Capítulo 30

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x Sofia x

Não posso negar que minhas mãos estão tremendo quando entro na grande sala de jantar. Depois de um longo banho e roupas limpas, me misturo bem na multidão. Mas, não consigo me sentir a vontade. Meu coração está angustiado com a perspectiva do que pode acontecer esta noite.

Encontro um lugar vazio perto da saída mais próxima. Não posso ignorar meus instintos que pedem para que eu corra daqui. O mais inteligente é estar preparada para fugir. Na mesa que escolho, as pessoas me cumprimentam animadamente, mas não iniciam um diálogo desnecessário. Sinto uma certa gratidão por isso. Não quero ter que me concentrar em nada além de perceber o que está acontecendo em volta no momento.

A comida é servida e logo todos estão concentrados. Aprecio a boa refeição depois de tantos dias de privação. As cozinhas dos alojamentos não parecem equipadas para esse tipo de trabalho, por isso minha fome é quase tão grande quando minha preocupação.

— Fico feliz que tenha se juntado a nós! — Martins interrompe minha linha de pensamentos para se sentar ao meu lado. Todos o saúdam calorosamente. Ele parece ser muito querido.

— Obrigada pelo convite. — respondo tentando ser educada. Algo nele faz com que eu me sinta a vontade, o que me preocupa. Não estou em posição de confiar em alguém novamente.

— Certo, certo. Gostaria de conversar com você, se já tiver terminado. — fala com a voz mais baixa.

— Tudo bem. — concordo o acompanhando pela saída.

Ele me conduz até a fonte que observei mais cedo. Todos parecem aproveitar o jantar para colocar a conversa em dia, o que deixa a área externa vazia.

— Gostaria de saber o que a trouxe até nossa comunidade, Sofia. Peço que seja sincera comigo, porque realmente é importante para mim o seu verdadeiro motivo. — a maneira como ele fala, como ele olha diretamente em meus olhos, não deixa espaço para mentiras.

— Preciso de algumas respostas, e acredito que só posso encontrá-las neste lugar. — digo em um quase sussurro.

— Entendo. Perdoe a indiscrição, mas você poderia me dizer qual a sua habilidade? — ele fala de uma forma estranha, parece emocionado.

— Esse foi o lugar em que demoraram mais para fazer esse pergunta, mas ela sempre vem. Enfim, eu não tenho nenhuma habilidade. — quando falo isso, ele parece mais instável, recuando e me olhando de uma maneira estranha.

— Quantos anos você tem? — me esforço para ouvir sua pergunta feita em uma voz embargada.

— Não tenho muita certeza, não sei o dia que nasci. Mas acredito estar entre vinte e vinte dois. — respondo confusa com o rumo da conversa.

— Você conhece seus pais? — a pergunta faz com que eu me sinta agitada novamente. Martins será quem me dará as respostas?

— Não. Só o que sei é que eles são daqui. Pelo menos foi o que me disseram em Veteris, onde passei minha infância. — desisto de ser cautelosa e respondo sem pensar no que estou dizendo.

— Veteris? Aquele velha maluca. Veteris! Esse tempo todo... — ele está completamente fora de si. Está realmente chorando, quando me olha novamente.

— Sofia, você não tem motivos para acreditar nesse velho estúpido. Eu tenho uma história cheia de pontos de interrogação também. Há muitos anos conheci a mulher que cuida daquela comunidade. Me casei com a filha dela e acreditei quando Tereza disse que nossa filha tinha morrido. Mas, quando te vi hoje mais cedo, você se parece tanto com sua mãe! Ela que escolheu seu nome e você é tão especial. Só pode ser você. Nossa menina! Eu sinto muito. Sinto tanto, tanto. — não consigo respirar direito.

— O que você está dizendo? — fecho os olhos tentando entender o que está acontecendo.

— Eu estou dizendo que sou seu pai. E que vou matar Tereza por ter te tirado de mim. — ele diz com a voz firme e sei que ele está dizendo a verdade.

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A Lenda das EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora