13 novembro de 1952
obs: não se assuste se seu narrador for o próprio ano de 1952.
Sara dançava na varanda de casa ao som de Jailhouse Rock do Elvis Presley. Mexia tão levemente seu corpo que parecia uma folha ao vento, e sua delicadeza a mantinha mais leve ainda. Ela era a menina dos cabelos claros quase loiros, e usava aqueles óculos meio arredondados.
Kishan estava a observar de longe, e sorria cada vez que a pequena Sara tropeçava em seus próprios passos. Ela tinha um jeito único de ser, e isso encantava o moreno. Depois de dançar três vezes seguidas a mesma música, Sara teve que entrar pra dentro de casa e fazer as tarefas da escola, ela adorava estudar, e Kishan sabia disso, pois já havia estudado uma vez com a menor. O moreno de olhos verdes foi se afastando da casa como fazia quase todos os dias por volta das 16:00, e sua tristeza havia voltado, pois fora dali, sua vida não vália de nada.
Kishan nasceu de um casamento arranjado por seus avós maternos. O pai era indiano, e a mãe uma nova-iorquina velha e feia. Ele odiava os pais, a grande mansão em que morava, a escola e até mesmo ele, mas adorava observar Sara cantar e dançar suas músicas favoritas, no final de tarde. A menor também tocava maravilhosamente bem violoncelo na escola de música de Johnny, padrinho de Kishan. O moreno sempre amou a música, e principalmente as clássicas. Ia todos os dias na escola de música do padrinho praticar piano, era incrível como ele sabia tocar todas as músicas que ja ouviu ao longo da vida, ele era inteligente, muito inteligente e tinha uma boa memória. Kishan adorava o cavalheirismo bora ele fosse um rancoroso não assumido —, o que era normal entre os meninos de sua classe.
Ao chegar em casa, viu a mãe bordando meias de tricô para o marido, e em seu rosto, revelava o quão insatisfeita ela estava por ter que fazer coisas a um homem no qual ela nem se quer gostava.
— Você chegou mais cedo hoje — disse a velha rabugenta. — Por acaso a menina do Elvis Presley desligou o rádio mais cedo?
Kishan odiava tudo que vinha da mãe, e principalmente a voz dela embargada. Parecia que sempre estava bêbada, mas era apenas uma doença nas vocais que teve aos seis anos. Ele desejava que a mulher tivesse perdido a voz, e que morresse logo em seguida.
— Trash human! — exclamou o pai que chegou na sala com um copo de soda. — Esta mulher lhe fez uma pergunta.
Kishan não respondeu mais uma vez, e foi para o seu quarto que agora ja não tinha mais janelas (somente uma pequena sacada com grades), e havia cadeados na porta. Ele era trancado a noite. Ja fugiu mais vezes do que possa contar, e seus pais tinham medo de que o moreno viesse a fugir novamente. Não que eles se preocupassem com o filho, mas precisavam dele para fazer favores no quais não podiam mais fazer.
O moreno pegou o livro das músicas, e folheou umas cinco páginas, mas logo veio o desinteresse, ele ja sabia à letra de cada música desde pequeno, e nunca viera a esquecer. Sentou-se no banquinho do piano que havia em seu enorme quarto, e começou tocar a música favorita de Sara, não que ela tivesse mencionado, mas sempre tocava no violoncelo as terças e sextas (os dias que ela praticava na escola de música do padrinho dele). Kishan tocava maravilhosamente, quando ouviu batidas na porta, e ja deduziu ser Jane, a melhor amiga do moreno.
— Entre, Dream — disse Kishan, chamando a garota pelo apelido que o mesmo a deu. Segundo ele, ela era o sonho de qualquer rapaz.
Jane entrou com uma pequena tela que acabara de pintar mais cedo. Colocou ao lado da cama de Kishan e beijou o rosto do moreno.
— Tentei pintar Sara...
— Ficou bem parecido — ele se levantou indo até a tela e pegando a mesma. — A obra mais linda que fez, Jane.
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Angel
RandomEm 1952, Kishan descobre uma garota no auditório de música. obs: história passada nos anos 50, tenho certeza que você vai gostar e se apaixonar