Cap.13- Adeus.

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Camille.

  Ele ficou em silêncio por um tempo.
– E as crianças? – Ele perguntou.
– Elas não precisam mais de mim, mas eu não vou deixar de ter contato.
  Ele concordou. Depois, ele abriu uma gaveta, pegou um envelope e me entregou.
– Não quero. – Falei.
– É o seu salário.
– Eu sei. Mas, eu não quero.
  Ele guardou o dinheiro novamente. Dei a volta e me ajoelhei ao lado dele.
– Só quero te pedir pra... Não trancar sua memória. Ela é tudo o que me resta de você agora. Seus filhos são as crianças mais doces e maravilhosas desse mundo. Obrigada, por tudo. Eu amo você.
  Dei um beijo em seu rosto e pude sentir uma lágrima rolar pelo meu rosto. Me levantei e fui embora.
  Quando saí do escritório, me ajoelhei na frente de Audrey e Caleb.
– Olha... Vocês dois são crianças maravilhosas e foi incrível conhecer vocês. Por favor, não pensem que eu não amo mais vocês, porque não é verdade. Agora, vocês estão com a mãe e o pai de vocês e... Eu não tenho mais nada pra fazer aqui.
  Eles começaram a chorar.
– Não... Por favor, não vá embora!
– Não quero que ninguém fique desconfortável com a minha presença aqui. Não vou perder o contato, eu prometo.
– Não. Leva a gente! – Caleb disse.
– Eu não posso.
– Você ama o papai? – Audrey perguntou chorando.
– Muito.
– Ele mandou você ir embora?
– Não.
– Então fica com o papai! Fica com a gente!
– Seu pai precisa de um tempo. Mas... Eu não vou deixar de ver vocês. Eu ainda posso vir pra levar vocês na escola.
– Não é a mesma coisa. – Caleb falou.
  Eles me abraçaram e então notei que Alec estava escorado na parede do corredor, apenas olhando. Katie estava sentada no sofá e Simon estava na porta.
– Eu amo vocês. – Eu falei pros dois.
– Também te amamos. – Eles disseram.
  Levantei e olhei para Katie.
– Feliz?
  Ela não respondeu. Fui até Simon.
– Adeus, Simon. – Falei.
  Ele me abraçou. Olhei pra trás e vi Alec. Ele virou o rosto e voltou para o escritório. Fui embora.
  Durante o caminho, cenas de todo esse tempo que estive com eles se passavam pela minha cabeça. Cenas de quando Caleb escorregou de patins na sala, cena de quando eles esbarravam um no outro quando estavam tontos da montanha russa, das risadas nos filmes, das piadas de Caleb, e... Do beijo. De estar deitada junto à Alec, de pressionar meus lábios contra os dele, daquele sorriso,...

