We Don't Talk Anymore [Jelena]

Pode Chorar A Vontade, Selena

Pov Selena.

Seguro a mão de Charlie e juntos subimos em direção ao escritório de Scooter, eu estaria mentindo se dissesse que não estou com medo, eu estou, adoro trabalhar aqui, não quero ter que sair, mas terei que encarar.

- Selena, sinto muito, é minha culpa. - Charlie diz me parando antes que entrar na sala.

- Não é só sua, é minha também. - Tento sorrir da forma mais gentil possível e acho que consigo, pois Charlie retribui.

Bato na porta e entro assim que ouço a voz de Scooter, adentro hesitante a sala sendo seguida por Charlie, ele está sentado em sua cadeira enquanto brinca com uma caneta, há poucos papéis em cima da sua mesa, é tudo bem arrumado exatamente como eu me lembrava.

- Podem se sentar, não coloquei taxinhas nas cadeiras. - Sorrio um pouco aliviada por ele estar brincando.

Me sento em uma das cadeiras e vejo Charlie fazer o mesmo, engulo em seco já esperando ouvir que estou demitida e que poderei devolver o uniforme e os patins, embora o que eu escuto seja inteiramente, completamente e muito diferente do que eu realmente esperava e pensava ouvir.

- Eu quero os dois cantando no meu casamento.

- COMO É QUE É??! - Eu e Charlie gritamos juntos, demonstrando toda a nossa surpresa.

Eu olho para o meu chefe confusa e indignada, certamente isso é um tipo de brincadeira dele, embora seja de muito mal gosto, estou me sentindo em um daqueles programas completamente aleatórios que enganam pessoas, eu nunca esperaria que Scooter dissesse algo desse tipo. Charlie está intercalando seu olhar entre mim e o moreno a nossa frente, seus olhos estão arregalados e tenho certeza que está pensando e sentindo o mesmo que eu estou, a surpresa está dominarem seu semblante, tenho consciência de que não estou muito diferente.

- Isso que ouviram, eu fui o primeiro a chegar, não deixei nenhum deles dizerem nada até que vocês acabassem, sinceramente vocês cantam muito e quero isso no meu casamento. - Ele murmura convencido, me dando a certeza de que não é uma brincadeira, muito menos uma brincadeira de mal gosto.

Eu fecho meus olhos fortemente jogando meus fios de cabelos para trás, eu procuro entender o que está acontecendo agora, nada parece real ou normal, permaneço com os olhos fechados, tentando assimilar o que ele está dizendo, é surreal.

- Scooter, não somos profissionais, tampouco cantamos no chuveiro, aquilo que você viu fo... - Eu murmuro ainda mantendo minhas pálpebras bem fechadas, porém ele me interrompe estalando seus dedos, eu olho para ele e o vejo jogar a caneta sobre a mesa.

- Ótimo, aquilo foi ótimo Selena, vocês me pouparam de um grande trabalho, minha noiva queria alguém para cantar uma ou duas músicas românticas no casamento e a voz dos dois é perfeita.

Eu olho para Charlie tentando buscar por ajuda, porém eu o encontro sorrindo, sorrindo como se estivesse gostando da ideia, eu não posso acreditar que ele está cogitando esse pensamento maluco, isso é muita loucura, nunca nem ao menos dancei na frente de ninguém, imagina cantar, está fora de cogitação.

- Eu gostei dá ideia. - Ele murmura me dando a confirmação dos meus pensamentos.

- Como é!? - Pergunto completamente indignada, o sorriso dos dois está me deixando nervosa.

- É, gostei dá ideia, sempre amei cantar, tenho uma letra não terminada, você podia me ajudar, Selena.

- Escuta ele, Sel, quero os dois lá. - Scooter murmura segurando minha mão sobre a mesa.

Eu volto a fechar meus olhos e puxo uma respiração profunda, isso não está acontecendo, é apenas minha imaginação. Eu não sei cantar, como alguém quer alguém que não sabe cantar em seu casamento? Certamente Scooter ficou maluco, eu preciso de ar, preciso de normalidade, preciso do controle da minha vida de volta.

- Vem, vamos descer e começar a trabalhar, hoje vamos falar sobre essa música. - Charlie diz e segura minhas mãos, passando a puxar meu corpo para fora.

Eu ainda não consigo acreditar nisso, entrei ali minutos atrás achando que seria demitida e saio com uma proposta de cantar no casamento do meu chefe, é surreal, é muito para lidar, eu não posso fazer isso. Pressiono meus pés no chão no meio do corredor parando Charlie, eu vejo o quanto ele está animado e eufórico com a ideia, eu queria estar assim também, mas é diferente para mim, nada disso faz ou pelo menos podia fazer parte dá minha vida, nunca tinha passado pela minha cabeça cantar para pessoas.

- Charlie...

- O que foi?

- Isso é sério? - Eu pergunto um pouco tímida.

- É claro, não viu a cara dele?

- Sim, mas eu não sei fazer isso, não é para mim. - Eu sussurro e Charlie segura meus ombros.

Eu não sei porquê, mas ele simplesmente me abraça com certa força, não reclamo, esse abraço é tão necessário, mesmo que eu não tivesse percebido isso, eu sinto todo o meu corpo relaxar, sinto toda a tensão dos meus dias sumirem, sinto vontade de chorar e isso é um ponto discutível. Eu não derramei nenhuma lágrima desde que Justin foi embora, não derramei nenhuma lágrima desde que deixei toda a minha família aos prantos comigo na sala, aquela tinha sido a última vez em duas semanas, talvez eu precisasse chorar, talvez eu precisasse tirar um pouco de toda a tristeza e angústia de dentro de mim. É o que eu faço, uma parte dá camisa preta de Charlie já se encontra molhada pelas minhas lágrimas, eu o aperto com força e ele faz o mesmo, me dando todo o apoio que eu ignorei por duas benditas semanas.

- Vai ficar tudo bem, pode chorar a vontade, Selena.

Eu choro, realmente choro soluçando baixinho em seu ombro, nunca senti tanto alívio por derramar lágrimas, sinto suas mãos afagando meus cabelos e ouço sua voz sussurrar no meu ouvido, dizendo que tudo ficará bem, não vai ficar tudo bem, mas eu ainda me agarro a esperança. Leva longos minutos para que eu me acalme, agradeço internamente por não usar nenhum tipo de maquiagem a dias, Charlie sorri gentil para mim e volta a segurar minha mão, juntos descemos de volta para o restaurante, eu vejo o olhar preocupado de Francia cair sobre mim assim que piso no salão, eu sei que ela está confusa pois eu sou a única com um semblante choroso, o garoto ao meu lado apenas sorri, deixando a morena a minha frente ainda mais confusa.

- Sel, está tudo bem? Estava chorando, não é? O que aconteceu, Charlie?

- Nada Francia, está tudo bem, eu conto o que aconteceu depois. - Sussurro e ele concorda.

Nós começamos a trabalhar como qualquer outra sexta feira, o dia foi cansativo e cheio, mas nada que não me fizesse sorrir um pouco. Assim que nosso expediente terminou, Charlie fez o que disse que faria, ele foi comigo buscar Gracie na escola e depois fomos juntos ao parque, porém não falamos sobre música alguma, mesmo isso tenha sido o propósito dele estar comigo agora, talvez ele soubesse que eu não estou pronta para conversar sobre isso, então não me forçou a nada, eu agradeço.

Minha irmã se deu bem com Charlie, desde que o viu ao meu lado na porta da sua escola ela o adorou, perguntou se era meu novo amigo e eu disse que sim, então desde esse momento ela não o deixou em paz. Daqui eu posso ouvir a risada alta dos dois no brinquedo a uma certa distância do balanço onde eu me encontro, sorrio para eles mesmos que não estejam prestando em mim.

Suspiro e me lembro novamente de Justin, eu quero tentar ligar para ele mais uma vez, mas não sei se ele me atenderia, ou me responderia. Pego meu celular no bolso do meu casaco e disco o número já decorado por mim no ecrã do mesmo, levo o aparelho a minha orelha e espero ouvindo o famoso tuh tuh constam, porém não ouço sua voz em momento nenhum. Desligo a chamada me sentindo frustrada por novamente cair na caixa postal, solto um longo suspiro e fecho meus olhos. Justin não vai me atender, mas eu não irei desistir. Me balanço lentamente no brinquedo e permaneço com meus olhos fechados, eu espero, do fundo do meu coração que tudo fique bem.

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Eu sei demorei dessa vez e o capítulo está pequeno, mas prometo postar outro ainda hoje 😄

O que acharam desse??
Mesmo estando minúsculo.