Cap.24- "Surpresa!".

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Camille.

  No caminho, observei novamente cada detalhe de minha rua. Talvez, quando eu voltasse, pudesse estar diferente. Coisas mudam.
– Vamos passar na casa de seus pais para pegar as crianças? – Perguntei, notando que ele mudou o caminho.
– Antes, vamos passar em uma doceteria. Quero comprar sobremesas para um almoço especial. Depois, vamos passar nos meus pais. – Ele respondeu, sem olhar pra mim.
– Está bem...
  Olhei bastante para Alec. Ele tinha colocado um óculos de sol estilo Ray Ban quando o sol começou a ficar mais forte. Ele usava uma camisa social vermelha, uma bermuda jeans, sapatos vermelhos e batia com os dedos levemente no volante, enquanto cantarolava algo sem som. Eu ri. Ele me olhou.
– O que foi? – Perguntou.
  Ri baixinho e me inclinei na frente dele e dei leves beijos em seu rosto.
  Como ele disse, passamos na doceteria. Estava cheia. Muitas mulheres. Quando entramos, todos se calaram e nos olharam. Todos. Pareciam ver somente eu e Alec. Ou só Alec. As mulheres começaram à cochichar entre si, sem desviar os olhos de Alec. Umas me olharam e viravam os olhos como se dissessem: "Ah, olha aquele gato ali. Ah, não. Espera. Ele está com uma garota". Caminhamos até o balcão e a única mulher que não olhou para Alec – O que me agradava –, nos pediu 2 minutos.
  Umas meninas passaram atrás de Alec e o observaram. Cruzei os braços sobre o balcão e senti meu rosto queimar. Ele virou meu queixo em sua direção e me beijou. Não foi um beijinho. Foi um beijão. As mulheres que estavam indo em direção à ele, pararam e cruzaram os braços sobre o peito. Coloquei meus braços em volta do pescoço de Alec e ele enlaçou os braços em minha cintura. Quando paramos, notamos o rosto vermelho de uma das mulheres. Ela parecia estar explodindo. Me virei novamente para o balcão e esperamos a moça.
– Oi... – Uma das mulheres disse, chegando perto de Alec.
  Ela tinha cabelos castanhos-escuros, longos e lisos, pele um pouco morena, um corpo bonito, mais alta do que eu, olhos castanhos e usava uma roupa ousada.
  Alec se virou pra ela e a encarou de testa franzida. Ela olhou pra mim, mas logo depois, desviou o olhar.
– Pois não? – Alec disse.
– Sou Victoria. – Ela disse, estendendo a mão para apertar a de Alec.
  Ele apertou a mão dela e, em seguida, pôs a mão no bolso.
– E o seu nome? – Ela perguntou.
– Alec. – Ele respondeu.
– Alec... Nome bonito... Igual à você. – Ela disse, pondo a mão no peito de Alec, que recuou um pouco pra trás.
– Olha... – Ele deu uma risadinha nervosa – Eu estou...
– Não... Não fale nada. Me deixe observá-lo.
– Você não está entendendo, é melhor você...
– Shh... – Ela disse, pondo a mão nos lábios dele.
  Eu estava quente de raiva que achei que passaria mal.
– Escuta...
– Você não fica calado, não é? Acho que terei de tentar outra coisa... – Ela disse, se aproximando de Alec.
  Não aguentei. Pus a mão no ombro dela e a empurrei.
– Qual é o seu problema? – Gritei.
  Ela riu e me olhou de cima a baixo.
– Calma, minha querida... Essa raiva não faz bem pra pele. É inveja? – Ela debochou.
  Empurrei-a denovo.
– Inveja? De você? Sua vadia! Está cega?
  Alec me segurou.
– Não enchergo sujeira. – Ela disse.
  Todas as garotas falaram um "Ai...". Como se eu tivesse levado um fora. Me calei.
– Camille, vamos embora. – Alec falou.
– Quem é ela? – A menina perguntou.
– Não te interessa. – Alec disse.
