Harry's Girl

Até Eu Te Encontrar

Quando acordei tudo estava incrivelmente claro, o sol penetrava por entre as cortinas de linho e tudo era branco, desde o teto até o assoalho passando pelos aparelhos e móveis. Um hospital é claro.

Minha visão se tornou nítida, uma agulha estava presa ao meu pulso e seguindo o percurso do tubo vi a bolsa de soro logo acima de mim. Ao meu lado, uma senhora remexia em uma caixa com um símbolo de infectante em amarelo. Tomei impulso e me sentei na cama hospitalar fazendo barulho, a velha enfermeira se virou e pude ver seu rosto moreno e risonho de frente.

-Olá menina.

-O-o-onde eu estou?- gaguejei encarando seu par de olhos castanhos brilhantes com meu olho direito. Um pânico irracional me tomou quando percebi que meu olho esquerdo estava coberto por diversas camadas de curativos.

- Você está em um hospital, minha jovem, e seu namorado acabou de sair levado por um homem alto.Ele passou a noite inteira aqui com você.- ela respondeu com um tom cálido e um sorriso de lado.

-M-m-meu o que?!!!- perguntei ríspida e cheia de choque e confusão na voz.

-Sim- ela disse remexendo novamente na caixa- aquele garoto com o cabelo despenteado.

Virando-se, vi a senhora caminhando em minha direção com uma seringa

-Agora você precisa descansar mais um pouco, mais tarde o médico virá consultar o seu estado, durma criança.Seu garoto vai voltar.

Antes de poder ter qualquer reação, a injeção foi fazendo seu efeito e meus olhos começaram a pesar. Adormeci então com um último pensamento: Aquele lugar era caro.

Quando acordei novamente, e meus olhar encontrou foco, vi um grupo murmurando no canto do meu quarto, sentados na poltrona de couro do hospital um grupo de quatro garotos conversava junto a três homens de terno e um médico.Foi quando eu ouvi um suspiro pesado ao meu lado, corri então meu olhar de encontro a um par de olhos verdes ansiosos.

-Quem é você?!- soltei rapidamente, com a voz rouca e alta.

Ele riu ruidosamente, parecia se divertir com a minha confusão mental, algo que me aborreceu um pouco.

-Eu!?Bem... Eu sou o cara que te salvou ontem mais cedo.

-Ah, sim bem obrigada. Acho que agora eu deveria ir embora já perdi o dia de trabalho.

-Oh oh, calma aí moçinha - o médico disse, todos na sala me encaravam e não pude deixar de corar diante de tantos olhos desconhecidos, o médico se aproximou então de mim, sua face a milímetros da minha, trouxe então uma lanterninha e a apontou para o meu olho bom.Naquele momento meu rosto já fervia de vergonha.- Você sofreu uma contusão bem feia, nós ainda não sabemos até onde o dano no seu olho esquerdo poderá te prejudicar. Você foi submetida a uma pequena cirurgia e embora possa voltar pra casa deverá manter o olho enfaixado por duas semanas e então saberemos a extensão do dano provocado pelo soco.Por hoje você já está liberada, pode voltar pra casa desde que volte dentro do tempo previsto.

Assenti e me levantei. Encarei as pessoas ao meu redor, tudo parecia girar, meu pé falhou e um par de braços me seguraram envolvendo a minha cintura. Uma voz doce e rouca se aproximou de mim: 

-Não se preocupe. Eu vou cuidar de você.