O Grande Guia da Estupenda Mitologia Pandoriana

O Início da Gênese

  Tornamo-nos Deuses na tecnologia, mas permanecemos macacos na vida

Arnold Toynbee

  Tudo que possui massa é matéria. Tudo é matéria, com exceção do vácuo. A definição de vácuo é espaço livre de matéria. Houve um tempo, antes da existência que nada existia, nem mesmo o vácuo. Para um simples humano é difícil imaginar isso. É um conceito complexo, mas acontece que não existiam conceitos ainda.

  Como mágica um pato de borracha surgiu, preenchendo a inexistência de qualquer coisa em volta com matéria escura. O vazio é infinito e existe até os dias de hoje, mas é preenchido pelo universo a cada segundo enquanto expande.
  O pato de borracha expandiu mais e mais até que ficou esférico. Devido a varios fatores, os gases em seu interior expandiram, até estourar o brinquedo. Um dos pedaços amarelos se moldou, fazendo um formato humanoide. Esse pedaço cresceu. Era muito parecido com um humano, mas com apenas uma cor e textura e sem cavidades. Sem explicação alguma este objeto inerte, moveu seu braço. Ele tinha criado alguma consciência. Ele sabia de tudo. Ele era quase tudo, afinal, além dele existiam pedaços de pato de borracha e o vácuo.

  O inominado ser moveu seu braço amarelo e com seu vigésimo sexto dedo apontou para um dos pedaços. O pedaço quase que instantaneamente se tornou uma enorme bola de plasma e gases. Em sua recém formada consciência lhe veio a palavra "estrela". Com o mesmo dedo, apontou para um segundo pedaço do pato que estava mais distante e formou uma esfera perfeita muito menor que a estrela, mas mesmo assim muito maior que ele. Em sua recém formada consciência lhe veio a palavra "pandora".
  O ser apontou o mesmo dedo para sí, e moldou seu corpo. Então de um pedaço arrancado com telecinese da esfera ele criou um espelho e se viu. Em sua recém formada consciência lhe vieram inúmeras palavras. Infinitas palavras. Palavras com combinações de fonemas jamais imaginados pelo homem e ou qualquer espécie que já viveu. Em sua mente ele tinha literalmente uma lista com todos os nomes possíveis. Dentre eles escolheu o que melhor definia ele: existência.

Existência se aproximou da esfera, e então, apenas batendo suas palmas da mão criou uma elevação no círculo. Ele criou uma atmosfera em volta de Pandora e a encheu de oxigênio. E de uma bola de borracha, fez um geoide irregular. O ser apontou o quarto dedo mindinho da mão direita para a parte mais baixa, e encheu ela de H2O, deixando livre da enchente e ilhada apenas a parte elevada. Transformou o fundo do oceano em areia e outros materiais a medida que mais fundo ficava. Fez o centro de pandora com metal derretido e em volta dele fez o magma.
   O criador simplesmente estalou os dedos e fez a estrela girar em torno do planeta.
  Na ilha fez algo parecido, porém muito mais complexo, com planícies, praias e coisas do tipo. Porém, mesmo assim, ele viu um problema: tudo era muito marrom. Ele tentou mudar a terra de cor, mas de nada adiantou por tudo ser muito terroso. Existência apontou para o chão com um de seus dedos e algo saiu de lá. Exatamente no lugar aonde foi apontado cresceu um pequeno caule verde. Existência percebeu que era isso que faltava: vida como ele.
  O ser lotou o chão de terra com gramas, flores e fez imensas florestas. Existência realmente se empolgou com sua mais nova invenção.

  O criador fez inúmeras formas de vida, fez até algumas mais complexas que se mexiam. Mesmo animado com suas criações, deixou uma grande parte guardada por não caber tudo na ilha. Mas existência sentia falta de algo: companhia. Ele realmente estava na dúvida sobre isso, e sua onisciência só piorava as coisas. Existência criou uma montanha na borda da ilha de pandora e sentou em seu cume.
  Existência cruzou as pernas, fechou os olhos e refletiu. O primeiro ser vivo refletiu por mais de 7.000 voltas do sol ao redor do planeta. Existência ficou 7.000 anos sem mover um músculo, e chegando ao fim ele chegou à uma conclusão: ele precisava de ajuda.