  Quando cheguei em casa, senti como se tivesse saído de uma batalha e faltasse pouco pra não ter sangue o suficiente pra fazer meu coração bombear. Meus pais estavam na sala, Anna ainda não tinha chegado do trabalho. Minha mãe olhou pra mim e me chamou para um abraço, eu tinha contado tudo pra ela no dia anterior.
– Eu pedi demissão.
  Eles me olharam, surpresos, mas pareciam me entender.
– Eu não ia conseguir. Sinto muito.
– Tudo bem, querida. Nós te entendemos. – Meu pai disse.
– Tome um banho, e descanse. – Minha mãe disse.
  Fiquei um bom tempo no banho. Deixei a água quente bater em meus músculos doloridos e senti que as lágrimas se misturavam com a água do chuveiro. Quando acabei, coloquei meu pijama quentinho e minha mãe me trouxe um café.
  Eu ficava calada e trancada no quarto o dia inteiro. Anna chegou à pedir um tempo no trabalho para tentar me fazer sentir melhor. Mas não funcionou. Tudo o que eu realmente precisava era daquelas mãos quentes, do cheiro daquele perfume, poder mexer naquele cabelo, olhar para aqueles lindos olhos,... Mas, ele não estava ali. Meu mundo que antes era azul, agora era preto. Sem luz no fim do túnel.
  Eu lia um pouco, de vez em quando. Anna passava a maior parte do tempo dela comigo. Eu queria acabar com Katie, acabar com tudo.
  Um dia, Anna disse que ia dar uma volta, passear.
– Vem comigo.
– Anna, não estou afim.
– Olha, eu estou tentando. Parei um pouco com o meu trabalho pra ficar com você e você não faz nada pra melhorar. Você que sempre foi alegre, agora está pálida, sem brilho,... Você precisa respirar um outro ar. – Ela falou.
  Fiquei calada por um instante.
– Está bem.
  Me arrumei e fomos passear pelo parque. Eu estava usando um vestido verde, com mangas curtas e simples. Anna fez uma trança em meu cabelo e me obrigou a passar um batom.
  O parque estava bem movimentado. Crianças corriam e brincavam, os pais assistiam os filhos se divertirem, alguns namoravam,... Tudo isso me lembrava de Alec, Audrey e Caleb. Anna falava coisas, mas eu nem escutava, meus pensamentos estavam em outro lugar.
  Quando saímos do parque e passamos na frente da casa de Alec, meu coração acelerou. Anna ficou olhando enquanto eu fechava os olhos e, na minha cabeça, eu podia ver toda a imagem de todos os cômodos da casa.  Uma voz doce me despertou. Audrey. Ela estava com um vestido rosa e os cabelos loiros voavam enquanto ela corria.
– Camille! – Ela correu em minha direção.
  Me agachei e a peguei no colo. Depois vi Caleb. Ele estava com uma camisa branca, uma bermuda jeans e um tênis. Abracei os dois.
– Nós sentimos muito a sua falta. – Eles disseram.
– Também sinto a de vocês. Como estão todos?
– Mamãe está normal, Simon está bem e papai... Só trabalha. Ele não fala com a gente à muito tempo. – Audrey falou.
– Papai sente a sua falta. A casa não é a mesma sem você. – Caleb disse.
– Posso pedir uma coisa à vocês?
  Eles fizeram que sim com a cabeça.
– Não falem pra ninguém que vocês me viram, tudo bem?
  Eles se entreolharam e depois disseram que sim. Dei um beijo nos dois e eles entraram dentro de casa. Anna estava encantada com a forma que eles me tratavam.
– Que doçuras! – Ela disse.
  Um sorriso se abriu em minha boca, mas logo se desfez. Pensei em Alec. As crianças disseram que ele não saía do escritório, ele estava assim novamente. Katie realmente conseguiu o que queria. Mas, meu coração já estava mais feliz por ter encontrado as crianças. Não queria que Alec ficasse daquele jeito, então pedi para que não falassem nada.
  Eu e Anna passeamos por mais alguns lugares e depois voltamos pra casa. Fui para o meu quarto e li alguns livros.
  Novamente, lembrei de tudo. Desde a pequena aparição das fantasias, até os abraços recentes. Desde o primeiro aperto de mão, do arrepio em meu braço, do sorriso à toa, até o primeiro beijo, o primeiro toque. Meu Deus, como era difícil... Acordar todas as manhãs e não ter mais aquela rotina, não preparar o café de Alec, não beijá-lo,... Tudo o que eu queria, naquele momento era abrir aquela porta do escritório e vê-lo, apenas vê-lo. Queria sentir o fogo em seus olhos enquanto ele olhava pra mim, o jeito que ele tinha de me fazer sorrir à toa, sentir o adolescente no corpo dele.
  Eu não conseguia ânimo pra nada, só ficava deitada, olhando para o teto e  relembrando todos os momentos que eu passei dentro daquela casa. Será que ele ainda me amava? Será que ele ainda acreditava em mim? Será que ele sentia o mesmo vazio que eu sinto em meu peito? Cada vez que eu piscava, uma lágrima rolava em meu rosto. Minha vontade era de gritar, mas as palavras não saíam da minha boca, tentei enxergar, mas as lágrimas embaçavam minha vista, tentei sentir, mas é impossível quando o seu coração está paralisado. Me faltava força de vontade, pra viver, sem Alec.

À Procura do Amor (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora