Capítulo 07

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- Ela precisa dormir, para que não se mecha quando eu cortar a carne infeccionada - Mama falou colocando o corpo febril novamente na cama.


- Valeriana? - arrisquei um palpite.


- Isso mesmo - Mama me olhou com aprovação. Sorri e corri até a bolsa, peguei um punhado das pequenas plantas.


- Preciso de um copo com água - ouvi a voz da Mama ressoar pelo quarto, entreguei as ervas e ela logo começou a amassa-las com o dedo. Uma serva trouxe um copo e mama despejou metade da água no chão mesmo. colocou as ervas no restante de água e criou uma infusão. 

Ela levantou um pouco a garota e eu a ajudei mantendo-a meio sentada, Mama segurou nas bochechas da menina para que abrisse a boca e despejou metade do liquido para que fosse engolido.

- Pronto... - Mama colocou as mãos na cintura e esperou, senti o corpo quente pesar e já sabia que a infusão tinha funcionado.


- Mila pegue a faca - Mama ordenou e eu rapidamente busquei o objeto. 

Ela pegou a faca afiada e se aproximou de um dos candelabros e começou a passar o fio do corte na chama.

- O fogo queima as impurezas, lembre-se sempre disso - mama disse para mim.


- Certo. - Mama caminhou até a cama sob o meu olhar atento.


- segure ela firme Camila, mesmo dormindo o corpo pode responder a dor e ela pode acordar a qualquer momento - Mama olhou para a Senhora no canto da Sala - ajude também e segure sua filha.


A Mulher rapidamente se adiantou e segurou os tornozelos da menina, eu me apoiei sobre seus ombros a mantendo firme no lugar. 

Mama cortou a carne e senti o corpo embaixo de mim estremecer, ela devia estar sentindo dor, mas era para o bem dela.

Sem pensar muito no que estava fazendo inclinei meu rosto até a altura do seu ouvido e comecei a falar com ela.

- Shiii.... Calma, eu sou a Camila, minha mãe vai te ajudar.... - percebi sua respiração se acelerando enquanto Mama trabalhava em sua perna. 

- veja só, você é muito mais forte do que eu... - Passei meus olhos pelo corpo adormecido na cama, ela tinha um corpo muito bonito, não era franzina como eu, quem não me conhecesse e olhasse acharia que tenho 10 anos, já essa garota não, ela não parecia que ia fazer 14 anos, isso era no minimo intrigante ela tinha um ótimo porte físico, ela ia aguentar.

- isso vai passar e você não vai mais sentir dor, você vai ficar bem só aguenta firme - o meu coração também estava acelerado, não queria que ela sofresse mais.Mama se afastou até a bacia com água e lavou as mãos, ela tinha acabado aquela parte. Acariciei o rosto daquela menina e afastei um pouco dos cabelos pretos que estavam grudados em sua testa, ela era muito bonita.


- você vai ficar bem, eu prometo. - me aproximei e deixei um beijo em seu rosto, indo até Mama.


- Agora vou limpar o ferimento e usar babosa pra ajudar na recuperação. - Mama falou para mim e eu já entendi o que ela usaria para limpar o ferimento; uma pasta especial feito a base de gengibre.


Observei todo o trabalho de Mama, ela limpou o ferimento e aplicou uma camada da pasta e em seguida Babosa sobre a ferida, agora erasó esperar o corpo reagir da melhor forma.


- vocês precisam limpar todos os dias e aplicar isso sempre, ela entregou um pote com babosa para a mãe da menina. - Faça um chá com isso aqui e dê pra ela agora, e três vezes ao dia até cessar a febre. 

Eu sabia o que era, Equinácea, realmente Mama era muito boa, meus olhos brilhavam em admiração.

- Sua filha vai ficar bem Senhora - soltei sem querer e a mulher me encarou com olhos agradecidos. Mama me olhou com cara de desaprovação.


- eu não sei como posso agradecer... - ela sorriu gentilmente - pode me pedir o que quiser que eu darei.


- não se preocupe senhora, só quero chegar em casa em paz - Mama desconversou, ela parecia constrangida com alguma coisa.


Ouvimos uma tosse fraca e um gemido. 


A Mulher bem vestida passou como um raio por nós e foi até a cama. me aproximei devagar e observei a mãe da menina acariciando seus cabelos pretos.

Seus olhos se abriram devagar e fixaram em sua mãe, verdes, aqueles olhos eram de um verde tão único que eu nunca tinha visto igual na minha vida, eram lindos, profundos... eu não conseguia desviar o olhar, senti um cutucão no meu braço e vi minha mãe me chamando para deixar o quarto, caminhei relutante atrás de mama e no corredor encontramos com o pai da menina.


- ela vai ficar bem, já está acordada, sigam as recomendações e em poucos dias ela estará correndo por ai novamente. - mama se apressou em dizer, pegando em minha mãe e não parando até alcançar as escadas.


- eu agradeço o que você fez pela minha filha, você a salvou, o cavalo... isso, leve com vocês, é de vocês.


Aquele homem tinha um olhar agradecido e eu sorria para mama, mais uma vez ela foi minha Heroína, as vezes penso que minha mama é mais forte que os deuses do Olimpo, acho que ela seria uma ótima titã, ela sabe tantas coisas, já salvou tanta gente, tenho orgulho de ser filha dela. 

Ela brinca comigo que eu sou a pequena Atena, por gostar tanto de aprender com ela, mas ela mal sabe que, se eu pudesse escolher ser igual a alguém eu escolheria ser como ela.

- Vamos filha? - Mama sussurrou pra mim e então percebi que estive parada olhando para ela com um sorriso bobo nos lábios.


- Vamos Mama - saímos rápido da casa, mama parecia ter muita pressa.


Cavalgávamos em velocidade de volta para casa e eu estava feliz. Feliz e satisfeita por ter visto mama em ação e salvado a vida daquela menina de olhos verdes.


Aqueles olhos tão únicos.


Inevitavelmente senti uma vontade de vê-los novamente.

ATHAMEWhere stories live. Discover now