Baile de Máscaras

Prólogo:Bonequinha de porcelana

"Máscara,máscara,ponha a sua máscara!Não seja você não dê motivo pra quem fala,seja superficial ,nunca diga a verdade,não dê ouvidos a sua sanidade"
E assim cantarolava uma garotinha que aos seus 10 anos com um lindo sorriso estampado em sua boca,tinha um andar elegante e era gentil a cada pessoa que lhe dissesse um bom dia.

Madalene que outrora se chamava de Ana Julia Rosen,estava acostumada a andar em sua plena fase de crescimento de salto alto,uma linda saia de cores em variados tons de verdes ,amarelos e azuis e usar blusas de renda que esconde as marcas de chicotadas a cada erro mínimo que seja.
Mas ela não tinha escolha,ninguém tem em Opala,um novo país, formado por sofismas e ideais distorcidos.Ela desde seus cinco aninhos,quando o homem mal apareceu e dominou tudo e a todos ditando como cada um trabalharia,sabia que realmente nada seria bom.

Ela com seu lindo rosto de bonequinha,sabia que naquela época,os homens maus levaram a sua verdadeira família ,tomaram a herança e uma fábrica dando a posse a família inimiga:Brunell.

E ela ,foi exatamente algo que se tornou posse deles,a Madalene Branca Brunell,apenas um nome de fachada,apenas uma escravidão disfarçada,onde essa bonequinha teria que ser perfeita,atrair com seus encantos algum membro de elite que pagasse um alto valor para ter uma diva em casa.

Mas mesmo assim,a garota mantinha aquele sorriso meigo e se demonstrava passiva a tudo.E para conseguir isso,a Mady ignorava seu passado e seguia em frente com os tortuosos procedimentos estéticos de beleza.

Sim,não basta aprender desde pequena a ter bons modos,a cantar,a maquiar a atuar para ser notada,não!Quanto mais a pele branca for, melhor,ora um país com um governante ditador que tinha como ideal a teoria racial,não seria diferente.

E ela precisou ficar mais branca,ninguém estava satisfeito com sua pele morena de sol,o que fez sua "família " a leva-la para fazer um intenso clareamento de pele com metais pesados.Isso e outros tratamentos de beleza ,como extrair a melanina dos olhos os tornando duas vazias pedras de safiras ,adicionando uma dieta rigorosa para caber em apresentações onde cada figurino tinha medidas cada vez menores.

Isso a deixava linda para os padrões de uma sociedade racista e totalitária,mas por outro lado causava fraquezas em seu corpo e queda de cabelo,tendo ela então a usar peruca de cabelo natural cacheado loiro para esconder isso.

Mas não importava o quanto isso a machucava de verdade,isso a deixava uma linda flor de porcelana,a família investia para que tivesse uma miss universo em mãos que resultaria em lucro,até pensavam que caso necessário e provavelmente,colocaria silicones em lugares possiveis para valorizar o produto.

Isso pra ela não importava agora ,quando percebeu que poderia estar entorpecida para evitar o mundo e construir um só seu,deixou de se importar para não sofrer.

Agora,que estava a dobrar a esquina em ruas com várias câmeras,continuou a sorrir tentando ser inocente e delicada enquanto na verdade,queria estar sendo irônica a 5 segundos do dia e mandar todos se lascarem,mas renderia em uma possível prisão,graças a concepção do governante Henrico,que acreditava que isso seria um crime.

Então recitou Madalene ,tentando evitar o sarcasmo:

"É ,mais um dia no paraíso de Opala,igualdade aos irmãos da nova Pátria,salde a nova luz do progresso,onde a cada batalha o sangue do inimigo lave o chão e que mais um avanço seja honrada dessa grandiosa era"
Andava então com graciosidade até uma instituição escola,que invés de ajudar a sair da ignorância,apenas afundava as confusas cabeças de adolescentes na lama.
Era algo normal para os padrões,afinal a alienação contribui para um povo obediente e sem opinião própria
Ela particularmente não queria ir a escola,pelo menos não hoje,pois seria usada como exemplo o qual ela sofria para sair.
Mas ainda meus caros,Madalene terá que enfrentar umas das maiores da humilhações possíveis nesse pacato dia de aula.
Ao entrar na sua escola que pelo o novo sistema,a pré-adolescência tinha que ser moldada para a sociedade com certas divisões de poder.