Deixo-me deslizar pela porta da casa de banho com os dedos enfiados nos meus fios de cabelo. Já não consigo controlar-me mais e os soluços aparecem um atrás do outro cada vez mais fortes. A minha respiração tornou-se mais pesada com o passar do tempo, o meu peito parecia arrebentar a qualquer momento, a minha cara estava completamente lavada nas minhas próprias lágrimas que pareciam não ter fim.
As memórias dos anos passados continuavam na minha cabeça, mas por mais que tentasse abstrair-me deles era inútil.
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'' Então mamute, por onde pensas que vais? '' a voz encontrava-se ao pé da sala de onde ia ter a aula de ciências.
Ignorei e continuei o meu caminho.
'' Oh elefante, vai com calma. '' riram-se em uníssono. '' Woow o chão está a tremer. A mamute está a chegar '' e fingiram que o chão estava mesmo a tremer. Idiotas. Parvos. Sacanas.
Abaixo a minha cabeça e respiro fundo ao entrar na sala, sabia que nas aulas este ambiente piorava.
A professora estava a dar os diferentes tipos de rochas, eu não me interessava muito nesta disciplina mas admito que até esta matéria é das poucas que capta a minha atenção.
É então que sinto algo a bater-me à cabeça. O que é isto? Passo a minha mão pelo cabelo e não sinto nada. Outra e outra vez sinto cada vez mais algo a vir contra a mim, volto-me para trás e reparo que o chão estava cheio de pequenas bolas de papel e ao fundo estavam um monte de idiotas a rirem-se.
'' Cesto! ''
'' Épá alto fail! Não acertas-te! ''
Eram as mesmas vozes que exclamavam, não percebi na altura o que se estava a passar ou o porque de de vez em quando dizerem '' cesto'' mas não me importei, pelo menos estavam entretidos com alguma coisa sem ser eu.
'' Ignora Victória. '' Pensei para mim e respirei fundo mais uma vez. Toda esta situação estava a deixar-me nervosa e por consequente, enjoada.
'' Professora, posso ir à casa de banho? Estou um pouco mal-disposta... '' a professora dá a sua autorização e eu levanto-me.
Sinto as minhas costas ligeiramente mais pesadas mas ignoro por momentos.
'' Estás mal-disposta por causa da quantidade de açucar dos bolos que comes '' Se eu pudesse matava este Diogo. Ele é o gordo dali e eu é que fico com a ''fama''.
Ignoro novemente e abro a porta da sala. Como solavanco da abertura da porta, sinto e ouço um monte de bolinhas de papel a cairem diretas no chão e os risos de toda a turma.
'' Já não te sentes? '' Gritou um rapaz qualquer tambem a rir.
Ai percebi tudo, sacudo o meu capuche e de lá caem ainda mais bolinhas de papel.
Só eu sei a vergonha que passei, a dor que sentia por estar a ser gozada pela turma toda e a professora apenas olhava para mim sem expressão. O que mais me revoltou foi ela ter aberto a boca para dizer: '' Victória, já viste a porcaria que fizeste? Pede à funcionária uma vassoura e varre tudo. ''
Apetecia-me desaparecer. Eu sei que não devia chorar à frente deles mas a humilhação era demasiada que não aguentei e desabei ali mesmo. Saiu da sala a correr ainda com bolinhas no capuche e vou em direção à casa de banho. Foram 3 anos de puro tormento, tenho 12 anos e sofro destas humilhações desde os 10. Porquê?
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Quero gritar, gritar e gritar até os meus pulmões explodirem mas não posso, por isso mordo com força o meu braço e choro. Se há algo que já fiz em demasia nos meus 16 anos foi chorar.
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o nosso erro || l.t
Fanfiction''O Nosso Erro'' é uma fanfic diferente de todas aquelas que já foram escritas. Victória é uma adolescente de 16 anos que perde o seu pai quando tinha apenas 6 anos. Um dia, a sua mãe traz a notícia de que está numa relação e que ambos pretend...