Como tudo começou

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Escutei alguns barulhos vindo da casa do lado, devem ser meus novos vizinhos. Ter 14 anos e morar em uma rua praticamente deserta em Londres não é  sonho de nenhum jovem. Corro para a janela para avistar meus novos companheiros, rezo mentalmente para que tenha algum garoto, pelo menos para eu poder jogar bola ou até mesmo jogar dama. Meu pai está sempre ocupado com o trabalho e a burocracia de sua empresa, quase nunca tem tempo pra dar atenção a mim e a minha mãe. Passo maior parte do tempo trancado no meu quarto jogando alguma coisa comigo mesmo, brincando com carrinho e sendo o pai das bonecas das minhas irmãs. 

Escoro na janela e tento enxergar dentro do carro e do caminhão de mudanças, acabo me assustando quando vejo uma garota saindo do carro e correndo para dentro da casa, fico ali, escorado e pedindo quase em voz alta que saia um garoto daquele carro, mas infelizmente só vejo uma mulher meio loira, a idade varia entre uns 36 e 38 anos. 

-Eleanor, volte aqui! - ela vai correndo atrás da garota mais jovem que acabara de entrar na casa. Minha visão vai para um homem de ombros largos que está carregando algumas caixas juntamente com outro homem que acredito ser o caminhoneiro que trouxe os móveis. 

Mais ou menos 5 meses se passaram, Eleanor - a filha do casal que virou nossos vizinhos - virou uma grande amiga das minhas irmãs, apesar de volta e meia estar aqui no meu quarto brincando com minhas armas de brinquedo e mexendo na minha televisão, é uma garota bacana e diferente das demais da nossa idade. Ela me disse que o pai dela é vereador de Londres e que daqui uns anos tentaria concorrer a presidência. Antes de ser vereador, ele foi um advogado em tanto, ganhava muitos casos, mas acabou se encantando pela política. Sua mãe trabalha como obstetra em uma das melhores clínicas particulares de Londres, claro que o cargo de seu marido na política ajudou bastante em seu cargo na clínica. 

O quarto de Eleanor fica bem em frente a janela do meu, então quase sempre a observo fazendo suas tarefas diárias, brincando com minhas irmãs, fofocando ao telefone e me envergonho ao dizer que adoro a ver depois do banho. 

Ela é uma pessoa boa, bonita e caridosa, porém é rodeada de mistérios e histórias sem pontos finais. 

she is the devilOnde histórias criam vida. Descubra agora