Único

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POV CAMILA

Eu não gostava muito de voar sozinha de avião. Bom, não porque talvez o avião pudesse cair a qualquer momento de uma altura absurda e eu pudesse morrer, mas sim pelo fato de ficar sentada e sem conversar com alguém durante horas, isso deixava meu lado hiperativo frustrado.

Mesmo assim, pelo menos uma vez por ano, eu precisava lidar com isso. Era definitivamente uma coisa que eu deveria ter levado em consideração quando decidi me mudar de Miami para Los Angeles com 19 anos sozinha para seguir o meu grande sonho de ser uma cantora mundialmente conhecida. Infelizmente, esse sonho ainda estava um pouco longe de se realizar.

Passei meus olhos pelos acentos do avião e vi que estavam praticamente vazios. Pensei na hipótese em que eu apenas tinha chegado muito cedo para o voo, ou as pessoas não queriam viajar de maneira tão súbita assim em pleno natal e encima da hora.

Eu encarava cada passageiro que entrava naquele avião. Não porque eu sou uma pessoa curiosa ou algo do tipo, eu apenas tinha um pingo de esperança que uma pessoa legal se sentaria ao meu lado durante aquele voo. Já não era legal viajar sozinha, e viajar com alguém chato era ainda pior.

Eu estava começando a achar que viajaria sozinha quando um último grupo de passageiros chegou, tomando toda a minha atenção para eles.

Tinha um homem bigodudo, que passou direto por mim. Uma mãe com duas crianças, que sentaram na parte da frente do avião. Um garoto com uma cara antipática vestido um suéter azul que parecia visivelmente caro, dei graças a Deus por ele ter ido para o outro corredor. E havia também uma senhorinha sendo ajudada pela aeromoça vindo pelo corredor.

Eu estava sentindo que era ela a pessoa que passaria a viagem sentada ao meu lado. Fiquei ansiosa a observando enquanto a mesma caminhava em minha direção. Normalmente senhoras de idade gostavam de conversar sobre qualquer coisa, e isso deixaria a viagem mais fácil e com uma ótima distração.

Eu já estava pensando nos nomes dos netos da senhora, mas minhas sobrancelhas arquearam quando ela passou por mim junto com a aeromoça em seu encalço, sentando-se dois bancos atrás de mim. Suspirei chateada enquanto olhava sobre o banco a senhora se sentando e sorrindo simpática para o rapaz ao seu lado. Ele não deu a mínima para ela. Ele não a merecia como acompanhante.

Escutei alguém pigarreando e virei-me pra frente recompondo-me, dando de cara com uma moça de cabelos brilhantemente escuros e olhos tão verdes e brilhantes quanto os seus cabelos. Assim que pus meus olhos nos verdeados, não consegui os tirar. Ela estava de pé e parecia que esperava pelo consentimento para sentar-se ao meu lado.

Quase gritei de animação. Eu não viajaria sozinha e ainda viajaria ao lado de uma mulher linda. Sorri largo pra ela, que devolveu um sorriso tímido, sentando-se ao meu lado.

- Obrigada. - ela agradeceu e eu juro por Deus que me arrepiei toda. Já não bastava a voz ser rouca, tinha que ter sotaque britânico?

Senti meu lado gay dar um pulo. Se Dinah estivesse aqui, ela provavelmente me incentivaria a tentar flertar com a moça, mas eu não sabia flertar, eu sempre acabava estragando tudo.

- "Tay, preciso desligar." - ela falava no telefone. - "Diga a mamãe que chegarei em casa em breve." - esperou a resposta vir do outro lado. Eu suspirava ouvindo sua voz gostosa sobressair em meus ouvidos. - "Vai ser ótimo passar o Natal em casa também."

Eu estava descaradamente prestando atenção em sua conversa.

- "Tudo bem, amo você. Até daqui a pouco." - ela se despediu desligando o celular.

Acho que ela sentiu que eu estava a encarando e virou-se na minha direção com aqueles olhos maravilhosos fitando-me curiosamente.

- Ah... - disse sem graça. - Eu não queria prestar atenção na sua conversa se é o que está pensando. - tentei me justificar. - É que seu sotaque é muito fofo.

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