Sábado - 02:20 a.m.
Quem nunca teve aquele sentimento estranho de estar sendo observado ou seguido? Bem, eu já tive várias vezes e estava tendo novamente naquele exato momento.
Eu acabará de sair de um clube com meus amigos e nós tínhamos a recém nos separado. Todos eles haviam bebido uma boa quantidade de álcool naquela noite, álcool esse que agora circulava em seus sangues. Não que eu não confiasse em meus amigos, mas acho que tinha mais possibilidades de eu chegar inteira em casa indo à pé, sozinha, do que em um carro em super velocidade. Não que eu seja medrosa ou alguma coisa, mas nunca andei por essa parte da cidade sozinha às duas horas da manhã. Minha mãe me mataria, mas então eu diria que a culpa era dela por cortar a minha mesada e me deixar sem nenhum dinheiro para pegar um táxi. Isso se eu chegasse em casa.
Normalmente quando sinto estar sendo observada ou seguida, é por um animal ou apenas uma sensação equivocada, mas daquela vez o sentimento era puramente verdadeiro. Isso, e eu também podia ouvir os passos de três pessoas atrás de mim. Devido ao peso que colocavam em cada passo, eu diria que eram homens, mas não tive coragem o suficiente para me virar e apenas aumentei o passo de forma que não seja tão chamativa e que não diga algo como ''sei que tem pessoas atrás de mim e estou fazendo de tudo para pôr mais distância entre mim e eles''. Mas, até onde eu sabia, nenhum dos três que me perseguiam sabiam que eu havia notado suas presenças. Pois é, eu tenho essa teoria: se você fingir que não viu/ouviu ou que não está com medo, talvez a coisa ou a pessoa vá embora. Ou, pelo menos, demorará mais para atacar.
De qualquer forma, apressei ainda mais o passo e ouvi os passos atrás de mim também aumentando a velocidade. Olhei discretamente para os lados, tentando pensar em algum plano de fuga. Logo a frente, estava a esquina. Assim que cheguei lá e dobrei-a, passei a correr, isso certamente me daria alguns segundos de vantagem, melhor do que nada. Forcei minhas pernas a trabalharem o mais rápido que conseguiam e sem me importar com a dor que começava na panturrilha. Isso que dava matar praticamente todas as aulas de educação física e de autodefesa. Mas eu estava torcendo para que as pernas compridas que eu possuía adiantassem de alguma coisa, afinal não dizem que a adrenalina aumenta quando estamos em alguma situação de perigo e nosso corpo funciona mais rápido, mais forte e outras coisas? Então, eu estava rezando para que aquilo fosse verdade.
Se fosse verdade ou não, talvez eu nunca fosse descobrir porque, meu Deus, aqueles caras eram rápidos. Ainda assim, impulsionei-me completamente para frente, tentando aumentar a velocidade que eu movia minhas pernas. Por algum motivo desconhecido até mesmo por mim, pensei nos grandes felinos. Sempre fui apaixonada por gatos, onças, tigres... Uma vez, quando eu tinha seis anos, minha mãe me perguntou o que eu queria de aniversário e eu respondi ''Eu quero um leãozinho de verdade''. Meu presente foi uma visita ao zoológico e um leão de pelúcia da lojinha de lembranças. Mas no momento eu pensava mesmo era no guepardo, um dos - senão O - animais mais velozes do mundo. Era óbvio que as semelhanças entre mim e um guepardo eram mínimas, mas não pude evitar de pensar na forma como ele usava o corpo esguio para correr pelo vento e as garras para se firmar em curvas. A próxima esquina chegou logo e eu agarrei-me com tudo no prédio para fazer uma curva sem derrapar, eu agradecia a tudo o que é sagrado pela minha mãe não me criar como uma menininha mimada, por eu odiar saltos altos e não estar usando um naquela noite que, supostamente, era para ter sido divertida e tranquila.
O som que vinha atrás de mim era fraco e carregado para longe pelo vento, mas eu pude claramente identificá-lo como risadas. Então eu percebi que estava sendo idiota ao pensar que pudesse ter alguma vantagem. Com certeza eles estavam apenas se contendo. Meus perseguidores estavam rindo, se divertindo. E, de repente, senti-me como um cervo na floresta em meio a temporada de caça.
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Castigo Das Almas - ENGANADA
Teen FictionKatherine estava acostumada com sua vida normal. Um grupo de amigos incríveis, um ótimo namorado, uma mãe super protetora, escola, shopping, festas... Era tudo quase perfeito, mas todo mundo sabe que não existe tal coisa como perfeição. Kate vê seu...