Resquícios de Ema (Parte 1)

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O cheiro do bife chegava até a mim e a ansiedade de para comer quase me dominava. Mesmo sendo ainda manhã, a garçonete preparava um desjejum que parecia mais um almoço.

Esperava sentado em uma cadeira de madeira, em sua cozinha pequena, pintada de branco com detalhes em cerâmica amarela e muitas cortinas em renda. Tudo muito aconchegante. Me atraindo, me cativando.

Eu ainda não sabia o nome garçonete, tive receio de magoá-la se descobrisse que eu não lembrava dela. Uma mulher tão meiga, tão amável era frágil demais para envolvê-la nessa confusão.

Após a refeição, enquanto eu bebia uma cerveja gelada servida pela garçonete, ela cantarolava enquanto lavava as louças.

Vendo tudo aquilo. Uma bela mulher. Uma vida de tranquilidade. Comecei a desejar tudo para mim, porém não teria sucesso com ela se não descobrisse toda a verdade. Se eu não resolvesse tudo. Se eu não acabasse com quem fez aquilo comigo. Com quem fez aquilo com Ema.

Indo em direção a porta me despedi da garçonete.

一 Eu preciso ir Boneca.一 Ela precisava de um nome e eu não queria perguntar a ela. Boneca fazia jus a sua aparência.

一 Espere! Já está de partida? não vai ficar mais um pouco.一 Ainda com as mãos molhadas me abraçou. 一 Fique mais um pouco por favor.

一 Eu preciso ...

一 Não vá, eu tenho sinto que algum não está bem, você está diferente, está aflito. Porque disse que se chama Daniel? Me dê uma resposta, por favor.

一 Não fique preocupada, eu volto para você. E quando eu voltar, não será preciso eu te explicar nada, minha boneca. Eu vou resolvido tudo e você não terá motivos para se preocupar. Está bem assim?

Apesar das palavras ditas para a garçonete, fossem meio que dissimuladas, sua companhia me fazia bem, ela me deixava em paz.

Passei a minha mão em seu rosto delicado, ergui seu queixo. Olhando em seus olhos e com meu braço contornei sua cintura e a puxei para mais perto com força. Ela tentou falar mais algo e a calei com um ardente e longo beijo que selou a promessa de um breve retorno retorno.

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Estacionei em frente ao hotel, no endereço que Willian me deu. Com uma pintura verde escura descascada e aparência de abandonada, descobri que o local era um hospedaria vagabunda onde a maioria dos inquilinos eram prostitutas. Logo na portaria, o recepcionista de olhos fundos com grandes olheiras e corpo esquelética me reconheceu.

一 Olá Sr. Tomas, como tem passado?

Com um sorriso de cumplicidade, me chamou para mais perto e cochichou:

一 A sua amiga chegou na noite que o senhor saiu daqui e já era madrugada. Falava alto ao telefone. Ouvi um pouco da conversa e ela afirmava que havia visto alguém morrer. 一 Fez um pausa e olhando para os lados como se verificasse que não estávamos sendo ouvidos e continuou:

一 Eu fiquei de olho a noite toda como o senhor me pediu e não houve nenhuma movimentação, a não ser ontem a tarde. Uma mulher estranha procurou por ela e o que me chamou a atenção foi que ela mencionou o senhor. Ela procurava a mulher do Tom. Eu disse que ela não estava; como me pediu.

一 Bom Trabalho. Você tem cópias das chaves do apartamento dela? Preciso entrar e não tenho como esperar ela voltar. 一 Ele me entregou as chaves que possuíam uma etiqueta com o número 17.

Com um sorriso cínico estampado em sua cara estendeu a mão em minha direção, Esperava algum tipo de pagamento pelas informações.

一 Quando eu voltar nos acertamos. 一 disse já subindo as escadas em direção aos apartamentos.

Inimigos Em Primeiro GrauOnde histórias criam vida. Descubra agora