Amanda dois dias após a carta
Existem poucas coisas no mundo que realmente valem a pena, e você se surpreende ao perceber que todas elas são coisas pequenas e simples que ignoramos durante o nosso dia a dia. Um sorrio bobo, um olhar verdadeiro de quem não olha seu corpo e sim sua alma. Um bom dia como você dormiu? está melhor? eu não entendo como cheguei até esse ponto, nunca fui o tipo de pessoa que pensa profundamente sobre algo, pelo contrário sempre fui rasa demais, a morte de Sandro arranjou um buraco dentro de mim, no começo pensei que não sobreviveria a ele, mas pessoas a quem ninguém, nem mesmo eu dava valor, preencheram o meu vazio com flores, flores de amor, de lealdade de amizade. E eu jamais esquecerei quem estendeu sua mão quando eu precisei, nem eu nem meu pais, eles falam de Eleven como se ela fosse a heroína deles, e talvez seja mesmo.
Sempre pensei que tinha vários amigos, andava com muitas pessoas que sentavam e comiam na mesma mesa que eu. Me achei superior, porque é isso que a sensação de poder faz com você, até que chega a um ponto de você se olhar no espelho e não se reconhecer. Você fica perdido em meio a mil versões totalmente irreais de você mesmo.
Meus novos amigos me mostraram quem eu podia ser e o tanto que eu posso mudar, é sempre possível ser feliz de novo, recomeçar, voltar ao início, me curar.
— No que está pensando? — Alvin pergunta.
— Estava pensando em mim mesma. — ele sorri.
— Eu também. — ele confessa.
— Estava pensando em você mesmo? — ele sorri, e timidamente olha em meus olhos.
— Em você. — minha bochecha cora na mesma hora.
— Alvin. — tento repreende-lo.
— Eu não disse nada demais. — ele se defende.
— Você sabe... — olho para o sol. Um dia eu fui o sol de alguém, hoje me sinto traindo Sandro toda vez que penso em Alvin como meu sol, mas ele é.
— A única coisa que eu sei, é que tenho muito tempo livre para tentar roubar seu coração e se nada der certo, bem, o que eu posso fazer? Pelo menos vou ter provado que você ainda tem um.— caímos na risada.
— É melhor mudar de assunto. — eu olho o céu.
Estamos sentados na grama, no nosso lugar, quero dizer de nós todos, não só meu e do Alvin. Estamos no campo de amoras que Eleven descobriu. Uma brisa passa por nós causando um calafrio, algumas amoras caem perto da gente, Alvin não pensa duas vezes antes de enfiar três de vez na boca, seus lábios ficam roxos, seu cabelo vermelho está em um topete, e sua blusa cinza está amarrotada. Sua calça marrom está se sujando, mas quem se importa? alguns fios vermelhos caem sobre sua testa. Ele me olha e meu corpo gela, ele está me olhando de um jeito que nunca fui olhada antes, nem mesmo por Sandro.
— Ele fez aquilo. — Alvin se refere a Malakai.
— Eu pensei que ele não conseguiria. — eu olho para ele.
— Se fosse por você, eu também seria corajoso. — ele fita o chão.
— Você já é corajoso o suficiente, não quero que você parta. — ele me olha.
— Eu nunca te deixaria para trás. — eu estou fitando minha raposa que está correndo que nem louca pelo campo.
— Você não precisa ficar por mim.— digo sem o olhar.
— Ei, eu não iria a lugar nenhum sem você. — ele poe a mão em meu rosto. — eu não preciso mesmo, eu quero. — eu o olho por longos minutos em silêncio.
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Eleven
FantasyEu sou uma fada. Meu nome é Eleven, justamente porque sou uma fada onze. As fadas são separadas por números, minha geração é a número onze. Desde que houve fadas, somos responsáveis pela proteção da ger...