Uma bolada de amor...

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Como é típico dos clichês, eu poderia começar a minha história falando sobre como o dia estava ensolarado, com belas flores desabrochando, pássaros cantando e borboletas colorindo os jardins da vizinhança, pessoas alegres e sorridentes e tudo mais...

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Como é típico dos clichês, eu poderia começar a minha história falando sobre como o dia estava ensolarado, com belas flores desabrochando, pássaros cantando e borboletas colorindo os jardins da vizinhança, pessoas alegres e sorridentes e tudo mais, mas isso não seria lá muito justo.

Não quando o dia, na verdade, já estava nublado desde a hora em que acordei e eu, Park Chanyeol, na impetuosidade dos meus oito anos, insisti em sair mesmo assim, não querendo abrir mão de um dos meus últimos dias de férias. Não quando, apenas duas horas depois, interrompendo pela metade o jogo de futebol no campinho improvisado do bairro, o céu começou a desabar e todos os garotos tiveram que correr de volta para suas casas, porque o dono da bola - cagão que só ele - foi o primeiro a ir embora.

Deixado sozinho, não tive escolha a não ser voltar também, bufando de raiva e frustração pelo dia que não mais poderia aproveitar. Cheguei na minha rua já completamente ensopado, imaginando as reclamações que a senhora minha mãe derramaria sobre a minha pobre alma privada de felicidade, porém meus pensamentos foram interrompidos e - devo dizer - não de um modo muito sutil.

― Cuidado! ― e puff! Sim, puff. E depois um paff!

Nem tive tempo de processar o grito, nem a bola vindo em minha direção, apenas senti o impacto, primeiro bem no meio da minha fuça, o que me tirou o equilíbrio. E logo em seguida, quase sem intervalo para saborear a primeira dor, caí com tudo de bunda no chão, sentindo uma dor do inferno enquanto o mundo rodava à minha volta.

― Ai, meu Deus, me desculpa! ― ouvi a mesma voz, agora perto de mim, e quando a minha cabeça parou de rodar e minha visão se focou novamente foi que vi que era uma garota. ― Você tá bem? Eu tava meio com raiva aí dei um chutão mas eu não vi você ai meu Deus me desculpa você não vai morrer né? ― ajoelhada ao meu lado no chão, ela falava sem intervalo, deixando-me bastante confuso. ― Minha mãe vai me matar, ela me deu a maior bronca quando o meu hamster morreu. E meu peixinho dourado também. E o meu cacto-

― Ei, calma! ― interrompi o falatório ainda meio tonto. ― Eu to bem.

― Tá mesmo? Quantos dedos tem aqui? ― ela insistiu, parecendo mais desconfiada do que preocupada, e ergueu a mão suja com pedaços de grama perto do meu rosto, levantando dois dedos magros.

― Dois.

― Graças a Deus! Eu não vou ficar de castigo! ― ela suspirou aliviada e se levantou sem demora, pegando a bola que tinha chutado na minha cara.

― Podia, pelo menos, me ajudar a levantar também ― resmunguei baixo enquanto levantava sozinho, achando que o barulho da chuva abafaria a minha voz, porém fui ouvido e a resposta foi bem rápida e certeira.

― Pensei que garotos não precisassem da ajuda de meninas. Não é o que sempre dizem? ― foi a vez do plaft, agora do tapão imaginário que tomei, e tenho certeza de que, se o meu rosto já não estava vermelho pela bolada, ficaria por causa daquilo.

E foi assim que rolouOnde histórias criam vida. Descubra agora