CAPÍTULO 21

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      Eu saí tão depressa pra pegar aquele carro que nem lembrei de calçar algo, estava dirigindo descalça pelas ruas de Seul, procurando Jimin, disposta a o que fosse para ele me perdoar, para ele voltar pra mim e para que fossemos como antes, mas dessa vez sem nenhuma mentira, sem muros, sem jogos e sem separação. O futuro não devia me amedrontar, o que fosse pra ser seria, mas meu peito estava pesado.

      Eu sentia um incômodo, o mesmo incômodo que eu senti quando perdi Jimin para o exército e para as mentiras da minha família, era como um peso e minha cabeça meio que queimava, era involuntário, só respirei fundo e continuei meu caminho, até ver um tumulto na rodovia, a polícia estava lá, as ambulâncias também e ao que parecia foi um acidente sério. Mesmo que o meu instinto de salvadora da pátria chamasse, eu teria que ir atrás de Jimin, sem distrações, segui com o carro mas fui parada por um policial, baixei o vidro do carro e olhei para o homem fardado.

      — Algum problema, policial? — Perguntei num tom calmo.

      — Na verdade sim. — Ele diz — A senhorita não pode passar, a rua está interditada.

      — Aish. — Já estava nervosa, com aquela sensações no peito e ela só piorava — Foi muito feio? Digo, o acidente?

      — Veja com seus próprios olhos. — Ele disse apontando para um lado da pista.

      Tirei o cinto e desci do carro logo pisando no chão gelado. No outro lado na rodovia haviam dois carros, um quase caindo da rodovia e outro completamente destruído, meu coração foi a mil quando olhei para o segundo carro, o completamente destruído, ele era preto e sua placa não era tão visível, mas eu a reconhecia, então meu coração ficou nas mãos. Me aproximei de onde as ambulâncias estavam e olhei para cada rosto ali, nada do Jimin, graças a Deus. Soltei um suspiro até me virar e ver os enfermeiros andando rápido para dentro da ambulância, eles traziam um corpo e pediam para todos se afastarem, evitei olhar pois vi muito sangue escorrer daquela maca, até minha curiosidade se tornar maior e eu olhar.

      — Jimin? — Meu coração estava congelado junto com a minha mente — JIMIN!!!

      Eu continuava chamando mesmo sabendo que ele não iria ouvir, eu tentei passar para vê-lo de perto mas os policiais e enfermeiros não me deixavam passar, eles não tinham culpa, só estavam fazendo seu trabalho.

      Os fios de Jimin estavam pregados em sua testa pelo sangue que havia ali, eu não me contia, chorava e gritava, eu não me importava se todos estavam olhando para mim ou se eu estava parecendo uma pessoa louca, a dor que eu sentia no meu peito era maior que qualquer outra coisa, eu não iria suportar perdê-lo, eu não podia perder Jimin mais uma vez.

      Eu o perdi uma vez para o maldito exército e não aguentaria perdê-lo de novo, eu poderia tentar mentir e dizer a mim mesma que não me importava, que ele poderia morrer e eu não iria sentir nada, mas não seria verdade, pois não importa quantas vezes eu minta pra mim mesma dizendo que não o quero por perto, eu quero. Afinal as pessoas são assim, elas querem perto quem está longe, e eu nunca senti Jimin tão longe. Eu nunca senti uma dor tão forte, nunca senti tanto medo e nunca odiei tanto a mim mesma. Quando ele foi para o exército eu odiei o mundo e as pessoas que estavam nele, mas hoje eu não odiava o mundo, não, eu não tinha forças pra isso, eu não tinha forças pra nada.

✦    ✦    ✦

      Jimin estava a horas dentro daquela sala de cirurgia, nenhum médico saia daquela sala, mas outros entravam, o que me fazia ficar aflita pois se precisavam de tantas pessoas, provavelmente era algo grave. Meu coração não iria aguentar mais uma daquelas notícias que poderiam parti-lo.

      Eu não parava de chorar, e eu odiava isso, odiava chorar tanto, sempre. Por que eu sempre chorava por Jimin? Por que eu sempre era tão fraca? Por que eu tinha que sofrer tanto por ele? Eu deveria odia-lo por ter ido embora, eu deveria odia-lo por depois de sete anos aparecer na minha vida como se nada tivesse acontecido e eu deveria odia-lo por me fazer não conseguir odia-lo.

      Eu não sabia como seria depois que o médico saísse daquela maldita sala de porta branca, eu estava sentada em uma cadeira ao lado da sala, eu levantava e sentava, era algo que eu não conseguia parar de fazer, eu estava nervosa, com medo, um medo que eu nunca senti antes, o medo de perder Jimin para a morte, ele poderia ter morrido no exército mas eu não tinha sentido isso, eu não tinha sentido essa angústia e essa dor no peito, mas ele voltou bem. Dessa vez era diferente, eu sentia a dor no peito e eu sentia as lágrimas se misturando no meu rosto por serem tantas, algo não estava bom, algo iria dar errado, algo iria me quebrar mais uma vez, mas isso era pior que tudo que já aconteceu pois o que eu sentia era mais forte que eu.

      Eu não aguentava mais esperar, estava sentada com as mãos na cabeça olhando o chão.

      — Sayumi. — Vejo saltos pretos a minha frente e vou levantando a cabeça.

      Uma mulher está a minha frente, seus longos cabelos loiros tem um brilho surreal e seus olhos são castanho claro, ela é linda. A loira tem uma expressão preocupada e ao mesmo tempo arrogante.

      — Sim, sou eu. — Levanto e a encaro — Eu conheço você por acaso?

      — Acredito que não. — Ela parece tão educada e seu vestido azul parece caro — Sou Andy, amiga do Jiminie.

      — Jiminie? — Ergo uma sobrancelha, por que ela estava o chamando assim? — O que você veio fazer aqui?

      — Não é óbvio? — Ela ri debochada — Vim saber como Jiminie está e o que aconteceu.

      — Bom, eu ainda não sei de nada, eles não me deixam entrar. — Sento novamente passando as mãos no rosto.

      — Claro que não deixam. — Ela me olha de cima a baixo com um olhar superior.

      Reviro os olhos não me importando, tudo que eu queria era abraçar Jimin o mais forte que eu conseguisse e não solta-lo nunca mais, eu o amava tanto que até doía.

      — Quem é o acompanhante de Park Jimin? — Escuto e logo levanto.

      — Eu. — Isso sai como em um couro pois a loira ao meu lado fala a mesma coisa.

      — Hm... — O médico parece confuso.

      — Como ele está doutor? Ele vai ficar bem? Por favor doutor... — Eu praticamente imploro por respostas.

      — É complicado, algo aconteceu com o senhor Park. — O médico diz e meu coração cai.

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