Um Tempo Para Refletir Pt.1

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— MAMÃE... - Grito já quase sem folego quando vejo a porta de meu quarto começar a pegar fogo.

— Querida...querida... - Gritava minha mãe do lado de fora com um ar de desespero, mais não tinha como sair ou entrar do quarto, aquela janela era a mais alta da casa.

— Venha, deixe essa imbecil ai. - Dizia meu padrasto com raiva e eu só ouvia minha mãe gritando por meu nome até que ouço um estalo e grito.

— Não bate nela.

— Calada imbecil. - Ele gritou...depois disso só me lembro do hospital, havia vários médicos e tudo parecia girar, havia um daqueles negócios que colocam no pescoço quando as pessoas sofrem acidentes.

Uma das moças sorrio para mim e disse que iria ficar tudo bem, eu apenas sorri de volta e apaguei.

[...]

— Eeei, me devolve. - Eu chorava enquanto pedia para devolverem o ursinho que ganhei do Bryan, o meu melhor amigo que era do 9° ano na escola.

— Não, vai fazer o que?
Chamar a mamãe?
Aé, me esqueci, a sua te abandonou. - Elas riam de minha cara, Carla era a mais patricinha da escola e namorada de Bryan, ela também era da sala dele.
Vinda de familia rica, sempre se achando melhor que todos.
Eu tive que repetir um ano por conta de meus documentos terem se perdido, então eu estou no 7° ano.

— Paraaaaaa. - Eu gritava tentando pegar o ursinho.

— A órfãzinha não consegue pegar?
Que pena, come fermento.

Ela falava de cima do banco enquanto todos a minha volta riam de mim, eu já estava com muita raiva então a empurrei a fazendo cair de costas na lama e todos riram dela, senti uma mão em meu ombro e logo Bryan indo até ela.

— Essa órfã miserável é louca.
Me empurrou sem motivo. - Ela falava fazendo uma cara de inocente e Bryan se virou com un olhar de ódio sobre mim, eu sei que ninguém diria o que realmente aconteceu ali por medo das mentiras que ela poderia fazer sobre a pessoa fazendo a mesma ser expulsa.

— Mas...mas... - Eu apenas abaixei a cabeça quando vi Bryan ajudar ela a levantar.

— Te odeio. - Disse ele ao passar do meu lado e todos foram embora, eu fui até meu ursinho que estava na lama e o peguei indo em direção ao pátio.

“Te odeio.”

Isso me veio a mente e eu cai de joelhos de cabeça baixa.
Como ele acreditou nela?
Como todos mesmo vendo aquilo...
Esquece.

Fui até minha sala e peguei minha bolsa, o sinal havia batido a alguns minutos então a escola já estava praticamente vazia.
Segui meu caminho calada até o orfanato. Eu sempre ia com o Bryan, mais parece que terei que me acostumar a ir sozinha a partir de agora.

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