Dinheiro. Carreira bem sucedida. Pais afetivos. Amigos companheiros e presentes em sua vida rotineira. Sossego. Nada, além disso, compunha a lista de desejos do rapaz de vinte e dois anos que já havia descoberto o prazer de morar sozinho e por conta própria de tudo.
O dinheiro veio com a ajuda do trabalho, a empresa que o pai comandava sempre fora um bom negócio e ele podia confirmar que nunca havia se arrependido de quando aceitou assumir o cargo de vice-diretor assim que recebeu a proposta do homem mais velho em uma tarde de domingo quando ainda tinha seus quase dezoito anos. Começar a ganhar seu próprio dinheiro e ainda dentro de sua harmônica rede familiar lhe parecia uma ideia chamativa e agradável.
A carreira bem sucedida chegou logo em seguida, assim que o trabalho começou, ganhou tal reconhecimento que merecia através do investimento do pai e das apostas que fazia no filho que resolveu atender ao máximo os desejos da empresa. Mesmo desanimando algum tempo depois por conta do cansaço, sempre aparentou ser um rapaz que dá o seu máximo em qualquer oportunidade que lhe encaixam, e foi o que realmente aconteceu.Os pais afetivos sempre tiveram tal perfil em relação à família. Apesar da grande quantidade de trabalho a fazer, houve um momento em que perceberam que existe uma grande diferença entre trabalho e filhos, o que os obrigou a separar devidos períodos de tempo para cada um. O pai chegou a ler livros antidepressivos de auto ajuda que dava cento e uma dicas de como ser bem sucedido entre a família e o emprego que levava. A mãe só precisou que o homem com quem ela era casada assinasse alguns papéis que confirmasse a hospedagem de uma semana da mulher em um SPA da região, dando a desculpa de que aquilo era o suficiente para voltar relaxada e livre para tomar a atitude certeira junto com o marido.
Os amigos companheiros e presentes em sua vida rotineira, de início, aparentavam ter surgido em quantidade errada. O rapaz tinha a quase certeza de que um bar não poderia lotar com apenas dois bêbados, mas nunca havia reclamado da presença de Luhan em sua vida, que apesar de imprevisível, sempre foi única. Quando se mudou para a cidade mais movimentada de toda a região, achou que não teria divertimento em festas ou outro tipo de comemorações simplesmente por não conhecer as pessoas locais o suficiente, mas acabou que em uma noite dividiu por um acaso sete latinhas e meia de Soju com o loiro de sotaque diferente. A partir daquele momento, soube que as piadas sobre alguns séculos passados que aquele que acabou passando a chamar de amigo contava durante a noite, não acabaria tão cedo, e seria necessário mais bebida e tempo de sobra para o resto da conversa.
O sossego Chanyeol sempre teve. Assim que se formou no terceiro ano, seu pai de carreira forte e muito dinheiro no bolso decidiu presenteá-lo com uma casa aos arredores de uma de suas filiais em Seoul. Assim, o filho tomaria conta do que aconteceria por ali e o homem sairia em vantagem por não precisar locomover-se tão constantemente simplesmente para cumprir tal papel de que Chanyeol ficou encarregado. O filho, em troca de todo o esforço de abandonar a cidade natal juntamente com os amigos de infância e a presença materna dentro da casa que passaria a ser apenas sua, decidiu que ficaria por sua conta escolher o local onde passaria a morar dali em diante, acabando por juntar seus pertences e mudar-se para um condomínio quase que classificado como luxuoso uma semana depois do combinado.
A vizinhança sempre lhe caíra bem. Tinha suas tardes onde corria pelo pequeno quarteirão ou levava sua adorável gata de estimação para dar uma volta. Às vezes ia para a casa da vizinha da frente passar o começo da noite. A senhora adorava a presença do rapaz dos olhos castanhos, que lhe trazia companhia para os chás e os biscoitos com gotas de chocolate que sempre fazia.
Nunca havia enfrentado problemas envolvendo vizinhos emburrados, respondões e que se achavam os únicos donos do mundo. Nem ao menos os que gostam de sorrir ironicamente e zombar de sua situação. Ou até aqueles que mantêm um animal de estimação da mesma espécie que o seu, o que torna tudo uma real confusão emaranhada entre gatos e visitas inusitadas.
Isso até Sehun chegar e mostrar que era possível acontecer algo parecido envolvendo essas situações como um todo, de uma única vez. E com ele, trouxe o barulho, a falta de sossego e tudo o que Chanyeol nunca havia escrito em sua lista de desejos.
Para começar, Sehun era barulhento. Não aquele tipo de pessoa estrondosa que costuma ouvir música eletrônica em um horário que não respeita as leis sonoras do bairro ou que toca a campainha da casa dos vizinhos repetidas vezes seguidas. Sehun era barulhento em si. Alto, alto e alto.
Chanyeol nunca poderia se esquecer das noites que passou em claro apenas por não conseguir dormir pelo simples fato de seu vizinho da casa esquerda sentir um delicioso prazer em recitar frases de livros eróticos populares entre adolescentes e homens viúvos. Já havia decorado parágrafos que falavam sobre vibradores e outros tipo de brinquedos sexuais, além de sempre começar uma briga interna com seu consciente entre um Chanyeol que levaria o rumo daquela história imaginária como uma simples brincadeira noturna por um pequeno acaso e uma outra parte do rapaz dos olhos castanhos que insistia em repetir para si mesmo não deixar-se excitar por meras palavras ouvidas.
Ou até mesmo dos momentos em que tentava estudar e concentrar-se nos cálculos que envolviam as despesas da empresa, mas o som das notas soltas de um piano sendo dedilhado constantemente sempre o fazia perder o real foco de toda a situação.
Além de que já poderia denominar-se como acostumado com a presença de um segundo animal em sua casa. E na opinião de Chanyeol, um terceiro, quando Sehun resolvia resgatar o que era seu dentro da casa do rapaz de orelhas grandes.
Com a ajuda de Sehun, Chanyeol conheceu a raiva, o desgosto, a repulsa e a indignação por apenas uma única pessoa, descobrindo também que não se pode deixar seu animal de estimação tomar a livre liberdade de ir para qualquer lugar no meio da noite e que há uma grande probabilidade de arrependimento ao criar a decisão de ser o primeiro a comunicar-se efetivamente com o indivíduo recém-chegado à casa ao lado da sua.Com a ajuda de Chanyeol, Sehun descobriu que existem pessoas sensíveis demais para situações envolvendo discussões com temas variados e inusitados, acabando sempre em gritaria da parte oposta e alguns atos que deixavam Sehun com uma marca permanente em seu corpo. Também acabou percebendo que assim como seu gato pode envolver-se com a fêmea de sua espécie que era de seu vizinho, o próprio dono pode acabar fazendo o mesmo em uma mistura indecifrável envolvendo bolos, toalhas, música alta e sexo auditivo. Não necessariamente nessa mesma ordem.
Sehun e Chanyeol acabaram descobrindo o ódio juntos, mas não perceberam o amor crescendo ao redor de si mesmos.
Cabe apenas a eles descobrir o outro lado dessa história.
-x-
olá sunshines!
any chanhun shippers here? 🤔
essa é uma adaptação que foi autorizada pela autora studyrainballs! espero que vocês gostem e cuidem muito bem de speaking in bodies.
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speaking in bodies.
FanfictionChanyeol odiava seu mais novo vizinho o suficiente para não ser capaz de dizer o quanto queria ele longe de sua vida. Sehun contava com a ajuda de bolos, música alta, sexo auditivo, festas, toalhas e gatos de estimação para mostrar ao outro rapaz o...