Néctar?

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                – A senhora não pode fazer isso. – Malina foi a primeira a falar depois que mamãe anunciou nossa partida.

                – Não só posso como vou. – Mamãe respondeu ríspida.

                – Mas e o emprego do papai? E a nossa escola? Acabamos de voltar às aulas!

                – Vamos morar com seu avô Malina, não vai ser tão ruim assim.

                – Mamãe, por favor...

                – Já chega, está decidido. Iremos o quanto antes.

                – Eu me recuso a ir. – Minha irmã respondeu.

                – Malina a sua mãe já encerrou, e está decidido. – Papai fala. – Sua irmã não está reclamando.

                – Mas e a Anna? Ela é minha melhor amiga. Vocês não podem fazer isso comigo.

                – Você não vai perdê-la querida. – Tia Luna fala.

                – Davina, por favor, ajude-me! Não podemos ir embora! – Malina implora.

                – Eu sinto muito Malina, mas nossos pais já decidiram. – Respondo.

                – Só me deem um motivo? Tenho certeza que não sonhou com nós irmos embora.

                – Malina vá para seu quarto agora. – Mamãe fala. – Não vejo motivo para tanta insolência.

                – Mas mamãe...

                – Malina, vá. – Papai diz e ela sai da sala com lagrimas escorrendo pelo rosto.

                – Davina acho melhor você também ir. – Tio Alec fala, assinto e saiu da sala. Paro em frente à porta do quarto de Malina e bato.

                – Pode entrar. – Abro a porta e ela está chorando em cima da cama. – O que você quer?

                – Vim ver se estava bem.

                – Por que não me ajudou a convencê-los?

                – Porque mamãe ama Londres e se ela quer ir embora deve ser algo sério.

                – E por que ela não nos conta?

                – Talvez ela vá nos contar depois. Mas por que está assim? Tenho certeza de que Anna Wislet nos visitará sempre.

                – Eu gosto daqui, não quero ir embora. Tenho 14 anos, estou quase na idade em que posso casar-me, e acho impossível conseguir um marido se estiver enclausurada em uma chácara.

                 – Mamãe conheceu o papai naquela chácara, lembra?

                 – Ela teve sorte.

                 – Você pode encontrar amor em qualquer lugar, Malina, até mesmo debaixo de uma pedra. Se a pessoa certa para você estiver em Londres o destino vai unir vocês.

                 – Está falando bobagens Davina.

                 – Não estou. Agora limpa esse rosto e vá pedir desculpas a mamãe. Você sabe que ela sempre quer o melhor para nós.

                 – Tudo bem. – Ela sentou e me abraçou. Logo depois levantou e seguiu até a sala. E eu fui em direção ao meu quarto. Entrei e deitei na cama. Por que será que vamos embora?

                                                                                      *******

                 – Bom dia. – Falo na manhã seguinte quando entro na sala de jantar. O cabelo preso em um coque simples e o vestido azul do fardamento.

                 – Bom dia querida.

                 – Cadê a Malina? – Pergunto quando vejo seu lugar vazio.

                 – Está dormindo.

                 – Ela está doente?

                 – Não, mas vocês não vão voltar para escola.

                 – Como assim? – Pergunto confusa.

                 – Não confio em uma professora de etiqueta que não se apresenta pelo sobrenome. Ela pode prejudicar sua educação. Então vocês vão ficar em casa até nós nos mudarmos para a casa do papai que deve acontecer ainda essa semana.

                  – Mas mamãe eu não posso ficar sem ir a escola.

                  – Davina, por favor, não aguento mais birra. Já estou ficando velha, não discuta comigo.

                  – Tudo bem. – Saiu da sala e volto para meu quarto. Tem alguma coisa errada. Mamãe nunca nos deixaria faltar aula dessa forma. Volto para sala e me escondo atrás da parede para escutar o que papai e mamãe falam.

                   – Lia você não sabe mentir. – Papai fala.

                   – Sinto muito se dizer que ela tentou roubar meu Néctar é uma forma melhor de explicar.

                   – Não fale isso alto! Qualquer pessoa pode ouvir. – Papai retruca. Néctar? – Quando nós vamos?

                   – O quanto antes. Provavelmente a carta do papai deve chegar logo. E assim que receber uma resposta podemos partir. E temos que providenciar que nenhuma das duas fique no meu quarto.

                   – Isso é o mais fácil.

                   – E elas precisam de tutores.

                   – Por quê?

                   – Porque eu te conheci na escola. É melhor não arriscar.

                   – Mas eu te salvei.

                   – E quase me matou depois.

                   – Não pedi para você ir me buscar.

                   – Senhorita NymphWater o que está fazendo? – Mary pergunta.

                   – SHHHH...

                   – Davina... – Papai fala.

                   – Sim papai? – Falo saindo do meu esconderijo e seguindo até a sala de jantar lentamente.

                   – Precisamos conversar sobre essa sua mania de ficar escutando nossas conversas. 

A Herdeira das BorboletasOnde histórias criam vida. Descubra agora