Introdução
“- Acho que se em um dia eu pensar no quanto eu sofri, no quanto eu chorei, eu nunca vou poder esquecer o nosso tempo. Acho que se eu viver mais uma vez cada momento feliz ao seu lado eu finalmente poderei ter o meu tão desejado encerramento.
- No final você ficou para um lado onde eu nunca esperei que você fosse ficar, acho ate que não te conheço mais, o que pode ser algo bom para nós, mas é definitivamente ruim para mim. Tivemos nossos desentendimentos, mas quem nunca brigou com uma pessoa amada por orgulho?
- Orgulho? Que orgulho? Se a cada vez que lutávamos derramávamos nossos sangues pelo outro e ao mesmo tempo por nós mesmos. E quanto à parte de “no final” deveríamos mudar para no começo, pois eu me recuso a acreditar que é disso que nossas existências se tratam.
- Estamos indo na direção em que viemos, porém com mais experiência, com mais sabedoria e com menos tempo.
- O que é o tempo perto do futuro? O que é o futuro perto do presente? Nosso tempo acabou, no passado ele se encontra, nada mais vai mudar isso.
- O nada pode ser algo eterno, o nada pode ser algo temporário, tudo é subjetivo, menos o passado, não pode ser apagado, muito menos modificado, o passado é o que mantém o futuro ou você irá negar tudo o que passamos?
- Não irei negar nem afirmar, o que nós passamos foi algo meu misturado com algo seu, uma passagem necessária para o futuro e para o presente
- E esse seu tal de presente? Como você pode ter tanta certeza que eu não sou ele? Como você pode me negar de uma hora para a outra? Como você pode me abandonar? Fomos um só por tanto tempo, eu te acolhi durante os tempos difíceis te moldei com tanto carinho, com tanto afeto, nada disso importa?
- Importa de um jeito que você nunca vai saber como foi importante, afinal esse tal do futuro só será feito com a sua base, mas isso não significa que terei que acompanhá-la para o resto de minha vida
- Você não entende que não importa para onde você vá, eu sempre estarei com você. Mesmo que seja um pedacinho bem pequeno e insignificante de você, eu estarei lá
- Que esteja, é tempo de crescer. É tempo de mudar, de se reinventar, quando eu conheci você, era tudo novo, e agora, tudo vai ser novo novamente Penélope, nosso tempo juntos se acabou, mas isso não significa um final para você, muito menos para mim, apesar de tudo, aqui vamos nós novamente, só que dessa vez em direções opostas.”
Getulio olhava com prazer o talento de sua então namorada, Diana, porém este prazer só lhe era proporcionado quando a via em palco, demonstrando toda sua paixão. Apesar de este talento dela o fazer olhar para ela com outros olhos, o que realmente o cativou foi à segurança que ela passava, independente do numero de pessoas ou se eram desconhecidos, ela sempre dava seu melhor, não apenas no palco, na verdade Diana era aquela menina que transpirava confiança.
Apesar de que no geral seu namoro com ela, que durava cinco meses, estivesse bom aos olhos alheios Getulio vinha se sentindo sufocado com suas responsabilidades com a namorada. Cada dia em que deixava de ir jogar bola com seus amigos para assistir um filme romântico com ela, ele ficava mais irritado e ela nem percebia, pois já estava aos prantos quando Getulio fechava a cara.
O tempo fora passando e Getulio ficando mais irado com a perda de festas e farras entre os amigos, enquanto Diana se vangloriava para as amigas pelo namorado tão bom e dócil que ela tinha. Um final tinha chegado, Getulio sabia disso, mas não fazia idéia de como contar para Diana que o relacionamento deles estava acabado.
I
Após duas semanas sendo sufocado Getulio desistiu da idéia de esperar pelo momento certo e explodiu, falou tudo o que tinha que ser falado, falou mal de todas as atitudes tomadas pela ouvinte e demonstrou o quanto se sentia superior pela conquista de ter agüentado todo esse tempo escutando os melodramas e chiliques da atriz, para falar a verdade nem Getulio se reconheceria vendo essa cena se não fosse pela sua aparência, que estava estranhamente apavorante, e pelo seu tom de voz.