"Rachel." Chamou. " Partilha comigo,por favor." Pediu,fazendo beicinho,destacando o batom vermelho que já se encontrava borratado.
Por influências do álcool, o meu riso deu entrada na situação, confundindo a minha colega.
A realidade é que eu não sabia do que me estava a rir. Nada naquele sítio tinha piada, muito menos sentido.
O local encontrava-se preenchido de 'adolescentes com as hormonas aos saltos' - uma das expressões mais utilizadas para descrever festas como esta.
Eu já nem sabia mais oque estava, eu, ali a fazer,isto se alguma vez tivera tido o conhecimento.
Apenas me conseguia relembrar da maneira como o copo vermelho encaixava nas minhas mãos e o líquido colorido caía sobre este, enchendo-o a cada 2 minutos para voltar a ficar vazio segundos depois."Eu depois pago-te,miuda." A loira continuava a implorar,embora já tivesse bebido o suficiente para se encontrar embriagada.
Neguei com a cabeça, recebendo um revirar de olhos da parte dela,em troca."Para a próxima não te esqueças da carteira em casa." Avisei enquanto ria. Era incrível a maneira como o álcool tinha efeito em mim. Cada frase que eu dizia tinha que vir acompanhada com uma gargalhada.
A rapariga alcoolizada e,agora aborrecida, virou costas desaparecendo entre a multidão de corpos suados.
Fiquei a olhar para a minha bebida, enquanto tentava movimentar o meu corpo ao ritmo da música,continuando a rejeitar qualquer rapaz que me tentasse conquistar,fosse da maneira que fosse.
Segundos,foi o tempo suficiente para me dar a volta à barriga e eu conseguir sentir o vómito a dar sinal de vida.Tentei afastar-me de todos mas parecia que quanto mais tentava, mais a confusão apertava.
Olhei em redor na tentativa de encontrar a porta de saída,e,para minha felicidade ,la estava ela.
Comecei a caminhar de encontro a esta. A cada dois passos,uma pessoa vinha de encontro ao meu corpo,fazendo com que este estremecesse.Eu tinha que admitir que me tinha saído a sorte grande apenas no facto de ter conseguido chegar até ao meu 'destino'.
Saí daquela enorme mansão que já me começava a dar dores de cabeça.
O vento passeava pelas diversas árvores,vendo-se os seus ramos a esvoaçar.
Senti-o a bater contra a minha pele, que rapidamente reagiu, arrepiando-se.A minha mão tentou alcançar o meu telemóvel,que se encontrava no bolso de trás das calças,mas, antes de o conseguir realizar, um líquido ácido e nojento, saíu pela minha boca, caindo no chão como se eu fosse um chafariz de vómito humano.
Naquele momento, eu consegui sentir cada músculo do meu corpo contraído. Era como se tudo fosse sair do meu corpo atraves da minha boca, e eu,ficaria completamente vazia.Para minha surpresa,umas mãos grandes e fortes, agarraram-me o cabelo, impedindo que este fosse para a frente da minha face,misturando-se com o maldito vómito. Pela sua força,deduzi que era homem. Ao inicio pensei que fosse mais um dos 'prededores' que queriam tentar a sua sorte e mais uma vez não iriam conseguir,mas, depois apercebi-me que a figura masculina estava realmente a tentar ajudar-me.
Fechei os olhos com força.
Como todas,ou talvez mais que as outras pessoas, eu odiava vomitar. Era uma sensação que,misteriosamente,me trazia muita aflição e ansiedade.
Assim que me senti mais aliviada, encostei as costas ao muro que ali se encontrava,deslizando para a relva.
Uma das mãos da figura masculina passou pelo meu rosto, percorrendo cada traço dele. O seu toque transmitia-me paz. Era uma sensação incrível e de difícil compreensão.
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|| Fools || - H.S
RomancePorque quando mais necessitámos que seja real, menos acontece. Passamos a vida a desejar que certos acontecimentos realmente aconteçam. Esperamos, choramos, sofremos e até sorrimos, para mais tarde acabarmos por dar conta que esses pensamentos nunca...