Capítulo 2

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VANESSA

Acordo com meu despertador estrondando o meu quarto. Solto um gemido de dor e desligo o despertador. Acho que exagerei no vinho ontem. Depois de o meu vizinho ter tentado me fazer entrar em seu apartamento, toda aquela coisa da minha infância veio à tona e eu não quis nenhum remédio... não aguento mais remédios, apenas me afoguei no vinho.

Olho o relógio e vejo que esse despertador estava tocando há mais ou menos uma meia hora. Devo ter hibernado. Estou muito atrasada. Sei que a casa de festas só funciona à noite, mas sempre que posso, dou uma ajuda aos meus tios na limpeza do lugar. Hoje é um desses dias.

Dou um pulo da cama e sinto uma pontada em minha cabeça. Ressaca é uma merda e a de vinho é a pior de todas. Faço minhas higienes e quase corro para a cozinha, estou morrendo de sede.

Tomo duas aspirinas e, sem qualquer coragem para preparar nada, tomo o suco que havia sido do dia anterior e como o último pão. Faço uma nota mental para comprar mais assim que voltar da casa noturna amanhã de manhã. Pego minhas chaves e o celular, saio apressada.

Meu celular toca nas minhas mãos e eu bufo, irritada. Vejo o nome de Tio Jânio na tela e suavizo um pouco.

— Oi, tio. — Aperto o botão do elevador.

Amanheceu doente, filha?

— Dor de cabeça, mas já estou chegando. — Olho em meu relógio de pulso. — Em quinze minutos.

Tem certeza que está tudo bem? Você pode ficar em casa, se quiser.

— Tenho, tio. Beijo. — Desligo.

Espero um pouco e as portas do elevador se abrem. Como se já não bastasse a minha sorte de acordar atrasada, Felipe está dentro do elevador.

Pelo que vejo acabou de voltar de alguma atividade física. Uma camisa regata cinza e uma bermuda azul, seus braços definidos estão à mostra e o suor cobre seu corpo. Seus cabelos estão uma bagunça meio molhada de suor, mas isso o deixa ainda mais bonito.

— Olha só, parece que a sorte está ao nosso favor, não é? — Me olha de cima a baixo. — Nunca vi você por essas horas.

— É que eu só trabalho à noite. — Comprimo os lábios um contra o outro.

Felipe sorri de canto de um jeito que me deixa hipnotizada, seu olhar para mim me intimida, me deixa acuada... qualquer olhar mais íntimo me faz lembrar das coisas que vivi.

— Em quê você trabalha? — Sai do elevador e segura a porta para mim, sorrindo.

— Em uma casa noturna. — Entro no elevador e ele solta a porta. — E você?

— Nos vemos por aí. — Acena e as portas se fecham.

Por que ele não me respondeu? Fica todo cheio de mistérios, será que ele é um sequestrador? Ou meu tio o mandou? Estou enlouquecendo com isso desde que cheguei aqui.

Tenho muito medo que meu padrasto possa me encontrar.

***

— Nessa?! — Henrique estala os dedos em frente ao meu rosto.

— Ah? Oi. — Volto a limpar o balcão.

— No que estava pensando? Estava mordendo o lábio. — Sorri e faz sua cara de sacana habitual. — Isso é sinal de que anda pensando demais.

[AMOSTRA] Felipe - Série Dono do meu desejo #4Onde histórias criam vida. Descubra agora