Capítulo 11: Floresta da morte

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Estamos cercados por essas coisas que até parecem pessoas, mas claramente não são.

River não se move. Ela encara essas coisas como se fossem o maior perigo do universo.

Um deles começa a se mover mais rápido, e logo se aproxima de mim. Movo minha foice velozmente e o corto ao meio. As duas partes caem no chão fazendo barulhos nojentos. Muito sangue espirra no chão e também em mim. Para a minha surpresa, o bicho não morreu. Ele continua a se mexer, tirando por suas pernas, que ficam inertes. Talvez se eu tentar cortar suas cabeças, seus corpos deixem de se mexer. Mesmo que eles não morram, isso já seria o suficiente.

Corro para perto de dois deles e faço dois movimentos precisos, decepando suas cabeças. Os corpos caem e não mais se mexem. Olho para suas cabeças, que ainda mantém um pouco de movimento e emitem grunhidos. Muito sangue escorre pelo chão.

River! Descobri como matá... - Me viro rápido para River, e vejo um deles agarrando seu ombro.

River desperta de sua hipnose, e solta um grito de desespero ao ver aquela coisa tão próxima. Ele abre a boca e avança nela.

Você...! - Pego uma pedra no chão e a arremesso em direção a coisa. - Não vai machucá-la! - Grito furiosamente.

A pedra voa pelo ar velozmente, atravessando a cabeça do bicho e fazendo um rombo imenso em seu crânio. Ele cai, desengonçado e inerte.

V-Você o matou? - River fica boquiaberta.

Eu o matei? - Fico duvidoso.

Mais deles se aproximam.

Precisamos lutar, River! - Grito.

Ela nada diz, mas não fica paralisada dessa vez. Mesmo com o corpo tremendo, ela aperta o cabo do machado em sua mão e bate na cabeça de um deles várias vezes, até seu crânio ficar completamente amassado e os pedaços de seu cérebro exposto no chão.

Eu movo a foice habilmente, passando ela pelas cabeças e pescoços das criaturas. River ataca cada vez com mais fúria. Ao invés de paralisar, ela está usando seu medo para enfrentá-los, pondo todo o seu ódio pra fora. Agora eu posso ver. Como ela está cansada de tudo isso. Cansada dos perigos, cansada de lutar pela própria vida todos os dias, cansada... de ter medo.

River! - Corro e a puxo pelo braço para longe dali.

Mais dessas coisas aparecem pelo nosso caminho.

A floresta está infestada deles! - Ela grita em alarme.

Parece que sim! - Respondo.

corto ao meio cada bicho que aparece na nossa frente. Corro com River entre as árvores, desviando e cortando. O cheiro de sangue predomina no ar, os monstros não param de aparecer, River e eu já estamos muito cansados de correr e a floresta fica cada vez mais densa.

Mata, bichos, bichos e mata, mais mata e mais bicos.

Tanto sangue, tanto cansaço.

Cortar, correr, fugir, lutar, sobreviver...

Uma luz...

Enfim, depois de tanto correr, após cortar mais um punhado de folhas à nossa frente, chegamos em uma área mais iluminada da floresta. Sessamos nossa corrida, e passamos para um caminhar lento. Olho atentamente para todos os cantos e não avisto nenhum inimigo. Logo à frente, posso ver que a floresta acaba, e ao horizonte, vejo areia e pedras se estendendo até o limite. No meio dessa paisagem, está posicionada a melhor coisa que poderíamos ver naquele dia.

O farol! - Chamo a atenção de River e aponto para o local.

Ela encara a construção com o olhar carregado de duvidas.

Mesmo o farol existindo... - Ela começa. - Ainda não é certo que encontremos uma saída por ele. - Seu tom é hesitante.

Já chegamos até aqui. Só nos resta tentar. - Abro um sorriso pequeno.

E se não tiver uma saída? - Ela fala com a voz trêmula.

Tem uma saída. - Digo em resposta, e começo a caminhar em direção ao farol.

Escuto os passos apressados de River atrás de mim. Ela segura meu ombro, me faz dar meia volta e me beija. River me abraça forte, fazendo com que fiquemos o mais próximos possível. Após alguns segundos, ela se distância e me encara, aparentemente constrangida.

Pensei que não tivesse gostado. - As palavras saem da minha boca num impulso.

Tu és muito idiota. - River revira os olhos. - E tu nem fizeste isto tão bem quanto da última vez. - Ela fala como se me desse uma bronca.

Desculpa, mas você me pegou desprevenido. - Digo em defesa.

Ela se aproxima de mim novamente, vagarosamente. Largo a foice no chão. Acompanho o ritmo dela e nos beijamos de novo, dessa vez, um beijo mais longo, mais quente. Separamos nossos rostos depois de uns segundos, e então, River me abraça.

Precisamos sobreviver, Angel. - Ela sussurra em meu ouvido

Nós vamos. - Falo confiantemente.

Ela me encara com um olhar duvidoso, mas também cheio de esperança. E então, nos dirigimos ao farol.

Por alguma razão, uma sensação estranha percorre todo o meu corpo. É esquisito, mas ao mesmo tempo é bom. Eu me sinto forte, muito forte. Mas, ao mesmo tempo, eu sinto como se algo crescesse dentro de mim.

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