Cap.26- Ameaça Silenciosa.

4.8K 277 4
                                    

Camille.

  Dei um banho nas crianças e deixei as duas brincando no quarto. Fui para o banheiro e tomei um banho. O engraçado foi que eu ainda não tinha vomitado e nem percebi que eu estava atrasada.
– Camille? Está tudo bem? – Alec perguntou, depois de bater na porta do banheiro.
– Sim. – Falei.
  Ouvi passos para fora do quarto e desliguei o chuveiro. Me enrolei em uma toalha e penteei meus cabelos molhados. Saí do banheiro e vi que meu telefone estava tocando. Era Jonathan. Atendi.
– Alô? – Falei.
– Graças à Deus!
– O que foi?
– Fiquei preocupado. Jacob está aqui roendo as unhas. Sua irmã me disse que você esteve no hospital. Está tudo bem?
– Estou bem. Já estou em casa.
– O que você tem?
– Acho melhor falarmos disso pessoalmente.
– Oh meu Deus, Camille... O que aconteceu?
– Relaxe. Passe aqui em casa hoje. Traga Jacob, Cassandra e Shelley. Vamos conversar. – Falei, sorrindo.
– Que horas podemos passar aí?
– Pode ser depois do almoço?
– Claro. Até. – Ele disse.
– Até.
  Ele desligou. Ele ia ficar doido. Fiquei pensando em quem eu escolheria para padrinho e madrinha. Me vesti com uma blusa branca, uma legging preta e calcei meus chinelos. Desci as escadas e me joguei no sofá.
– Alec! – Chamei.
  Ele apareceu na sala. Apalpei um espaço ao meu lado no sofá, ele veio e se sentou, passando o braço em volta de mim.
– Já pensou em padrinho e madrinha?
– Pensei nos seus amigos.
– Sério?
– Sério. Eles iam adorar e... São pessoas ótimas pra você.
– Seria difícil escolher só dois. Quer dizer... A madrinha eu já sei, mas o padrinho eu teria que escolher entre dois.
– É verdade.
– Me ajude! – Falei.
– Vamos ver... Jonathan sempre protegeu você, ele é engraçado,... Jacob é um bom amigo. Ele é sempre sorridente, brincalhão, divertido,... Você é quem sabe, meu bem. – Ele disse.
– Estou em dúvida.
– Pense um pouco.
– Jonathan me ligou agora pouco. Ele disse que minha irmã os avisou que eu estava no hospital e estavam preocupados. Falei para eles virem aqui depois do almoço, tem problema?
– É claro que não. Essa casa também é sua.
  Sorri.
– Agora, você fica aqui quietinha e eu vou preparar o almoço. – Ele disse, se levantando.
  Me deitei no sofá e liguei a televisão. Estava passando "Harry Potter- As relíquias da morte.". Anna sempre foi louca por Harry Potter. Me lembro do quarto dela. Era cheio de pôsteres de Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint, símbolos da Grifinória, Corvinal, Lufa-Lufa e Sonserina, tinha o uniforme de cada uma dessas casas,... E os livros. Ela era completamente maluca por Harry Potter. Ela guarda todas essas coisas em uma maleta grande.
  Alec fez salada com frango e molhos deliciosos. Depois de almoçarmos, escovei os dentes e me sentei novamente no sofá. No momento em que Alec se sentou, a campainha tocou. Ele xingou e eu ri. Ele se levantou e foi até a porta. Ouvi vozes como se estivessem discutindo e depois ouvi passos.
– Olá, Camille. – Uma voz feminina falou.
  Me virei para trás. Katie. Ela estava com um vestido preto, um salto alto branco e seus cabelos estavam soltos. Ela estava com os braços cruzados sobre o peito e o rosto queimando de raiva.
– O que você quer? – Perguntei.
– Tudo o que tirou de mim.
– Não tirei nada de você.
– Ah não? Vamos ver... Alec, meus filhos, minha casa, minha vida. Isso tudo era para ser meu. E você me tomou tudo isso.
– Não vou discutir com você.
  Alec estava parado, escorado na parede e com os braços cruzados sobre o peito.
– Ora, por que? Está com medo?
– De você? Não.
– Então vem. Faz seu discurso ridículo sobre amor, família,... Que bonitinho... Ah Camille, me poupe!
  Não respondi.
– Katie... – Alec começou.
– Cala a boca. Minha conversa com você é daqui a pouco. – Katie o interrompeu.
– Katie, não estou afim de brigar. – Falei.
– Você é ridícula, Camille. É por isso que você é feita de idiota. Porque você não luta. Daqui à pouco, é Alec quem vai fazer você passar por boba.
  Me levantei.
– Você quer brigar, Katie? Então vamos lá. Fala pra mim o que você quer.
– Você sabe o que eu quero.
