Poesia
E à poesia me rendo no meio de tanta obscuridade,
crio das cinzas o que nunca foi criado,
e no meio das palavras um conforto pouco aclamado.
E assim cresço
rodeada de solidão,
a escrever o que jamais será lido,
o que me vai na alma e coração,
num pequeno caderninho carregado de emoções.
Como um demónio que carrega almas,
aqui estou eu carregada de mágoas
em fevereiro varrendo as ruas abandonadas,
que procuro? inspiração
algo que só o fim da tarde gelado me poderia dar.
E nas frias ruas da memória encontro o meu lugar,
nascendo assim mais um poema,
de uma pessoa que jamais saberá amar.
Decadência
E no meio de composições,
observo a beleza da decadência,
a podridão das almas
e a perversa realidade,
a realidade de um mundo,
triste e sem coração,
que destroi quem das cinzas se ergue,
e eleva quem já tinha puder para tal.
Tempestade
Numa tempestade misteriosa,
surge a esperança,
milhares de desesperados marinheiros correm pela salvação.
Correndo em direçao à tempestade,
a multidão desvairada,
procura a última esperança na água gelada.
Ao longe ouve-se um choro,
ao lado o borbolhar,
da última respiração,
de um bravo guerreiro do mar.
O sentido
O sentido ficou encorralado
tentou fugir por algum lado.
Apanhado pelos fortes oponentes,
tentou que fosse libertado.
Morreu no mais triste sentimento,
como se o seu sentido fosse errado.
Vivo, arranjado ou partido?
Nem tudo se arranja,
nem tudo está partido,
assim como um coração bate
e nem por isso se está vivo.
Coração
Duma gota,
nasce a vida.
Duma lágrima,
morre o imortal.
O invencível é vencido,
enquanto morre o conquistador.
O coração foi levado,
transformado e remendado.
Voltou.
E o louco coração,
foi conquistado.
Sonho
Era uma vez o sonho,
que um dia foi sonhado,
no outro dia enfraquecido
e mais tarde foi levado.