Uma gota de água escorreu em minhas costas causando arrepios por todo o meu corpo, olhei para cima e uma gota caiu em meu rosto. Estendi a palma da mão em pleno ar e novamente a sensação fria causada pelo impacto da gota de água me fez estremecer. De repente senti algo quente sendo colocado sobre meus ombros, olhei para o lado e Gustavo sorria para mim. Num movimento rápido deixei meus braços deslizarem por dentro das mangas de sua jaqueta. Quando minha mão ficou paralela ao meu corpo senti seus dedos entrelaçando de leve os meus e me puxando delicadamente a fim de que eu acompanhasse seu ritmo.
Automaticamente reconheci o letreiro da boate para a qual ele estava me conduzindo. Milhares de sinapses nervosas trocaram impulsos elétricos e as lembranças de alguns segundos atrás ecoaram em minha mente.
-E então, quer que eu te leve para casa ou ainda quer aproveitar mais a noite?
- Ah... você que fez o convite, rs... pensei que cada passo estivesse pré-estabelecido...
- O quê? Hahahaha, eu não sigo script... eu deixo rolar...rs
- Hmmmm, bom saber, vou anotar isso na minha agenda, sabe né, informações para o próximo encontro... hehe
- Olha só o que temos aqui, uma senhorita metódica....rsrs
- Moi? Nada disso Mon Amour!
- Tá bem Ma Chérie, que tal eu te levar ao lugar onde nos vimos pela primeira vez?
- Sério?
- Sim, seríssimo... a não ser que você não queira...rs
- Ah por favor, já estou até roendo as unhas de curiosidade!
Nós já estávamos quase correndo enquanto atravessávamos a rua pois a chuva começara de fato a cair pesadamente sobre nós. Olhei de relance para seu rosto e um insight me ocorreu. Pisquei os olhos com força... Não, não podia ser! Aqueles traços escondidos pela penumbra estavam ficando cada vez mais nítidos em minha mente e eu estava ficando absurdamente perplexa. Eu me lembrava perfeitamente dele. Isso foi há sei lá... umas quatro semanas atrás? Como eu não percebi isso antes? Como não liguei os pontos quando ele mencionou o esbarrão? Isso é algum tipo de conspiração do destino?
Ele estava me conduzindo delicadamente para dentro do Pub, minhas pernas estavam agindo automaticamente pois minha mente estava trabalhando a todo vapor apenas em uma tarefa: juntar os fragmentos deste quebra-cabeças. Ao meu redor pessoas iam e vinham, a música eletrônica estava a toda altura dentro do estabelecimento e todos que estavam do lado de fora percebendo o temporal se apressaram em retornar para a proteção da casa noturna. Enquanto uns lutavam para entrar uma garota irrompeu porta afora, só percebi que ela vinha dali de dentro quando a mesma esbarrou em mim, mas eu nem me importei, só vi de relance seus longos cabelos castanhos passando como um vulto ao meu lado.
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Não deixei de ficar intrigado com aquela cena, mesmo tendo ocorrido muito rápido, aqueles breves dois segundo em que vislumbrei seu rosto... Não sei, ela me parecia familiar. Balancei minha cabeça tentando espantar aqueles pensamentos, talvez a bebida já estivesse fazendo efeito. Fui empurrando gentilmente as pessoas a minha volta, abrindo passagem até o divã no qual eu estava sentado a algumas horas atrás. Luana estava lá, praticamente deitada no mini sofá com uma cara de bêbada e um cigarro entre os dedos. Quando meu viu apenas se afastou um pouco a fim de me dar espaço para sentar.
Me acomodei ao seu lado, ela puxou um trago do cigarro e me estendeu a bituca. Ambos encarávamos a massa de corpos que dançavam no meio do salão.
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Convergindo (Em Construção)
Novela Juvenil"...toda essa história começou há seis semanas atrás quando minha rotina continuava pacífica e monótona... aliás, eu já estava contando os dias para minha formatura, não porque estivesse empolgada e sim por querer me ver logo livre disso. Tão inocen...