– Sei. Mas você não vai ter. Você não vai ter Alec de volta. Você perdeu, Katie. Aceite isso. – Falei.
  Ela ficou com mais raiva ainda. Cerrou os punhos e me olhou, em silêncio.
– Vai me bater? – Perguntei.
– Não me subestime, Camille...
– Longe de mim... – Falei com deboche. – Mas guarde esse soco para depois.
– Por que? Estou cara a cara com você.
  Olhei para Alec.
– Katie. Vai embora. – Ele disse.
– Não sem antes dar um soco na cara dessa ridícula. – Ela disse.
– Você não vai bater nela. – Ele disse.
  Sua voz era calma e baixa.
– Tente me impedir.
  Ele se pôs na minha frente.
– Vai bater em mim? – Ele disse, ainda de braços cruzados sobre o peito.
  Ela se calou. Ouvimos passos apressados até a sala. Audrey e Caleb. Eles pararam assim que viram Katie.
– Vai bater nela? Na frente de seus filhos? – Ele perguntou.
  As crianças correram na minha direção e me agarraram.
– Você não vai bater no nosso irmãozinho ou na nossa irmãzinha. – Caleb disse.
  Todos nos calamos. Katie pareceu ter levado uma porrada no estômago.
– O que? – Ela perguntou.
  Ninguém falou nada.
– Alec, ela...
– É. – Alec disse.
– Depois de tudo o que passamos?
– A vida segue, Katie.
  Ela cerrou os punhos novamente.
– Isso não vai ficar assim. – Ela disse, apontando o dedo pra mim.
– Você não pode impedir nada, Katie. – Ele disse.
– Veremos. – Ela falou.
  Em seguida, ela foi embora. Suspirei e me sentei no sofá, enterrando a cabeça nas mãos. Eu não podia acreditar que íamos passar por aquilo denovo. Todos se sentaram ao meu lado.
– Está tudo bem? – Alec perguntou.
– Não. Eu te falei que isso ia acabar mal.
– Não vai acabar mal. Ela não vai fazer nada.
– O que a mamãe queria? – Audrey perguntou.
– Me tirar do sério. – Falei.
– Ela vai bater em você?
– Acredito que sim. – Falei.
– É óbvio que não. – Alec disse.
  Olhei para ele.
– Alec, você sabe que ela vai vir atrás de mim. – Falei.
– Foi tudo culpa minha. Eu que falei sobre o bebê para a mamãe. – Caleb disse.
  Olhamos pra ele e eu acariciei sua bochecha.
– Não foi culpa sua. Uma hora ou outra, ela ia descobrir.
– Desculpe.
– Não precisa se desculpar. Podem ir brincar agora. Está tudo bem.
  Eles assentiram com a cabeça e voltaram para o quarto. Suspirei e deitei a cabeça no ombro de Alec.
– Estou tão cansada... – Falei.
  Ele se deitou no sofá e me aconcheguei de encontro ao seu peito. Ouvimos barulhos leves e rápidos no chão e depois senti algo sobre mim. Era Sam. Ele se deitou pertinho de mim e fiquei fazendo carinho em seu pelo. Comemos o bolo que fiz na noite anterior e voltamos à ver TV.
  Depois de um tempinho, ouvimos a campainha tocar. Alec se levantou e foi atender. De repente, ouvi várias vozes baixas vindo da entrada de casa. Primeiro, Alec entrou, depois entraram meus 4 amigos.
  Shelley usava um vestido branco, florido, um salto alto rosa e seus cabelos estavam soltos.
  Jonathan usava uma camisa cinza, uma jaqueta preta, uma calça jeans clara e um tênis cinza.
  Jacob usava uma blusa social preta, uma calça jeans preta e um tênis branco.
  Cassandra usava uma blusa preta com uma guitarra estampada, um short jeans, seus cabelos estavam soltos e ela usava uma bota preta e curta.
  Todos cruzaram os braços sobre o peito e me olharam zangados. Eu ri.
– Me desculpem. – Falei.
  Eles vieram na minha direção e me abraçaram. Eles se sentaram em outro sofá, ficando ao meu lado.
– O que você tem? – Cassandra perguntou.
  Olhei para Alec, mas ele não falou nada.
– Camille. – Jacob chamou.
  Eu olhei pra ele.
– Fala. – Ele disse.
– Bom... Eu não quero que vocês passem mal quando eu disser isso mas... Eu... Vou deixar a faculdade por um tempinho.
– Por que? – Jonathan perguntou.
– Porque eu preciso ficar de repouso. – Falei.
– Camille, para com essa mania de ficar enrolando conversa. Fala logo.
– Eu... Vou ser mamãe. – Falei.
  Eles arregalaram os olhos ao mesmo tempo. Mordi meu lábio inferior e fiquei olhando para os quatro. Eles não saíam daquela posição.
