É duro ser Gostoso!

Ronivon em: É Duro ser Gostoso!

Ronivon era um garoto magrinho, de estatura mediana, moreno claro, cabelos lisos e escuros. Ele não era feio de chamar a atenção, mas também não era lindo de chamar a atenção, ou seja, Ronivon só chamava a atenção por causa do nome. Criado pela avó materna desde que nasceu ele não sabia de onde tinha vindo esse nome, só depois dos dezoito anos que ele descobriu que um cantor famoso do passado tinha um nome quase assim. Que horror!

Ronivon estava numa fase de hormônios agitados, louco pra dar uns pegas por aí, comer geral mesmo. Se declarava abertamente bissexual, não tinha receio de fazer isso, apesar de ser um pouco tímido, mas ao oposto do que imaginava, isso não ampliava as suas possibilidades, bem pelo contrário. As meninas que ele conhecia o viam como amiguinha, contavam suas aventuras com outros meninos e não queriam nem saber de dar pra ele. Já os meninos, os assumidinhos que ele conhecia também queria ser só amiguinhos, contavam que tinham pegado o fulano e o ciclano, que tinham marcado com não sei quem e ele, nada. Os valentões da escola não o maltratavam, nem olhavam para ele com desejo como ele lia nos contos eróticos da internet. Eram apenas colegas.

Ele estava cansado daquelas madrugadas solitárias em que era obrigado a se aliviar sozinho depois de assistir (com muita inveja) a galera trepando no xvideos. Sua maior fantasia era participar de um grupal, porém, se não conseguia nem um, como ia conseguir mais de um pra ficar?

Sem saber porque não pegava ninguém e ninguém queria pega-lo, Ronivon se pôs a pesquisar uma forma de se tornar irresistível para as pessoas. Ninguém sabia, mas ele tinha uma arma: era muito prendado na cozinha. Sabia fazer bolos deliciosos, chás afrodisíacos, cremes para a pele, perfumes caseiros e remédios para probleminhas simples na pele e na barriga.

Num mês em que a avó foi visitar suas tias lá no Norte ele pesquisou, planejou, testou e descobriu uma arma que o tornaria super desejado. Tratava-se de um feromônio com alto poder de atração, isolado a partir da flor da laranjeira, que ele modificou a estrutura molecular de forma que ele deixasse de atrair insetos e atraísse humanos gostosões.

Segundo suas expetativas, ao usar uma dose moderada desse feromônio juntamente com seu perfume de cheirinho suave ele atrairia todos os homens e até mesmo algumas mulheres de olfato mais sensível. Ao ser exposto ao poder desse composto químico, a pessoa sentiria atração imediata por quem estivesse usando. Era a arma fatal e Ronivon finalmente poderia sair daquela seca matar suas vontades.

Ele usaria só um pouquinho pra testar, na quarta-feira pela manhã mesmo (ele estava indo a uma entrevista de emprego), só pra ver se sentia alguma mudança nas pessoas ao seu redor. Depois, no sábado à noite é que ele iria se esbaldar, passar aos montes pelo corpo todo e testar todo o potencial daquela coisa.

Tomou um banho bem caprichado pela manhã, se arrumou bem, passou um pouquinho só do seu perfuminho batizado, pois precisava muito de conseguir aquele emprego. Leu novamente as instruções que recebeu em um cursinho sobre como se comportar numa entrevista de emprego. Distraidamente pegou uma maçã para comer enquanto lia.

Quando viu as horas ele tomou um susto: estava quase se atrasando. Correu ao banheiro para escovar os dentes, conferiu-se no espelho pra ver se estava tudo ok, cheirou os sovacos pra ver se não estava esquecendo o desodorante (às vezes ele esquecia) e como não sentiu cheiro de nada, concluiu que tinha esquecido de passar o perfume, distraído como era. Passou um pouquinho.

Pegou sua pasta de documentos, certificados e currículos, pôs embaixo do braço enquanto passava a chave na porta. Um vizinho gostoso do andar de cima deu uma secada nele naquele instante e ele sentiu-se arrepiar. Aquele monumento nunca tinha reparado nele. Se só com um pouquinho do remédio ele já tinha olhado, imagina quando Ronivon passasse mais! O bonitão ia sentir a pressão.