XI - C h e s l a v

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"Lua o olhou com aqueles olhos brilhando e vermelho, suas presas a mostra e seu cabelo bagunçado, era uma vez Cheslav... "

Não, não podia ser agora que Cheslav descobriria sobre Lua. Não do jeito mais trágico. Uma mentira tem perna curta como diz o ditado, pernas que caminham e caem no chão como uma gelatina que engana e mente para nossa mente.

Naquele momento foi como se os pássaros que antes num volume tão imperceptível não emitia som sequer, agora estava no mudo para Cheslav. - Em seu mundo preto e branco o cinza estava lá também, agora... Nada mais existia.

Todas as forças que Lua pensou que tinha derreteram-se como um cubo de gelo num copo de soda que ficou minutos fora da geladeira, que ficou em contato com o calor corporal por vários segundos a fio. Lua não foi a mesma depois daquele dia, daquela hora, daquele segundo, milésimo e outras.

-O que é isso?

1, 2, 3... Não esperou o quarto e suas presas romperam a derme do ruivo que num prazer imenso os olhos fechou. Não porque gostava, mas sim porque não sentia o que estava acontecendo. - Era bom. O tecido do mais velho foi aos poucos perdendo seu plasma que logo não tinha mais oxigênio.

Um baque se deu e Cheslav foi ao chão, o barulho de quebrado atravessou o ouvido de Lua, será que ele morreu? - Ora essa, mas é claro que não, Lua não seria capaz de tamanha barbaridade. Ou seria?

A pulsação que antes forte e ritimada agora era fraca e lenta, talvez quase parando. Lua não ouvia a respiração continua de Cheslav como costumava ouvir dos seus próximos. E a cor do rosto do menino que agora mais pálido assustava ela. Não era de sua natureza se assustar, mas o afeto que se ligou era forte de mais, ao ponto da menina querer se matar junto de Cheslav.

O estalo na mente da pequena veio como o baque de Cheslav no chão, será que ele melhoraria se ela liberasse veneno nele? Daniel certa vez lhe disse que isso acalmava sua presa, mas nunca pensou que um dia a menina realmente tivesse uma presa em mãos. E foi isso mesmo que aconteceu... Lua se abaixou e com as mãos afastando o cabelo tornou a por suas presas na jugular do desfalecido e para ela um ato involuntário tornou-se voluntário.

Quinze minutos se passaram e Lua já estava franca novamente, não por fome, mas sim por estar tirando dela para ele. E o sono agora era mais alto, não deu nem tempo de pensar e o sono se deu e numa onda maligna de escuridão a ruiva se foi como um lenço vai nas águas profundas e traiçoeiras do mar.

Num movimento único e repentino Lua abriu os olhos e se deparou com o corredor onde atacara Cheslav. Será que Pierre já havia chego? Lua nao torcia por isso. E como qualquer pessoa faria Lua se sentou ao lado do ruivo que continuava estirado ao chão e lhe tocou o pulso... Batidas fracas, mas ainda sim batidas.

Isso já foi motivo suficiente para Lua sorrir, a menina nunca gostará tanto de um tamborilado delicado de um humano como estava gostando agora.

Olhando para a janela Lua via o entardesser da noite e as estrelas brilhando como ela nunca poderia brilhar, e o reflexo de um satélite natural, sua xará. - A menina nao queria lembrar de Cheslav estirado ao chão como uma mera pedra no caminho.

Mas que pensamento tolo, desde que Lua foi morar com Pierre, sua vida teve de mudar completamente por causa dela, brigou com seu filho e provavelmente em seu trabalho todos comentavam dele, por abrigar uma estranha em sua casa, menina na qual nunca vou na vida. Quem em sã consciência faz isso nos tempos da maldade?

-Não, isso nao está certo... - O murmúrio se fez presente e suas cordas vocais vibraram.

Não havia ninguém na casa, exceto é lógico Cheslav, mas o que isso mudaria? Ela poderia sair sem ninguém perceber, e faria isso antes mesmo de Pierre chegar.

Os passos da quase bailarina não emitiram som, assim como os de Daniel também nunca fizeram barulho. A tranca foi aberta e a luz da lua tornou-se presente nas vistas de Lua que com o quase coração acelerado colocou-se a correr, uma corrida nem tão rápida para um vampiro como ela, mas como o flash para um mero humano que estava passando pela rua naquele fim de dia. 

 Talvez Lua voltasse para sua casa - mas ela não sabia o caminho, - talvez ela pedisse ajuda para uma velhinha bondosa que mora nu chalé no alto da montanha, - mas não havia montanha, chalé e nem uma velhinha tão boa como a do filme que viu. Tudo o que ela mais queria, era esperar Pierre chegar, e contar como foi mais um dia seu. Sem se preocupar com Cheslav ou com sua suposta morte. 

 Que Cheslav estava vivo, isso ele tinha certeza mais do que absoluta, mas o que assombrava a menina naquele momento era o fato da mesma ter quase matado o filho do cara que confiou sua vida na menina. E agora ela fazia isso...

 Lua tinha que fugir, fugir e nunca mais ver Pierre, pois ele sabia o que ela era e sabia também que exste essa raça espalhada pelo mundo e a qualquer momento poderia aparecer pessoas caçando vampiros a solta - isso se acreditarem nele e não taxá-lo como um louco. 

 Pensamentos de lado Lua olhou para onde estava, ela estava e uma rua movimentada, onde as pessoas nem sequer notava sua presença, tinha grandes lojas as quais haviam filas e mais filas, pessoas para todo o canto falando coisas e mais coisas. Umas seguravam bolsas ouras apenas uma carteira. Lua queria saber o que era aquilo, e também viu como uma solução para o seu problema, já que no meio de tantas pessoas Pierre nunca procuraria-a ali. 

 E Lua entrou por fim na fila e quando deu sua vez:

-Ei, onde está seus pais? - Perguntou o Homem que estava de terno, era gordo e careca.

-Eu estou sozinha. - Disse a menina com uma voz levemente tremula que se fosse em outra situação até seria engraçado. Mas ali, sozinha e com aqueles desconhecido se tornava trágico. 

-Ora, ora, ora, será que vou ter que repetir? Fala logo onde estão pais!


 Longe dali, um certo loiro ouvia tudo o que estava acontecendo, não poderia ser mais engraçado uma mera menininha tentando entrar numa balada, com pervertidos e além do mais, maiores de idade. 

 Era uma experiencia nova, mas tentaria, um sangue novo deveria ser bom, sem aquelas células envelhecidas e plasma que não tinha mais proteínas e minerais. 

 Então desceu na árvore que estava empoleirado e colocou as mãos no casaco, nem estava frio mas ele gostava do estilo que aquele caso negro até o joelho causava. Afinal, ele nem sentia aquele calor que os outros poderiam sentir. 

 Cainhou até a menina que estava sem reação com uma saia rosa e uma blusa de seda branca que tinha vários botões em dourado, que combinava com seu cabelo que era um ruivo acobreado que cintilava com aquelas luzes do local, ela era simplesmente linda, mas... Não sentia o pulsar de suas veias e nem o coração pulsando sangue para todo o corpo. Cadê o calor do corpo humano? 

 E cada vez aproximou-se mais da jovem que estava cada vez mais encrencada com o segurança do bar onde a menina queria entrar...

Era uma vez...Onde histórias criam vida. Descubra agora