– Oh meu Deus... – Shelley disse.
  Eu ri.
– Puta merda. – Jonathan disse.
  Eu e Alec rimos. Ele esfregou o rosto e apertou o lábio inferior.
– Você estava desconfiada? – Cassandra perguntou.
– Não. Eu tive um sangramento, mas, cheguei no hospital à tempo de pará-lo.
  Jacob não tinha falado nada. Ele ainda estava de olhos arregalados.
– Jacob? Está tudo bem? – Perguntei.
– Não. – Ele disse.
  Ficamos todos calados.
– Caramba... – Ele disse, enterrando a cabeça nas mãos.
  Olhei para Alec, que estava segurando o riso.
– Meu Deus... Parabéns. – Todos disseram.
  Eu sorri. Jacob estava me olhando, as mãos juntas nos lábios.
– Eu estava pensando em uma madrinha e um padrinho. E... Não consigo imaginar alguém que não seja vocês. É difícil ter de escolher só dois dos quatro, mas, pensei bastante e os outros não vão ficar sem função. Eu... Escolhi duas pessoas que tenho certeza de que ficarão muito felizes com isso e... São duas pessoas incríveis.
– Quem? – Eles perguntaram.
– Shelley. – Falei.
  Ela levou as mãos à boca e veio correndo me abraçar.
– Oh meu Deus... Obrigada! – Ela disse.
  Sorri. Ela voltou até seu lugar e olhei para os outros.
– Jacob. – Falei.
  Ele retirou as mãos dos lábios e me olhou de boca meio aberta.
– E-Eu? – Ele gaguejou.
  Eu ri.
– É.
– Meu... Meu Deus... Caramba... Jesus... – Ele disse, se levantando e vindo em minha direção.
  Eu o abracei e notei seu coração acelerado.
– Por que você ficou mais espantado do que eu? – Perguntei.
– Eu não sei. Só sei que ainda não desmaiei.
  Todos rimos.
– Obrigado, Camy. – Ele falou baixinho.
  Pisquei pra ele. Ele voltou à se sentar no sofá e fiz o mesmo.
– Gente... Eu estou completamente incrédula. – Cassandra disse.
– Vocês tinham que ver Camille... – Alec falou rindo. – Ela ficou parecendo um peixe.
  Todos riram.
– Quando vocês descobriram? – Jonathan perguntou.
– No meu aniversário. – Alec falou.
– Que bonitinho... – Shelley falou.
  Rimos novamente.
– Mas... Se você teve um sangramento, algo te deixou nervosa. O que foi?
– A ex namorada de Alec veio me tirar do sério. – Falei.
– Nossa... – Cassandra exclamou.
– Pois é. – Falei.
– Estou imaginando uma mini Camille ou um mini Alec. – Shelley falou rindo.
– E eu estou só pensando: Como isso foi acontecer? – Jacob disse, esfregando o rosto.
– Bom... Quando um casal está junto e se ama muito... – Alec falou.
– Eu sei como. Só estou um pouco incrédulo.
– Quero ver se vai ter esse mesmo corpinho daqui à uns anos. – Cassandra falou.
– Quantos meses? – Shelley perguntou.
– Quase dois. – Falei.
  Ela sorriu animada.
– Vocês já sabem o sexo?
– Não. Acho que só na próxima ultrassonografia.
– E você, Alec? Como está? – Jonathan perguntou.
– Feliz. Mesmo que eu já tenha passado por isso, estou um pouco nervoso. – Alec respondeu.
– E o casamento? – Shelley perguntou, animada.
– Acho que vamos deixar para o final de março. – Falamos.
– Que dia?
  Olhei para Alec.
– Talvez... Lá para 21 ou 22 de março. Quero fazer a ultrassonografia primeiro. – Falei.
– Minha mãe me falou que o terno já está comprado, a roupa das crianças também e agora, só falta o seu vestido. – Alec disse.
– Preciso falar com a moça que fez o vestido de Anna. Ela fará o meu.
– Onde planejam fazer o casamento?
– Alec quer uma festa depois. Vamos fazer o casamento na igreja e depois, vamos fazer uma festa num salão.
– Que sonho... Estou esperando Rick me pedir em noivado à tempos. – Shelley falou.
– Ele vai pedir... E você, Jonathan? Com sua namorada?
– Sim. Ela está fazendo intercâmbio. – Ele disse.
– Que legal... Quando ela volta?
– Farei o possível para que ela volte no mês do casamento de vocês.
– Pra onde ela foi?
– Paris. – Ele respondeu.
– Uau... – Falamos.
– Ela, quando está por aqui, cuida de umas crianças em uma creche aqui perto. Ela ama crianças.
– Que bom...
– E você, Cassy? – Perguntei.
  Ela suspirou e cruzou os braços sobre o peito.
– Não estou namorando. – Ela disse.
– Mas... E o Keegan?
– Ele me traiu.
  Levei as mãos à boca.
– Com uma outra loira desgraçada.
– E o que você fez?
– Eu? Nada. Ainda.
  Cassandra era capaz de tudo.
– Jacob? – Chamei.
  Ele ainda estava em transe.
– O que? – Ele perguntou.
– E você? Novidades?
– Ah... Conheci uma garota. – Ele disse.
– Sério?
– Uhum...
– O que aconteceu? Como ela é?
– Ela tem cabelos castanhos, longos, na ponta são pintados de roxo, ela tem olhos castanhos, pele muito branca e é mais ou menos da minha altura. – Ele disse.
– Ela parece ser bonita... – Alec falou.
  Me virei pra trás e dei um tapa em seu braço.
– Estou brincando, meu bem... – Ele disse.
– Mas e aí? O que aconteceu?
– Quer mesmo saber?
  Assenti com a cabeça.
– Eu achei ela tão linda e divertida que quando vi, ela estava no meu quarto, dormindo com meus lençóis em seu corpo nu. – Ele disse.
  Arregalei os olhos. Alec riu.
– Isso é sério?
– É.
– Você estava bêbado?
– Não. Ela, realmente, me tirou do sério. – Ele disse.
– Romance no ar... – Jonathan falou.
– Ela tem o meu telefone e eu tenho o dela, mas ela nem me ligou.
– Qual o nome dela?
– Elena. – Ele disse.
– Que nome bonito... – Falei.
– É. – Ele disse.
– Vai em frente, Jacob. Liga pra ela.
– Não sei não... Depois do que fizemos...
– Quem nunca fez? – Falei.
  Os outros concordaram.
– O que eu vou falar? "Olá, Elena! Que tal nos encontrarmos e fazermos a cena denovo? Pelo menos, eu vou ter consciência quando formos para o meu quarto."? – Ele disse.
  Todos rimos.
– Não, idiota... Liga pra ela e marquem de sair. Tentem se conhecer mais.
– Tem certeza?
– Tenho.
– Vou ligar para ela. Lá fora. – Ele disse, se levantando e saindo de casa.
  Ele ficou uns 6 minutos lá fora e ficamos conversando. Depois, ele voltou, desligando o telefone.
– Consegui. Vamos nos encontrar amanhã para jantar. – Ele disse, animado.
– Eu não disse? – Falei.
  Ele riu. Na hora, meu estômago embrulhou e me sentei em um gesto rápido.
– O que foi? – Alec perguntou.
  Ânsia de vômito. Coloquei a mão na boca e me levantei, indo até o banheiro mais próximo. Vomitei durante uns 3 minutos. Depois, dei descarga e fui até a pia. Lavei meu rosto e boca e saí do banheiro. Alec me olhou estranho.
– Está sentindo alguma coisa? – Ele perguntou, em uma voz preocupada.
– Eu vomitei. Só isso.
  Me sentei no sofá novamente e ele suspirou de alívio.
– Agora vai ser assim durante um tempo, não é? – Shelley falou.
– É.
  Ficamos conversando durante um bom tempo, depois eles foram embora. Me deitei no sofá e voltei à assistir TV. Alec chegou na sala e me trouxe um copo de água.
– Obrigada. – Falei, pegando o copo e bebendo a água.
– Ainda enjoada? – Ele perguntou.
– Um pouquinho. – Falei.
  Entreguei o copo à ele e ele o colocou sobre a mesinha de centro, se sentando no sofá e pondo minhas pernas sobre seu colo.
– Depois de resolvermos as coisas para o casamento, vamos cuidar de você. Vamos tomar as vacinas, ir nas consultas,... O que precisar. – Ele disse.
  Concordei de cabeça baixa.
– O que foi? – Ele perguntou.
– Katie. – Falei.
– Não se preocupa com isso... Já te disse que ela não vai fazer nada contra nós.
– Quem te garante isso?
– Eu. Não vou deixar ela fazer nada com você. Se ela quiser machucar alguém, que esse alguém seja eu. O problema dela é comigo e não com vocês.
– Alec, não quero que ela machuque você.
  Ele suspirou e se calou por uns 5 segundos.
– Vamos dar um jeito. Sempre damos. – Ele disse pra mim, baixinho.
  Depois, deu um beijo em minha cabeça e se deitou ao meu lado, colocando a mão sobre minha barriga ainda muito pequena. Sorri. Mas ao mesmo tempo, a ameaça silenciosa de Katie não saía de minha cabeça. Aprendi que quando se tratava das loucuras de Katie, você já podia até dar seus dias como contados.

 

 

À Procura do Amor (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora