capítulo 6: O perigo é real

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"O medo do perigo é mil vezes pior do que o perigo real."
( Daniel Defoe)

Acordei horas depois e percebi meus lábios roxos de frio, meu corpo gélido e eriçado. O aquecedor provavelmente havia parado outra vez, meu torso doía como nunca antes, a alvorada passada veio à minha consciência como um turbilhão, levei as mãos ao local onde eu mais sentia dor, meu ombro estava inteiramente roxo-azulado, havia um hematoma gigantesco, e haviam outras escoriações menores por todo o meu corpo, aquilo foi real, eu havia sido agredida por uma garota cuja força era descomunal, subi as escadas desolada, e fui até o quarto de Elise, que ainda dormia profundamente com aqueles malditos fones de ouvido.

"Elise acorda, olha isso."

Abaixei a manga da blusa revelando minha contusão.

" Meu Deus, Amely, o que é isso? "

" Foi uma... "- notei em seu semblante perturbado o quanto ela estava cansada.

"Não foi nada, eu só caí da escada, está tudo bem."

Elise andava de uma extremidade á outra do quarto sem parar com um ar pensativo pairando sobre si.

" Vista-se, vamos ao hospital. "

Eu apenas obedeci, sem pestanejar. A caminho do hospital de Calgary, a cidade mais próxima de Darkening, não houve nenhum diálogo entre nós, o silêncio era a melodia, aquele silêncio, não era tão ruim, até o ar ali era diferente, tão puro, descontaminava meus pulmões, aquela casa sufocava, o ar era pesado, denso e triste, a casa era escura, parecia viver constantemente embaixo de uma nuvem negra. Recostei-me no banco e peguei no sono, tão tranquilo como há dias eu não tinha.
Chegando ao hospital fui atendida por um homem baixo, robusto, que sustentava um bigode branco que cobria sua boca quase completamente, ele era bastante gentil, disse que eu estava bem, mas pediu um raio-x da cabeça pois eu a havia batido muito forte. Logo, ele me liberou da observação e voltamos para a casa. Ao abrirmos a porta de entrada, nos deparamos com uma cena assustadora: nossos móveis e tudo o que havia na sala de estar flutuava em círculos vertiginosos e violentos, em seguida, tudo parou por um instante no ar, e caiu violentamente no chão, o estrondo ecoou pela casa até desaparecer, nós duas ficamos paralisadas na porta, Elise parecia tão chocada quanto eu.

" Você também viu isso, não viu?" - Perguntei apenas para me certificar de que não estava maluca.

Ela tentava responder, mas sua voz estava entalada em sua garganta.

" Vamos entrar?"- indaguei sem certeza da resposta.

" Eu não sei se quero entrar aí."

"Vamos Elise! É a nossa casa, não podemos deixar que eles tomem conta."

" Eles? Eles quem?"

" Os fantasmas."

Ela me olhou incrédula, mas lentamente foi entrando, e subiu para seu quarto, já morávamos ali há 6 meses e só agora Elise veio a perceber que coisas estranhas ocorriam naquela casa.
Veio à minha mente o caso da família Manfrini que morou dentro da propriedade Williams, já era fim de tarde quando decidi dar uma volta pela propriedade em busca da casinha em ruínas, havia uma pequena mata dentro da propriedade onde se atravessava para chegar do outro lado onde se encontravam as plantações e estábulos, a trilha não usada há muitos anos já não existia, mas fui abrindo caminho entre o matagal que a cobria, 20 minutos depois eu estava do outro lado, o mato estava bem alto naquelas extensões, consegui avistar parte dos destroços em meio ao matagal, andei até lá, e ao me aproximar, eu ficava a cada minuto mais chocada de imaginar as cenas que eu sonhava acontecendo ali, a casinha era toda de madeira, era pequena, apenas dois cômodos, naquele momento apenas um estava de pé mas ameaçava cair a qualquer momento, muitas cinzas no chão, mas algumas coisas haviam sido apenas parcialmente queimadas como uma foto de família onde o rosto das crianças as chamas haviam consumido, mas o rosto da mãe, Belina, estava intacto, e era a mesma mulher dos meus sonhos e a mesma que havia caído da lareira, um calafrio me tomou a espinha, eu parecia estar sendo observada, parei um instante olhando em todas as direções, foi quando levei uma forte pancada na cabeça e caí desacordada.

Ao acordar atordoada, naquele breu, apalpei todos os bolsos em busca do meu celular, o encontrei e logo o liguei e apontei sua luz fraca para todas as direções a meu redor, não havia nada além de escuridão e ruínas, parei tentando ouvir algo, mas minha respiração cortada e frenética não deixava, olhei as horas e eram exatamente três da manhã, ouvi algo se mexer pelas minhas costas e disparei em direção a mata sem enxergar um palmo a minha frente, no caminho um galho solto rasgou minha blusa, meu coração estava disparado, quando cheguei ao outro lado, vi as luzes do casarão acesas, e corri até lá, a porta estava aberta, a casa totalmente revirada, e Elise estava sentada com as pernas cruzadas, virada para a parede, imaginei que ela havia sofrido um ataque de sonambulismo, não era frequente, mas ela entrava em crise quando estava muito nervosa, fui me aproximando devagar.

" Elise?!" - Chamei e ela não se moveu.

Ao me aproximar, percebi que Elise estava toda machucada, seus braços e pernas continham arranhões monstruosos, quando toquei em seu ombro, Elise se levantou de súbito, me olhou com ódio, havia algo infernal em seus olhos e uma ferida muito profunda em seu pescoço, ela desmaiou em meus braços em seguida.
Enquanto eu arrastava Elise para acomoda-la no sofá, notei gotas de sangue caindo em meu ombro direito, eu sentia uma dor aguda em meu crânio. Me sentei ao lado de Elise, e ali, permaneci o resto da madrugada.

OI AMORES ESTÃO GOSTANDO DESSE MISTÉRIO HORRENDO?
ENTÃO DEIXE SEU VOTO E SEU COMENTÁRIO É MUITO IMPORTANTE PARA MIM!! BJOS E BONS ARREPIOS.

Os Fantasmas De Amely WilliamsOnde histórias criam vida. Descubra agora