Cap. 32: Resultados

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Sabe quando você tenta fazer uma espécie de piada, uma brincadeira de Halloween, e então percebe que está mexendo com algo muito mais sério? Quando as coisas, de repente, lhe fogem ao controle? Foi isso o que aconteceu, assim que meus lábios encostaram nos de Ônix.

O que senti, não se igualava a nenhuma risada após jogar papel higiênico no quintal do vizinho. Se paprecia mais com explodir uma bombinha nas próprias mãos.

Meu coração estilhaçou, perdendo o controle sobre suas barreiras. O beijo não era nada parecido com aquele que déramos em frente à senhora Mulder, teatral e cheio de gestos. Não, era bem diferente. Daquela vez, me desliguei do mundo, sem conseguir ver, sentir ou ouvir mais nada além de meu próprio pulsar. Ônix, por um curto período, ficou rígido, o choque percorrendo cada centímetro de sua boca estática. Então, ele fechou os próprios lábios, que eram tão bons quanto a aranha de chocolate que eu havia comido mais cedo. Só que, o recheio de morango, daquela vez era uma explosão interna de calor, emoções e cegueira. A única coisa que derretia, era meu próprio pensamento lógico, que escorria pelos dedos como o creme açucarado de mais cedo.

Tocar seu cabelo escuro, sem me preocupar em manchar ou não as mãos de tinta, era algo vicioso. Enrosquei meus dedos em seus fios ondulados, apoiando minhas mãos em sua nuca. Não queria parar nunca mais.

Então, acordei para o mundo real, como se tivesse levado um tapa na cara.

Me desvencilhei de Ônix imediatamente, afastando-me o máximo que o balcão atrás de mim permitia.

Encarei-o, assustada, e percebi que ele esboçava o mesmo sentimento. Seus olhos coloridos estavam arregalados, e permanecia rígido como uma estátua.

- Hã... - tentei começar, sem conseguir raciocinar frase nenhuma - viu? Eu disse que era você quem terminaria assustado.

Ele me encarou, ainda incrédulo, provavelmente pensando se aquilo era mesmo real ou não. Dei um passo para o lado, me livrando.

- Acho que vou indo. - murmurei, caminhando rapidamente em direção à saída.

O que era aquilo? Meu Deus, o que eu havia feito?

×××

Chegar à Sociedade sozinha não fora problema nenhum, pois eu passara o caminho inteiro refletindo sobre o que havia sentido durante o beijo. É óbvio que eu já havia beijado antes (já havia beijado Ônix, inclusive),mas... daquela vez, uma sensação de surpresa e confusão tomara todo o meu ser.

Estremeci, tentando deixar o assunto de lado. Era mesmo possível um beijo causar tudo aquilo?

Pode ser estranho, eu sei, afirmar que minha mente vagava entre ilusão e realidade. Os pensamentos me levavam longe, enquanto ainda não vivenciava os resultados daquela atitude.

Quase me perdi pelos andares e passarelas do poço, tendo dificuldade em escolher uma direção, mas consegui: cheguei ao meu próprio quarto.

Assim que abri a porta, porém, quase gritei de susto. Bianca estava ali, os olhos arregalados e vidrados.

- Meu Deus, Bia! Quer me matar? - pisquei, observando sua falta de reação - o que houve?

Ela saiu de seu transe estático.

- Ah! Nada, nada. - gesticulou rapidamente - Acho que já vou indo.

- Mas... - ela abriu a porta.

- Boa noite, Alessa. - deu um sorriso forçado, acenou e foi embora.

Suspirei. Eu sempre acabava sozinha desta maneira.

✴✴✴✴

☆Por: Ônix☆

Fiquei estático, parado na mesma posição pateta e chocada, por pelo menos meia hora.

Eu ainda sentia o cheiro bom do cabelo de Alessa, a maciez de sua boca contra a minha e o calor de seu toque em meus ombros. O resultado era o mesmo que eu obtivera na primeira vez em que a beijei: uma mistura de surpresa, constrangimento e calor. Calor esse, que me fazia querer dormir em frente a um ventilador ligado no máximo (apesar de estarmos em pleno outono). Quando finalmente consegui me mexer, ainda sem entender o motivo para ela ter feito aquilo (embora uma parte de meu interior soubesse que devia ser alguma brincadeira de Halloween), precisei caminhar para fora da sala.

Evitei voltar ao ginásio, querendo me manter longe de Rubi e suas perguntas certeiras (e da minha fraqueza em mentir para ela), dando a volta no edifício. Percebi que um dos carros da Sociedade acabara de voltar ao estacionamento (a desculpa que usávamos para vir no mesmo meio de transporte, era morar no mesmo condomínio), e apertei o passo, batendo na janela do motorista.

- Senhor, será que poderia me levar de volta? - perguntei, tentando soar o mais decidido possível.

O homem uniformizado bufou, virando a aba de sua boina para o lado.

- Já é a segunda vez nesta noite. - murmurou, mau-humorado - entra, criatura, entra! Eu não tenho o que fazer com você mesmo, não é? Prefiro ficar sem incomodação.

Abri a porta de trás e me joguei ali dentro, sentando pesadamente. Como se o homem fosse o único a estar tendo uma noite difícil.

×××

Quando cheguei à Sociedade, tomei um longo banho, tentando tirar a tinta escura do cabelo. Quem me dera poder fazer o mesmo com o estranho formigamento no peito.



Oi gente!!! Cap mais curto, eu sei, mas pelo menos teve uma previazinha do Ônix.

Espero que estejam gostando, bjsss!!!

^-^


Porcelana - A Sociedade Secreta (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora