Surprise

11 1 0
                                    

Mais um dia se passava pela face terrestre, agora a lua já passeava pelo céu em seu ponto mais alto da noite. Era algo incrível de se ver, um belíssimo fenômeno natural que os astros premiavam o planeta. Mesmo, que toda noite fosse assim, ela nunca poderia ser chamada de simplesmente simples.
Enquanto isso, na caverna secreta da Tigrinha, os dois seres observavam o cenário fabuloso criado pelo amado luar.
— Eu nunca me canso de olhar. — A Raposa suspirou.
— Nem eu. — Completou.
— Acho que já está na hora de nós dormimos. — Bocejou, cansada.
— Tem razão. Vou ficar vendo mais um pouco, pode dormir.
— Tudo bem então. — Levantou-se. — Boa noite. — Deitou-se em baixo de uma árvore e assim adormeceu.
Porém, a Tigresa não ficou observando o céu como havia dito, pelo contrário, saiu silenciosamente após perceber que sua parceira realmente havia caído no sono.

— Então pessoal, o plano é o seguinte: Amanhã é o aniversário da nossa querida Foxy... — Foxy era um dos milhares de apelidos que havia criado para sua irmã, mas todos os animais já conheciam.
— O que é "aniversário"? — Uma coala perguntou. Essa não era uma palavra muito usada no cotidiano daquele bosque.
— Aniversário é quando alguém completa um ciclo do céu, um ano. — Sorriu animada. — Continuando. Temos que fazer algo inesquecível para ela. — Todos os animais ali presentes também abriram um sorriso, prontos para ouvir suas tarefas. Havia gente que eram amigos próximos da homenageada, outros apenas amigos ou conhecidos. — Então vai ser assim: Pandinha e Cueio irão colher o máximo de flores que puderem, mas tem que ser o suficiente para fazer uma longa trilha, os outros coelhos também pode ajudar. A Loba vai conseguir comida para a festa, mas... — Colocou um suspense na frase. — Por favor não mate animais.
— Quer que eu ataque frutas agora?
— Também, mas sobre carne tenta achar  por aí.
— Daqui um ano eu volto.
— Então vou mandar com você... Cinco macacos pare te ajudar.
— O quê?! — Foi possível ouvir risadas, às vezes devemos aprender a não desafiar quem está no poder. — Tudo bem... Pela Raposinha. E só para constar, você é a única carnívora que não gosta de caçar.
— Na verdade eu gosto de caçar, mas sem mortes. Coala e resto dos animais façam a decoração do lugar que combinamos.
— E você? — Alguém perguntou.
— Eu irei entrar numa pequena missão secreta. — Piscou. — Todos de acordo?
— Sim. — Disseram todos em harmonia, com a pior animação do mundo, mas a organizadora ignorou. — Então boa noite.

O sol já raiava normalmente, iluminando os olhos da aniversariante, acordando-a.
— Tigrinha? — Olhou para os lados, ela não estava ali. — Estranho. — Normalmente acordava primeiro que sua parceira.
Sem se importar, se levantou e tomou um pouco de água, até perceber que uma flor vagava pela brilhante água, mas não era uma flor comum, era uma rosa vermelha, uma de suas favoritas.
— Isso não é normal. — Olhou para cima, não tinha como ela aparecer aqui, só se alguém tivesse a colocado lá.
E assim, saiu de seu esconderijo, observando os lados para ver se tinha algum rastro familiar, mas não havia nada, apenas um rastro de flores.
— Isso também não é normal. O que está acontecendo aqui? — Começou a seguir a trilha, que sinceramente parecia não ter fim.
Uma hora se passou, e a alaranjada continuava seguindo as pétalas, mesmo cansada de tanto andar, mas isso poderia apenas melhorar.
— Eu estou sonhando? — Estava de frente para um campo com muitas morangueiras, e mesmo que fosse carnívora, morangos nunca eram demais. — Pensei que não existiam por essa região. — Provou alguns. — Estão deliciosos. — Mesmo que estivesse sozinha, não fazia diferença se ninguém a ouvia. — Melhor café da manhã do mundo, valeu a pena toda essa demora. — Voltou a sair andando após comer muitas daquela frutinha, até encontrar mais flores. — O que mais posso encontrar nesse caminho?
Algumas borboletas azuis cruzavam seu destino, o legal era que sua cor favorita era exatamente essa, tudo isso era apenas coincidência ou uma obra do destino? Talvez a última fosse a resposta mais exata, era coincidência conseguir encontrar uma estátua de pedra que lembrava a forma quase exata de sua espécie?
— Nossa. — Girava ao redor da obra de arte. — Quero levar para casa. — Riu. Infelizmente era algo muito grande para que carregasse sozinha, ainda mais tão longe. O máximo que poderia fazer era continuar seguindo o destino e ver o que mais ele tinha para lhe oferecer.

Já estava anoitecendo, passou o dia inteiro fora, sem encontrar um único bicho que tivesse algo chamado cérebro.
— Isso vai até o infinito, é? — Desistiria se não tivesse motivações o tempo todo para continuar. Por fim, acabou fazendo uma pequena pausa em uma área florestada escura. Será que havia sido uma boa ideia?
— O que temos aqui? Uma Raposa? — Uma voz surgiu do nada, assustando a pequena.
— Não, uma tartaruga. — Ironizou. — Quem é você?
— Quem sou eu?
— Estou esperando você responder.
— Eu não sou ninguém, sou apenas a verdade. — Era algo misterioso.
— O quê?
Shhh, não diga nada. — Aos poucos, uma enorme cobra se revelava das sombras, enrolando seu corpo no animal, sendo que a mesma continuava distraída na procura da dona da voz sem perceber que já estava nela.
— Chega, irei embora.
— Tem certeza? — Finalmente reparou na situação em que havia se metido, iria se tornar janta de cobra tão jovem?
— Me deixe ir! — Tentava sair, porém estava muito presa, aos poucos já se sufocava naquela forca viva.
— Olhe dentro dos meus olhos... Shhh...
Tudo isso acabaria na pior forma possível se algo colorido, não tivesse passado em um flash pelo cenário e arrastado a jibóia para longe, libertando a pequena e sumindo após isso. Porém, mesmo que não desse para decifrar o que passou por ali, foi possível ouvir um forte rugido.
— O que aconteceu aqui? — Estava perplexa, então o melhor que deveria fazer era sair o mais rápido dalí e continuar seguindo seu rumo.

Enfim, a trilha acabou numa lagoa familiar, onde sua vida recomeçou. Havia dado a volta na floresta e acabou tão perto do começo. Mas tudo havia sido tão bom, tirando a parte de ter ficado sozinha.
— Ninguém lembrou de mim... — Observou seu reflexo na água, até que algumas lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto, deixando a imagem turva. — Eu sou invisível.
— Nós não achamos isso. — O local ficou iluminado com vagalumes a brilhar por toda parte, e muitos animais apareceram para alegrar a pequena. — Parabéns!!
— Vocês se lembraram de mim?! — Secou as lágrimas e deixou que um sorriso decorasse seu rosto.
— Como conseguir esquecer?
— Obrigada pessoal. — Olhou para os lados. — Cadê aquela Tigresa? — Era estranho, ela não estava ali, estava sumida já fazia tempo.
— Não vimos ela desde madrugada. — Uma Panda respondeu a pergunta.
— Estou aqui. — Apareceu, mas não estava sozinha. Atrás dela havia algumas outras raposas, a família da aniversariante.
— Mãe! Pai! — Correu em direção a eles, se aconchegando num abraço quentinho.
— Como foi seu dia? — A felina observava a cena, dando espaço à sua curiosidade.
— Legal, melhor agora. — Abraçou a meia-irmã. — Onde você estava o dia inteiro?
— Cuidando de algumas coisas...
— Por acaso foi você que me salvou de uma cobra? — Estava desconfiada já fazia tempo, tudo se encaixava como um quebra cabeças e todas as pistas levavam a um único animal.
— Bem...

"— Isso vai até o infinito, é?
— O que temos aqui? Uma Raposa? — Uma voz surgiu do nada, assustando a pequena.
— Relatório da missão! — A Tigrinha observava tudo atrás de uma moita, dando a ordem para uma águia que a acompanhava. Já vigiava sua parceira desde o campo de morangos.
— Encrenca. — Após isso, foi a vez da pequena bola de pelo se arrepiar.
— Temos que fazer alguma coisa! Borboletas! — Os insetos coloridos se aproximaram de seu corpo, como se vestisse uma roupa estilosa.
— Olhe dentro dos meus olhos... Shhh...
— Agora! — Pulou para a área onde as duas estavam, empurrando a cobra para longe com suas garras e deixando um rugido de marca registrada."

— Vamos dizer que sim... — Sorriu.
— Obrigada por tudo. — Abraçou.
— Acho melhor fazer seu pedido, Estrelinha. — Sinalizou para o céu, enquanto uma estrela cadente passava lentamente pela grande parede azul.
— Desde quando sou uma estrela? — A encarou após fazer o seu pedido.
— Desde quando percebeu que sua vida era voltada para ser uma estrela. — Riu. — O que pediu?
— Que haja mais dias como esses inesquecíveis.
Mesmo que tivesse passado o dia inteiro sozinha, se divertiu, e mesmo que achasse que ninguém lembrasse de seu aniversário, todos estavam ali em um abraço quentinho e confortável, pois quando a pessoa é querida, nunca é esquecida.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Feb 13, 2017 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Surprise for My SisterOnde histórias criam vida. Descubra agora