In My Life

6° Capítulo

Parecia um sonho. Passamos o resto da noite sentados nas poltronas da primeira fileira do teatro trocando caricias. A cada toque dele, podia sentir o meu coração que batia ferozmente.

As horas pareciam voar e, quando percebemos, já era início de madrugada. Pedi para ir embora e, depois de uma leve insistência para que eu ficasse um pouco mais, Benedict acabou aceitando me levar de volta para casa.

- Você sabe que podíamos ter ficado mais. – Ele disse enquanto dirigia, sem tirar os olhos da rua. – Amanhã nem temos aula.

- Eu sei, mas mesmo assim vou ter que levantar bem cedo.

- Por quê?

- Um primo meu vem pra cá amanhã.

- Faculdade?

- Não, ele está no Ensino Médio, no segundo ano. – Eu sorri. – Mas ele é maduro e estamos sentindo muita falta um do outro, então ele vem me visitar e passar um tempo comigo.

- Entendi... – Ele ficou em silêncio por alguns segundos e depois retomou. – Qual o nome dele?

- Matthew Smith.

- Ele vai ficar no seu apartamento?

- Mas é claro.

- E ele é bonito?

Eu não aguentei e ri, ele me olhou de canto de olho e tentou não rir também.

- O que foi? – Ele perguntou.

- Você está com ciúmes?

- Tsssssssc – Ele balançou a cabeça negativamente. – Claro que não!

- Tudo bem, então. – Eu segurei a imensa vontade de continuar rindo. – Respondendo sua pergunta, ele é lindo sim.

- Lindo?! Eu perguntei se ele era bonito!

- E tem diferença?

- Claro que sim, lindo é uma classificação mais alta.

- Mas é a classificação que se encaixa perfeitamente. – Eu disse, no intuito de causar mais ciúmes.

- Ele é seu primo.

- E daí?

Ele me encarou com um olhar de reprovação. Eu o fitei séria, por mais que interiormente eu estivesse me acabando de vontade de rir mais e mais. Eu era uma boa atriz.

- Ele quer ser ator também? – Ele perguntou com indiferença.

- Não, jogador profissional de futebol. – Eu disse. – Ele tem jeito pra isso, embora eu pense que ele seria um ótimo ator de drama.

- Jogador profissional de futebol? – Ele soltou uma longa risada debochada. – Ele não vai conseguir.

- Ah, não? Quem te garante isso?

- É uma profissão muito difícil de se obter sucesso.

- E ator não é?

Ele ficou em silêncio, pensando em uma resposta para me rebater.

- Que seja. – Ele parou o carro, havíamos chegado no meu apartamento. – Amanhã eu vou buscar ele com você.

- Não vai, não.

- Ah, eu vou sim.

- Ben, não.

- Você não tem um carro pra trazer ele pra cá.

- A gente pega um táxi.

- Vai gastar dinheiro à toa?

- Tá bom, tá bom! – Eu ri. – Você venceu.