquela maçaneta empoeirada onde era ouro e virou bronze, a luz do sol atingiu meus olhos já acustumados com a escuridão, e quando eu terminei de abrir a porta, vi quem estava lá.
 
   Era o Luke...

   Luke estava diferente, muito diferente dá última vez que eu o vi.  Estava alto, seu cabelo havia escurecido, estava mais preto do que antes, o penteado era meio que um moicano desajustado.  Seu estilo havia mudado completamente, de um shorts com meias soquetes para uma jaqueta de couro preta ofuscada e botas totalmente desgastadas mas ao mesmo tempo tão estilosas.  Seus olhos azuis continuavam o mesmo, como o céu em um dia sem nuvens refletindo no mar mais limpo do mundo.  
    Luke estendeu o braço, onde à 3 anos atrás eram apenas uma vareta e foi substituído por uma pegada de mão forte e esbanjando muita confiança.
    Eu não sabia o que dizer para ele, mas não precisei pois ele mesmo que começou a conversa:

-Nossa Violet, quanto tempo. Você está tão diferente do que dá última vez que te vi. Como você está?
-É, estou viva...  Você ainda trabalha com meu pai?
-Não, eu me me alistei no exército para servir nosso país. No momento, não estou em trabalho mas mês passado eu estava em uma missão para ajudar trazer alimentos para as pessoas que sobreviveram ao grande tsunami que ocorreu no Japão. Você ainda continua na escola?
-Continuo sim, por mais que eu não aguento mais estou ainda lá.  Mas estou mais preocupada com outras coisas do que o estudo.
-Você bem que poderia virar modelo, vocês está muito bonita, acredite.
-Eu, Modelo? Não muito obrigado.
-Que tal virar vocalista da minha banda? Você era tão fofa cantando Teddy Picker (rsrsrs). 
-Não tem graça hahahaha.
-Consgue sensualizar cantando Fluorescent Adolescent?
-Hahaha, talvez...
-Quer tentar...?
-Acho que sim...
-Beleza então, quinta-feira aparece na minha casa gatinha...

Continua...