PRÓLOGO

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.•. UM ANO ATRÁS .•.

FELIPE

Entro apressado na SQUAD, com 26 anos, tenho a vida mais corrida que a de muita gente. Sigo para o elevador e aperto o botão "20", uma loirinha com uniforme da SQUAD e um decote generoso sorri assim que entro, deve ser do setor de atendimento. Pisco para ela e sorrio de volta, mas não me envolvo com quem trabalha comigo.

Benjamim já deve estar arrancando os cabelos com meu atraso. Aquela puta histérica.

Como eu havia imaginado, ela é do setor de atendimento. Desce no 4º andar e eu sigo meu caminho. Ao sair do elevador no 20º andar, avisto Lara. Sorrio e vou até ela.

— Bom dia, cunhadinha — Paro em frente à sua mesa e ela me olhou, sorrindo.

Lara não usa mais o uniforme da SQUAD, Benjamim insistiu para que ela usasse roupas comuns já que são casados e, agora, pais da sobrinha mais linda que alguém pode ter. A pequena Ellen.

— Bom dia, querido cunhado.

— Como está a Ell?

— Bem... morrendo de saudades do tio.

— Não diz isso que meu coração derrete. — Faço drama. — Onde está minha putinha?

— Está na sala.

— Obrigado. — Pisco para ela e sigo para a sala de Benjamim.

Dou dois toques à porta e entro, pela cara, Benjamim quer me esfolar vivo. Não tenho culpa se a noite passada me destruiu fisicamente e olha que tenho pique. A mulher era insaciável e tinha uma boceta gostosa do caralho.

— Não diga que vai comer meu rabo porque eu deixo, se insistir demais... — Ergo as mãos em rendição e vejo a expressão dele fechar mais ainda.

— Vai se foder!

— O que há, Ben? — Fico sério e sento na cadeira em sua frente.

— A loja de roupas masculinas que entrou há seis meses no grupo, declarou falência... O prejuízo para nós será considerável e como declararam falência, estão protegidos por lei e só nos pagam quando "puderem".

— Filhos da puta. — Recosto na cadeira e passo as mãos nos cabelos.

— Temos que recorrer a Anderson para ver o que podemos fazer quanto a isso... Quero que marque uma reunião com a gerência sênior e com Anderson.

Benjamim está puto, somente pelo jeito de falar se percebe isso. Eu sou um pouco diferente dele, minha raiva só é expressa na hora que eu julgo certa. Não queira me ver realmente bravo, dizem por aí que os calmos são os piores e são mesmo.

— Certo.

Saio da sala de Benjamim e sigo para a minha, cumprimento Lucas e entro em minha sala. Nunca me relaciono com secretárias, sempre vi Benjamim despedir uma a uma. Sempre depois de conseguirem uma boa foda, ficavam no pé da puta histérica e ele como sempre as despedia, até ter a sorte de chegar a Larinha e colocar uma coleira das boas nele.

VANESSA

Acordo num pulo, ofegando e suada. Esse pesadelo sempre me atormenta, meu padrasto dentro do meu quarto, me segurando, me tocando, abusando de mim. Tirando a inocência de uma criança.

Eu era só uma menina, minha mãe trabalhava fora e ele era um vagabundo pelo qual ela sempre foi apaixonada demais. Cega demais.

Meu tormento sempre se dava às tardes, pois eu estudava pela manhã e ficava em casa depois da aula. Ele invadia meu quarto enquanto eu estudava e a cada toque, cada gemido nojento dele ao pé do meu ouvido, eu sentia vontade de morrer.

Saio da cama e vou para o banheiro, minha vida mudou muito desde que decidi vir pedir ajuda aos meus tios, mas não é fácil, apesar da ótima condição de vida deles.

Vim morar com meus tios quando tinha 15 anos, vim fugida do meu padrasto, depois de ele ter arrancado de mim toda a minha inocência. Aqui encontrei uma verdadeira família. Jânio, meu tio, que o chamo de pai, Gabriela, minha tia e mãe e Henrique, meu primo e irmão.

Hoje, com 24 anos, moro sozinha em um apartamento fazem dois meses. Eu trabalhei anos na casa de festas do meu tio, exigindo que ele me pagasse o mesmo salário que os seus funcionários recebiam, ele não tinha obrigação nenhuma comigo.

Em meu aniversário, recebi esse apartamento. Mesmo protestando, eles me fizeram aceitar depois de me dizerem palavras lindas sobre o amor que sentem por mim.

***

Chego correndo, vou direto para o caixa, beijo o rosto da minha tia, Gabriela, e vou ao escritório. Ao abrir a porta, dou de cara com Henrique e meu tio Jânio. Ambos sorriem para mim.

— Bom dia, Nessa. — Henrique dá um beijo em meu rosto e eu o abraço.

— Oi, filha. — Tio Jânio beija minha testa.

— Vim deixar minha bolsa, estou atrasada. — Sorrio de canto.

— De novo os pesadelos? — Henrique preocupa-se.

— Sim, Henry, eles nunca me abandonam.

— Estamos aqui para proteger você daquele miserável. — Tio Jânio falou sério. — Ele nunca mais vai chegar perto de você.

Assinto rapidamente, evitando o assunto e saio em direção ao balcão de atendimento. Minha função aqui é preparar os drinks e servir todos os tipos de bebidas, alcoólicas ou não.

O trabalho não é tão pesado, mas bastante cansativo, principalmente quando se tem que lidar com clientes bêbados dando em cima de você.

Meus tios, meu primo e os clientes bêbados me dizem o tempo todo como sou bonita, mas faz muito tempo que não encontro essa beleza que eles dizem ver. No espelho eu só vejo uma mulher marcada pelo medo e pela insegurança.

Nunca deixei ninguém me tocar, nem mesmo um beijo... qualquer gesto que envolva carinho e afeto que não sejam com os meus tios me causa arrepio, medo. Pavor.

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Olá docinhos,
Não se animem kkkk as postagens só serão iniciadas após o Epílogo do Celso.

Me contem, o que acharam? Já estão vendo que será difícil para os dois não é? :(

03/02/2018

Beijinhos, Duda ❤️

[AMOSTRA] Felipe - Série Dono do meu desejo #4Onde histórias criam vida. Descubra agora