  O "Ai..." Das meninas foi mais alto. Me soltei do braço de Alec e fui em direção à porta.
– Camille!
  Não dei ouvidos ao chamado dele. Abri a porta da doceteria e depois a fechei com força. Fui até o carro, abri a porta e fiquei lá. Abracei meus joelhos, onde enterrei minha cabeça. Eu estava com raiva.
  Eu chorava de raiva.
  Depois de um tempo, Alec voltou com 4 pacotes da doceteria. Pude ver pelo vidro do carro quando ele pegou a chave, enquanto caminhava. Ele deu a volta, abriu a porta e se sentou no banco do motorista. Fiquei olhando pra ele, mas ele pareceu nem me notar. Colocou os 4 pacotes no banco de trás e ligou o carro. Sua expressão era de raiva transparente. Eu descobria que era raiva, porque ele deixava as sombrancelhas apertadas e baixas e os lábios em um bico quase invisível. Não nos falamos durante o trajeto.
  Quando chegamos na casa dos pais dele, ele saiu do carro, sem falar nada e fechou a porta. Fiquei lá, esperando.
  Depois de uns 2 minutos, ele saiu da casa dos pais dele com as crianças. Ele abriu a porta do banco de trás pra elas e elas entraram, caladas. Nem me deram "oi". Alec devia ter falado com elas sobre algo. E ficamos daquele jeito, todos calados.
  Então, chegamos em casa. Alec saiu do carro, abriu a porta das crianças, deu a volta e abriu a minha porta, sem olhar pra mim. As crianças foram até a porta de casa e Alec a abriu. Fechei minha porta do carro e fui para dentro da casa. Alec deixou a porta aberta, onde entrou com as minhas caixas e malas. Ele continuou sem olhar pra mim. Depois de acabar, ele fechou a porta e foi até a cozinha com os 4 pacotes. Levei minhas caixas até o quarto e arrumei tudo.
  Pendurei minhas fotos no espaço da parede, guardei minhas malas em cima do armário, coloquei minhas roupas no armário, minhas maquiagens e jóias também no armário, meus livros ficaram no meu lado da estante e guardei meus outros objetos como a câmera velha e alguns quadros em uma caixa que trouxe. Depois, retirei meu casaco e o pendurei, prendi meu cabelo, me sentei na cama e chorei.
  Eu, às vezes, me achava uma idiota por chorar por tudo. Mas, eu nunca consegui guardar o choro. Meus pais me ensinaram à sempre ser verdadeira. Eu estava sentindo vontade de chorar. Eu não colocaria um sorriso no rosto e sairia. Eu choraria.
  As crianças, provavelmente, estavam brincando no quarto. Eu sentia cheiro de comida, Alec estava fazendo o almoço. E eu, estava chorando. Eu era uma inútil. Fui até o banheiro, lavei o rosto e tentei parar o máximo de soluços possíveis. Meus olhos e meu nariz ainda estavam vermelhos. Desci até a sala e quando vi Alec sentado no sofá, com as mãos juntas no colo e olhando para o chão, hesitei. Ele nem me olhou.
– Vem aqui. – Ele disse, sério.
  Caminhei, devagar, até ele e passei as costas da mão nos olhos. Me sentei no sofá ao seu lado e ele se virou para me encarar.
– Pare de chorar. – Ele disse, acariciando minha bochecha e secando uma lágrima.
– Sou uma idiota. – Eu disse, em meio a soluços.
– Não é, não.
– Sou inútil e estrago tudo.
– Você ficou com raiva, é normal.
– Foi ridículo. Nunca consigo me defender, porque sou feita de idiota. Depois, tudo o que consigo fazer é chorar.
– Você é verdadeira. Não esconde nada de ninguém. Chorar é normal.
– Pode ser até normal, mas é ridículo. Você poderia estar com uma garota daquelas: maduras, bonitas,... Mas, você está com uma garota chorona, ridícula e que vai te dar vergonha de sair para algum lugar.
  Ele acariciou minha bochecha.
– Mas eu amo você assim. Eu amo esse seu jeitinho. Eu amo ser o cara que enxuga suas lágrimas e eu amo ser o cara que passa vergonha. – Ele riu e eu também – Porque eu amo cada momento que eu tenho com você. Porque eu amo você.
  Sequei lágrimas do meu rosto.  
– Você me perdoa? – Falei.
  Ele puxou meu braço em sua direção, me envolvendo em um abraço.
– Não tem por que pedir perdão, meu anjo. Está tudo bem.
  Ele beijou o topo de minha cabeça e eu continuei abraçada nele. Lágrimas ainda rolavam pelo meu rosto.
– Vocês já fizeram as pazes? – Alguém disse.
  Nós nos viramos pra trás e vimos Audrey e Caleb. Rimos. Eu os chamei para um abraço e eles correram na minha direção, pulando para o meu colo, para o meu abraço.
– A comida. – Alec disse, quando se tocou que tinha algo no fogo.
  Todos rimos quando ele tropeçou no tapete da sala na direção da cozinha. As crianças ligaram a televisão e eu fui até a cozinha. Alec estava se dando bem.
– O que sai da cartola dessa vez? – Perguntei.
  Ele me olhou e riu, depois voltou a sua atenção para a comida.
– É tipo uma lasanha. Pesquisei na internet. É feita no Brasil. Não me lembro o nome. Você vai gostar. – Ele disse.
  Abracei-o por trás, enlaçando os braços em sua cintura. Ele riu.
– Ei... Isso é uma mania minha. – Ele disse, olhando pra mim.
– Era. – Falei, tocando a ponta de seu nariz.
  Observei-o cozinhar. Era mesmo como uma lasanha.
– Me lembrei. – Ele disse.
– Do quê?
– O nome.
– Qual é?
– Se chama "Escondidinho de batata com carne seca". Não sei o país de origem da comida mas... Pesquisei na internet e achei legal.
– Parece ser bom. O que leva?
– Purê de batata, carne seca e tomates. – Ele disse.
– Nossa... E você vai conseguir fazer isso?
– Eu sou o Super-Alec.
  Eu ri.
– Você é o Super-Bobo. – Falei.
  Ele riu.
– Bom... Não vou te atrapalhar. – Falei, retirando os meus braços de sua cintura.
  Ele segurou meu braço.
– Não precisa. Daqui a pouco, vou precisar pôr isso no forno. Aí podemos namorar à vontade. – Ele disse.
  Eu ri.
– As crianças estão em casa. – Falei.
– Nosso quarto tem chave. – Ele disse.
  Eu ri mais e o abracei.
  Quando ele terminou de fazer as coisas, ele ficou comigo. Esfreguei os olhos.
– Está com sono? – Ele perguntou.
– Alguém me acordou aos beijos e leves mordidas. – Eu disse.
  Ele riu.
– Vamos. Vou colocar você para dormir um pouco. – Ele disse.
– Não... Quero ficar com você. – Fiz pirraça.
– Vou ficar lá com você.
– Quero ficar do seu lado.
– Vou ficar do seu lado...
  Estendi os braços na direção dele e ele me pegou no colo. Subimos e eu me deitei. Ele se deitou atrás de mim, se apoiou em um cotovelo, sua cabeça ficou apoiada em sua mão e ele acariciava meu cabelo.
  Fiz biquinho e chutei o colchão como uma parede invisível.
– O que foi? – Alec perguntou.
– Não consigo. – Eu disse.
– O que?
– Dormir assim.
– Assim como?
  Bufei. Empurrei Alec pelo ombro, fazendo ele se deitar e ele me olhou com a testa franzida.
  – Não está com muito sono para fazer isso? – Ele perguntou.
– Isso o que?
  Ele ergueu uma sombrancelha e eu olhei para a cena.
– Não é nada disso.
– Então o que é?
  Me deitei de encontro ao seu peito e ele riu.
– Não consigo dormir sem ser assim. – Falei.
  Ele beijou o topo de minha cabeça e eu adormeci rápido.

À Procura do Amor (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora