Na sala de aula. Foi onde eu o conheci. Eu nunca reparei muito na beleza dos outros, sempre procurei ver o exterior da pessoa. Mas eu tinha que concordar que ele era muito bonito. Depois que eu conheci ele melhor, depois que viramos amigos, puta merda! Ele era mais bonito ainda por dentro.
A gente era muito grudado, sempre muito amigos, na sala todos zoavam que nós até parecíamos namorados, e sem pensar duas vezes os dois respondiam "Não, somos só amigos, nada além disso". Mas confesso que eu flertava muitas vezes com ele. Muita das vezes que ele me encarava da quele jeito, quando ele acariciava minha mão... Mas então eu pensava "Não, nunca aconteceria". Mas depois de alguns dias, ele parou de falar comigo como falava antes. Parecia até que ele estava me evitando. Nem me abraçava mais, e quando eu ia abraça- lo ele ficava meio sem graça. Então, assim como ele eu me distanciei, só que eu me distanciei literalmente. Sentei- me do outro lado da sala. E dito e feito. Ele não hesitou em falar comigo, ou perguntar o por que eu estava distante. Ele apenas ignorou. Eu sempre o cumprimentava, mas se eu não cumprimentasse, ele não fazia questão. Mas eu o via sempre com uma garota, linda... E parecia que ele gostava mesmo dela. Mas aí ela voltou com o namorado dela. E ele veio falar comigo, deu até aquelas "brechas" se me entende... Voltou a me abraçar. Voltou a ser como era antes. Mas eles ainda se falavam, e quando eu ia falar com ele perto dela, ele se distanciava de mim. Fui assimilando as coisas... Estava sendo tratada como segunda opção? A pior coisa é ser segunda opção. Logo eu, que te coloquei no topo, acima de todos. Podia ser só coisa da minha cabeça, ele não era assim. Foi tão rápido, mas quando me deparei me apaixonei perdidamente. Quando fui perceber já era tarde. Aquele olhar já não era mais um simples olhar qualquer, era um olhar que me arrepiava por dentro e por fora. Aquele olhar era capaz de quebrar o gelo do meu coração.
A vida. A vida não é ruim, as pessoas que são, e as pessoas que a tornam suas vidas ruins. Eu gosto da vida, eu vivo dizendo que não tenho medo de morrer ou que quero morrer; mas lá no fundo mesmo eu tenho medo da morte. Eu fico pensando, quero ter todas experiências antes de morrer, fazer com que todos meus sonhos impossíveis, se tornem possíveis. Minha vida é igual a lua, cheia de fases. Eu gosto do "novo", não gosto de permanecer muito tempo no velho, gosto de buscar coisas novas, coisas que nunca provei na vida. Algumas são erradas. Mas a minha persistência é maior, a minha curiosidade. Não que eu não saiba que é errado, eu sei, mas eu quero sentir o gosto. Os efeitos que causam. Se é errado mesmo, e se eu vou gostar do errado. E se eu gostar? Vou viver fazendo o errado?... Meus pais querem que eu seja certa, tenha um vida certa, planejada. Mas eu acho que coisa planejada é tão entediante, ainda mais se for planejada pelos seus pais. Já parou para pensar, depois de casada, com filhos, emprego legal e formada. Você vai ser feliz? E se for, por que esperar até lá para ser feliz? Pense no que te faz feliz agora, neste exato momento de sua vida. Fazer a mesma rotina todos os dias, cansa. Ter uma vida monótona cansa. Eu gosto de aventuras, gosto de chorar de felicidade, gosto daquele friozinho na barriga quando você não sabe o que vai acontecer depois, a ansiedade para ter um depois melhor do que o agora. Gosto de sentimento recíproco. Pode me achar maluca! Eu gosto de liberdade, ás vezes fico pensando se na minha vida antepassada (sim, acredito nessas coisas) eu era um pássaro. Por que quando fico muito tempo sem sair, sem me divertir, me sinto numa gaiola, ou me sinto com as asas machucadas. Mas eu sou de fases, como já havia dito. Um dia acho que tô na melhor fase da minha vida, no outro eu quero sumir. O passado dói, o futuro assusta e o presente machuca. Não tenho a necessidade do reciproco, mas isso não quer dizer que eu não o almejo.
Se você não se sente amado, não quer dizer que não possa amar e demonstrar. O fato de amar uma pessoa que não te corresponde na mesma proporção, faz com que você seja um pouco mais autônomo e não se torne uma pessoa tão dependente de outra, aceite isso. Quando você ama uma pessoa e joga isso na cara dela com atitudes, sorrisos, seja lá qual for o seu ato que demonstre tal sentimento; você dá uma chance dessa pessoa construir afeto por ti, e quem sabe assim, vocês edificam reciprocidade. Então, não tenha medo de amar e não ser amado. Ame sem hesitar. Demonstrar, na minha opinião, sempre foi um convite para pessoa fazer morada em meu coração. Não cobre o reciproco, construa-o. Tudo o que cala fala mais alto ao coração.
*Próximo capítulo será publicado amanhã sz***