The Witcher 4 (portuguese fanfic)

Capítulo 004 - Cidades Sitiadas

Ela ainda não estava totalmente a vontade, mas Francesca acertara ao considerar que não ficaria de braços cruzados enquanto Radovid iniciava um novo massacre. Ainda mais com Nissa, a quem acabara de salvar no meio. As três haviam se separado no início da tarde, após a Rainha lhe fornecer um novo tour através da cidade. Para sua surpresa e tristeza, Ciri descobriu que os habitantes eram muitos menos do que os boatos contavam e que eles também haviam sido afetados pela guerra no Norte.

Enquanto atrelava Kelpie em uma estaca fincada na entrada do palácio, um grupo de 5 crianças elfas se aproximara, as únicas que existiam na cidade e que ficaram curiosas com a cabeça da Abaya pendurada na sela. Mais a frente, as caixas empilhadas e espalhadas no primeiro andar e no saguão mostravam uma quantidade básica de mantimentos e que durariam menos de um mês, péssimo para o período de um cerco. Com expressões cansadas, menos de 300 elfos e 200 anões se aglomeravam junto a armamentos e armaduras, preparando-se para o ataque; o restante, cerca de 400 inumanos, ficavam em túneis e passagens subterrâneas, com entradas pelo palácio.

Uma bela elfa de cabelos negros e amarrados em duas tranças, coordenava os grupos e trocava mensagens com pequenas unidades espalhadas pela floresta. No caminho, Ciri também confirmou que Francesca ordenara para que ninguém a atacasse, caso a visse.

Nissa, que apenas ouvia e via as explicações, ficara cada vez mais triste. Ainda assim, a Witcher insistira em não mudar sua postura e agira como se não fosse nada além de mais um contrato sendo proposto. Um pagamento de duas mil moedas, cuidados e um abrigo para Kelpie enquanto estivesse longe, além de um saco de mantimentos e uma saída tranquila do vale, seriam um pagamento simples para a realeza, apontou. Apenas pegaria os mapas e informações necessárias e partiria na manhã seguinte, após um descanso.

Agora, após o Sol ter partido e a lua brilhar nos céus, ela deitava numa cama com colchão de palha em um dos quartos do terceiro andar do castelo. A luz da vela estava quase apagada, e com os braços cruzados abaixo da cabeça, Ciri procurava algo por entre a fendas da madeira no teto, sem sucesso. Em meio ao silêncio, percebeu o ruído de passos se aproximando, mas permaneceu sem se mover. As vozes de elfos e anões, tão audível a poucas horas também diminuíra, e ela não se preocupava com um ataque noturno.

- Ciri, você está acordada? - a voz de Nissa soava de maneira baixa e tensa, esperando alguns segundos por uma réplica. - Queria falar com você. - retomou.

Virando-se para o lado, a garota a ignorou, sem vontade para conversar. Sabia que a luz da chama ainda poderia ser vista por debaixo da porta mas, em silêncio, queria apenas que ela acreditasse que já dormira. Ouviu o chamado mais duas vezes antes da elfa desistir e ir embora. Rolando de volta para o lado, sentou-se com as costas curvas. - "Nilfgaard..." - pensava, sem parar.

Pegando a bolsa que largara sob uma mesa de canto, puxou alguns pergaminhos do interior até que achou os documentos que Francesca lhe dera. Num pequeno mapa, via ao sul, antes do Grande Mar, o Império formado por províncias como Vincovaro e Gemmeria. Não conhecia quase nada da região central, liderada pela cidade de Nilfgaard ou Cidade das Torres Douradas onde ficava o Imperador, mas desde que usasse seus poderes, não tinha que se preocupar em ficar muito tempo por lá. Ao invés, seu plano consistia numa abordagem rápida e eficaz, de preferência sem que ninguém tivesse tempo de ficar em seu caminho.

Mais ao norte, não poderia deixar de reparar em Cintra, local em que nascera e vivera junto da sua avó, Calanthe, antes da guerra começar As memórias do massacre eram o que mais a deixavam desconfortável com o trabalho, assim como a memória do dia em que Avallac'h revelara a verdadeira identidade do seu pai.

Desviando o olhar, voltou-se para a cidade principal. "Segundo a Francesca..." - relembrava as palavras, em preparação. - "No castelo na ala leste, na torre mais alta com o topo com vista ao norte, é onde fica a sala de reuniões pessoal do Imperador. Emhyr sempre fora cuidadoso, então mantinha algumas coisas guardadas apenas consigo, mas com a mudança de governo é provável que algumas coisas já tenham sido levadas. Só o que se espera é achar alguma pista por lá. O que me leva ao segundo ponto... Dois andares abaixo, no corredor atrás da sala do trono, ficavam os aposentos pessoais dele. Não é costume do novo sucessor adotar os mesmos quartos de alguém, ainda mais quando esse alguém foi assassinado deixando a viúva, então devo encontrar quase tudo do jeito que ele deixara... - puxando um outro pergaminho fechado, abriu-o para ver o rosto de uma bela jovem da sua idade, cabelos claros, com uma tiara pontuda e um colar esmeralda no pescoço. A imagem lhe dava um misto de asco e curiosidade, pois entendia ser a antiga camponesa levada para se casar com Emhyr se passando por Ciri e lhe garantindo o domínio legítimo sobre Cintra.