Capítulo 7: Elise a estranha

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" A minha única esperança está no meu desespero"

( Jean Racine)

Algo bastante macabro havia acontecido com Elise, já haviam se passado três dias desde a data em que ela foi atacada, ela insistia em não ser levada ao hospital, era teimosa como uma mula, estava de cama desde então com uma febre de 39 graus, liguei para o Dr. Erick Kent, ele veio até a fazenda para examiná-la, ele constatou que os ferimentos estavam muito infeccionados e por isso a febre alta.

" Oque aconteceu com ela?"- perguntou ele não crendo no que via.

" Eu não sei doutor, saí para dar uma volta e quando retornei a encontrei assim, ela não sabe dizer o que aconteceu, parece não se lembrar."

" Pois bem vou receitar alguns antibióticos e anti-inflamatórios, se a febre não baixar não hesite em levá-la à um pronto socorro."

" Sim doutor."

Acompanhei Dr.Kent até a porta e o vi partir naquela 4x4 maltratada, fiquei na soleira da porta observando sua partida, de repente ouvi um urro estridente, ensurdecedor vindo do quarto de Elise, subi às pressas e quando abri a porta, Elise estava sendo jogada de uma parede à outra com violência, algo a mantinha erguida no ar, repentinamente ela parou na parede ao lado da cama, ainda levitando, e subitamente ela caiu, de cabeça baixa, seus cabelos negros e lisos provenientes de sua descendência indígena, estava jogados sobre sua face, corri até ela. Ao me aproximar percebi o quanto seu rosto estava azulado, o líquido da vida escorria de seu nariz, ela me olhava com extremo desespero até desmaiar em meus braços, suas feridas estavam novamente abertas e sangravam sem parar, a coloquei na cama com bastante dificuldade e fui até a sala ligar novamente para o Dr. Erick Kent, quando ia descer a escada até a saleta, avistei outra vez aquela figura meio transparente, de pele sem vida, cabelos negros que agora deixavam sua face a mostra, aquela imagem horrenda de lábios roxos e manchas negras em volta dos olhos me fitava da base da escada, ouvi Elise vindo em minha direção chamando meu nome.

" Amely vou fazer um chocolate quente, você quer um?" - Ela me perguntou sorridente.

" Elise o que você está fazendo? Volte já para a cama."

" Eu quero um chocolate quente ué, vou fazer um. Esse frio está insuportável, não acha?"

Ela não parecia nem um pouco doente, seu rosto estava corado e como passe de mágica os machucados estavam curados, no lugar só haviam manchas vermelhas.

" Elise você está bem? Se lembra do que aconteceu três dias atrás?"

"Sim eu ia procurar você quando caí da escada com um copo de vidro na mão e me cortei, mas já estou bem obrigada."

Aquela explicação não me convenceu nem um pouco, não pareciam cortes de vidro, mas sim de garras ou unhas muito compridas, eu tinha me esquecido por um instante da garota no pé da escada, quando olhei novamente ela não estava mais ali, Elise passou por mim cantarolando e foi para a cozinha preparar seu chocolate.

Fui para o meu quarto e fiquei sentada na janela observando a neve cair, ainda incrédula com o que vinha acontecendo nos últimos dias, ou melhor desde que nos mudamos. Com todos aqueles questionamentos perambulando em minha mente, resolvi visitar a biblioteca da vovó, era rica em aventuras, vampiros e lobisomens, eram seus livros favoritos, creio eu que ela havia lido todos antes de morrer, eu me perdi em meio a tantos títulos, alguns famosos, outros desconhecidos, mas todos interessantes, até que em meio aos livros de Stephen King, encontrei um que me chamou a atenção, tinha capa de couro marrom bastante gasta devido as ações do tempo, sem nenhuma escrita ou ilustração por fora, mas na primeira página amarelada do manuscrito havia um nome: "Olavo Martin Williams."

Um calafrio me percorreu a espinha no momento em que li aquele nome. Apertei aquele diário contra o peito e voltei às pressas para o meu quarto, o coloquei em cima da cama e fiquei observando-o por um tempo, eu não sabia se devia ler, mas minha curiosidade aguçada falou mais alto, talvez vovô tivesse escrito sobre a morte dos Manfrini, talvez eu descobrisse algo mais.

Quando ia começar a ler o diário, ouvi três batidas fortes na porta, era Elise com um chocolate quente nas mãos e com um sorriso estampado no rosto, e me entregou o copo e saiu, ela estava agindo estranho, parecia um robô, seus movimentos pareciam mecânicos, ela não era mais a mesma, voltei a fechar a porta, com o diário seguro contra o peito, apreensiva com o que há ali, ainda não sabia se queria realmente descobrir os segredos de meu avô, e se houvesse algo comprometedor?! O que eu faria?!

Pouco tempo depois pancadas fortes e espaçadas tomavam conta do ambiente, joguei o diário em cima da cama e fui correndo procurar a fonte do som forte, cheguei no quarto de Elise e me deparei com ela socando a cabeça contra a parede, aquela cena horrível me encheu os olhos, a parede já estava encharcada de sangue, eu fiquei paralisada de medo, até que ela bateu uma última vez, e a massa negra em forma de homem se fez presente, segurou Elise pelos cabelos, inclinou sua cabeça para trás e passou seu facão sobre o pescoço dela, formando uma pequena linha de sangue, e depois desapareceu, soltando o corpo de Elise brutalmente no chão, peguei o celular em meu bolso e liguei para a emergência, tirei minha blusa e a pressionei contra o ferimento no pescoço de Elise, era superficial mas sangrava muito, 30 minutos depois as luzes da ambulância tomaram o quarto que agora tinha um tom avermelhado, desci as escadas correndo e conduzi os paramédicos até o quarto, eles deram os primeiros socorros e saímos apressados para o hospital de Calgary, o estado de Elise havia piorado no caminho, estava com uma febre de quarenta graus e seu corpo ardia, ela suava frio, chegando ao hospital ela foi atendida com urgência, e foi ali naquela sala de espera que eu passei a noite aguardando notícias da minha melhor amiga que havia sido atacada covardemente por aquele maldito e infernal ser das trevas.

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Os Fantasmas De Amely WilliamsOnde histórias criam vida. Descubra agora