Capítulo 4 - R.I.P.

26 1 0
                                    

R. I. P, to the girl you used to see.

Her days are over, baby she's over.

-       Rita Ora feat. Tinie Tempah

— Você pode senti-las? – uma voz feminina e mansa me pergunta. – Essas energias?

Meus olhos estão fechados. Sinto uma brisa leve invadindo o meu corpo. É como se eu estivesse mirando o extenso oceano e as ondas que crescem e batem sobre a areia. Consigo também sentir o perfume cítrico de Louise com maior intensidade.

— Sim. – murmuro.

— E o que elas transmitem para você?

Descrevo tudo que sinto. Ainda digo para minha mentora que as ondas me dão segurança e conforto, mesmo ficando incomodado com a exposição do meu interior.

— Perfeito. Abra os olhos.

Os rastros de luzes vão invadindo o meu campo de vista. Na minha frente, está uma sorridente Louise, usando um vestido rodado branco, com contornos em azul-claro. No seu decote, um leque quadrado fica aberto. Lucas estaria se mordendo de raiva sabendo que eu tenho “aulas particulares” com a Louise.

— Essa é outra característica padrão entre espers de eletricidade: percepção da energia. – diz. Os seus braços vão voltando ao seu corpo – Isso serve para facilitar a localização de adversários ou companheiros.

Depois que eu e Rafaela aceitamos a missão de cumprir nossa função como espers, tenho treinado diariamente. Bem, a Rafaela não, já que seu mentor não deu as caras até hoje.

Fora esses treinos com a minha mentora, Louise, o Senhor tem tratado de nos informar alguns aspectos da natureza do espers. A primeira delas é a nossa essência. Existem três tipos de essências: eletricidade, fogo e sombra. Minha essência é a elétrica, assim como Louise e Breno. Soltamos raios elétricos, conseguimos eletrocutar indivíduos, e toda aquela parada de eletricidade que não tive o menor interesse em aprender nas aulas de física.

Rafaela e o seu mentor desaparecido são de essência fogo. Nenhuma surpresa.

E por último temos Guilherme, que possui a essência de sombra.

A segunda informação são os nossos poderes sobrenaturais. Cada esper é especializado em algum tipo de habilidade. Guilherme, por exemplo, consegue se teletransportar de um lugar para o outro e ficar invisível. Já Louise cria multibraços para gerar ondas elétricas.

Terceira: os tais dos receptores de poderes. Resumindo, é uma arma para usarmos nossos poderes sobrenaturais “moderadamente”. Podem ser usados espadas; revólveres; foices; nunchaku, como Louise; ou um báculo mágico, como o Guilherme.

O Coramanda 2300 é uma espécie de rosa dos ventos, onde cada direção nos leva para um local do computador. A direção “leste”, por exemplo, nos transporta para o mundo dos humanos. Na “noroeste”, se localiza o “Armazém de Uniformes e Receptores de Poderes”, ou simplesmente AURP. Lá ficam armazenadas tudo isso e o vestiário dos espers.

A primeira vez em que eu e Rafaela entramos por lá, recebemos os nossos respectivos uniformes e armas (falar receptores de poderes enche o saco). Rafaela é dona de dois revólveres que, segundo ela, tem o triplo do peso do Guilherme. Frescura da Pimentinha. E eu? Sou dono de uma jaqueta. Uma peça de roupa. Não tem espada, foice, machado, arco e flecha ou um báculo mágico. Minha jaqueta não é nada mais que um moletom amarelo e preto, que serve tanto como uma arma quanto um uniforme.

Pelo que eu entendi da explicação que a Louise me dera, essa jaqueta tem a função de me proteger de ataques de vírus e humanoides. Dentre os meus poderes está o “Campo de Energia”, onde “fecho” uma área com um círculo elétrico. Quem está lá dentro não sai, e quem está fora não entra. Nesse campo, minhas fontes elétricas ficam ainda mais poderosas, portanto tenho maior facilidade em eletrocutar os meus inimigos. Minha segunda habilidade é de materializar armas elétricas. Um exemplo disso foi o pedaço de foice que joguei em Louise. A minha jaqueta tem a função de controlar a materialização dessas lâminas, para que eu não desgaste muito minha essência.

ParaleloOnde histórias criam vida. Descubra agora